Depois do choro vem a alegria

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Olho no espelho e não me reconheço, confeço que até de mim as vezes eu tenho. Meu choro se torna abafado, dói, dói muito, como dói. O espelho elevador reflete quem sou, não quero olhar pra mim, não quero me ver..
"Alguém me tira desse pesadelo, alguém me.. ajuda a sair disso, por favor".
-PORQUEEEEEEEEE... ( desabo no chão sem forças).
O elevador  me assusta ainda mais.. aqueles espelhos.. malditos espelhos
-Será que eu to pirando?
"Uma pessoa morreu em meus braços, morreu mesmo, ela estava.. morta."
A porta se abre e Sigg está me olhando completamente sem chão, literalmente eu estava sentada no chão descabelada, com riscos pretos do delineador e rímel.
Ele tenta me levanta mais eu não quero, dou uma porrada no botão do elevador, Para ir ao térreo, sem forças para digitar e trêmula ligo para minha Luz.. Adam.
Ele atende
-Me ajudaaa.. Adam
-Que que houve , que voz é essa? onde você tá?
- To no trabalho....
-Que trabalho? Não me contou isso
-Me ajuda...me ajuud...a
-Me diz onde? Onde posso encontra VOCÊ? o que fizeram contigo?
-Só vem ..e não de-mora...aa. por favor.
Aqui é a Foster.
Depois de dar o endereço direitinho me arrasto para sair do elevador, as pessoas estão aflitas, correndo para lá e para cá, todos devem saber o que houve.
Tudo está em câmera lenta pra mim.
"Quanta desgraça num único dia".
"Se não fosse comigo eu até estranharia".
Sigg me segue e eu peço para que ele me vá atrás do Eiri.. atrás de notícias.
-Sigg ME DEIXE EM PAZ. VAI ATRÁS DELE.. TRÁS ELE VIVO PRA MIM.
Seguro em seu paletó azul marinho e quando percebo estou no chão, chorando como se perdece minha mãe.
A chuva é de ventania, está trovejando muito, a calçada se iguala a rua, não sei mais quem é quem.
Ele me levanta mais uma vez contra minha vontade.
Ele me oferece carona, quer me levar para a casa do Eiri.
Eu faço que não com a cabeça, e só vou até a entrada.
-Senhorita kate.. não vá está chovendo muito é perigoso.
Eu Sinto as gotas geladas em meu rosto, minha roupa aos poucos se molha, o vento balança meus cabelos, e nela consigo chorar sem ressentimento, sem culpa..as gotas quentes e frias se misturam formando um rio de tristeza e solidão.
-EIIIIIIIREEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE. (grito aos quatro ventos).
E o sigg segura um guarda-chuva grande e preto mais não adianta .
Começo a socar o chão espalhando mais água, mesmo sem saber o que faço. A poça se forma e refleti meu rosto de derrota.
Minhas mãos vão a cabeça, a nuca, e meu coração se inflama..
Corro desesperada para aquele ponto alto que avisto. E quando estou prestes a desistir de mim, pela segunda vez..
Sinto as mãos de Adam me puxando para não ir, ele luta contra mim incansavelmente. Bato nele de todas as formas e ele me impede usando a força
-TENTA SE ACALMAAA POR FAVORRR ASSIM VOCÊ VAI MATAR NÓS DOIS, ISSO AQUI É ALTO DEMAIS, PENSA NA SUA FAMÍLIA.. EM MIM, NO EIRI.
Ele grita pois o som da chuva está absurdamente alto.
-Adammm.. eu sou um lixooo..
Ele ainda segura meus pulsos.
-Olha pra mim, olha pra mim, você é muito mais que isso.
-Nãooo todo mundo me o-deii-aaa.
-Não é verdade. Nós amamos você, essas crises  estão te testando pra ver se é fraca ou não. É coisa da sua cabeça, se ligar pra esses pensamentos.. eles vão te destuir.
A voz de Adam causa efeitos em mim, pequenos choques.  Olho pra ele sem saber qual passo dar primeiro e ele me abraça, tão forte que minhas costelas doem.
Retribuo, depois de 2 minutos boiando.
Ele leva para seu carro.
"Pois é ele tem um agora".
Amo seu jeito afetuoso, confortante, preocupado.
O abraço ainda no sinal vermelho, e ele solta o sinto para retribuir.
-Não vou te deixar  por nada maninha, você é minha irmã, minha filha, minha  companheira,minha vida..
-O que seria de... de mim sem VOCÊ Adammm..
Ele seca minhas lágrimas com a  borda de sua jaqueta jeans.
Ele me leva de volta pra casa.
Eu vejo a placa de Port Angeles.. de volta a meu lar verdadeiro.
Bato na porta e grito por minha mãe
-Ahhhh não, impossível, agora que você aparece, deveria ter... ( ela abre a porta, para de me dar sermão no momento em que olha meu estado deplorável).
-O que houve com você, onde esteve meu bebê?
Eu a agarro, para que ela pare de falar,  não quero ouvi-la, só preciso de seu  abraço .
Ela estende um copo com chá de gengibre, eu dou um meio sorriso " não sou chegada a chá". Pego  assim mesmo, queimando a mão, mas nem me importo.
"Já estou queimada por dentro".
Ela me ajuda no banho, pega roupas limpas dela mesmo, para que eu vista.
Fico no sofa olhando pro nada. E minha mãe coloca a mão na boca, sem acreditar no que vê
-Minha filha viro um zumbi.. ADAM ?
-Nem me pergunte. Encontrei ela assim já.
-Devemos chamar o Jordan? ( ela fala para Adam com os braços cruzados).
-Não! Deixa ela sozinha. ( Adam sugere, apoiado no balcão de mármore rodando o copo de chá).
O dia amanhece e Adam passa por mim e me vê na mesma posição. No sofá com perna de índio, olhando pro piso.
Ele se agaicha olha pra mim, faz um sinal com a mão.
-Ainda tá ai?
-Estou..u ( abro um sorriso vazio sem emoção).
Adam pega meu celular e liga para Eiri.
Ninguém atende.
Na terceira tentativa.. atende uma mulher.. é a a secretária dele.
-O que tá acontecendo?
E eu observo ele mudar de reação a cada meio segundo.
-Quem morreu? Noooooossa, putz que chato meu. ( ele diz com as mãos no cabelo ).
Minhas lágrimas voltam a cair..
-Onde tá a kate..
-A irina tá comigo...
-Ela presencio tudo.. foi nos braços dela, os funcionários me informaram.
Adam quase derruba o celular..
Ela continua..
-Como ela tá?
Ele olha pra mim com olhos de piedade e responde.
-Se recuperando..
Ele desliga com o tempo, e coloca o celular em meu colo.
-O enterro vai ser amanhã meio dia, maninha.
E eu viro a cara pra ele, assim Adam se afasta e me deixa só.. com meus pensamentos.
Me deito em posição fetal até o dia assumir seu posto.
Mesmo pensando que eu não iria... na última hora decido ir.
Adam como um bom e velho  companheiro me acompanha.
Minha mãe me beija na testa e ela chora ao ver meu estado.
-Força filha.. VOCÊ consegue.
Eu retribuo o sorriso, e a abraço.
Na entrada, já em Seattle.
O carro de Eiri está lá isso, me da esperança.
Eu entro deixando Adam pra trás. O observo de longe, de preto dos pés a cabeça,  de óculos escuros, naquele dia cinza e nublado... e minha reação é correr, pega-lo com força em meus braços, e não soltar nunca mais.
-Eiri... me perdoa.. eu não, não sabia. Ela era boa, ela me ajudou, ela acreditou em mim.
-Eu sei, Eu sei, se acalma.
-Eiriiiii me perdoa, eu to de deixando louco, mais é porque quero te ajuda.
-Irina não precisa se explica, não é culpa sua. Agradeço por tudo que fez.
-Eiriii não desiste de mim.. eu imploro.
-Dá onde você tiro isso?
-Me promete
-Irina..
-Por favor, eu me culpo tantooo..
Eiri enche os olhos de lágrimas,mas me vê naquele estado então se segura.
Adam olha pra Eiri, baixa a cabeça e todos fazem um minuto de silêncio.
Fico abraçada com ele sem me virar, sem coragem de ver o meu destino final na minha frente... o destino de todos nós.
A música que toca é " Titanium, Lirycs num tom melódico no piano".
Todos saem aos montes, voltam as suas vidas...
Eiri permance olhando para o túmulo numa última despedida.
Deixa uma rosa branca.
Ele me olha e vem em minha direção.
-Quero que fique com isso.
Ele pega delicadamente em minha mão e coloca o anel no dedo, um anel brilhante.
Meus olhos se encantam ao ver tamanha beleza.
Era o mesmo que vi em seu escritório.. da sua ex noiva.
-É seu. ( ele me encara de forma decisiva e afirmativa ).
Eu abro a boca e por pouco não entra moscas, ele a fecha pra mim.
E eu com muita vergonha e escondendo minha felicidade momentânea, mordo o lábio, olhando pra minha mão.
" nunca mais vou tirar".
Uma menina puxa a calça de Eiri, e ele se abaixa pra falar com ela.
Ela abre um sorriso fofo, de quebrar qualquer gelo.
Uma moça jovem também vem até nós.
-Eiri como tá seu coração? ( ela pergunta num tom amigável ).
-Ainda tá batendo.
Eu dou uma cutuvelada no estômago dele pela ignorância.
Ela da um sorriso sem graça mas sorri.
-Vamos comer hambúrgueres ( a criancinha puxa Eiri com mais força).
Eu sorrio para ela e a entrego uma florzinha branca.
Ela estranha mais me deixa colocar atrás de sua orelha e se vira pra eles perguntando se está bonita.
Eiri lança um olhar como quem diz " sus louca nem sabe quem é".
-Não vai me apresentar?
Olho em seus olhos confusos e tensos.
-Essa é Alexia Bordoá. Minha irmã por parte de pai..
-A empregada teve filha? ( falo em seu ouvido ).
-É ( ele responde neutro ).
E a gracinha aqui, quem é?(  Pergunto numa voz divertida e brincalhona).
A moça sem jeito, meio tímida responde..
-Essa aqui.. é a pequena Isadora.
-Hummmmm muito lindinha.
Ela abre um sorriso sapeca.
-Tem mais algo pra falar Eiri?
-Não.. ( seu rosto congela )
Ele olha pra irmã.. passa a língua nos lábios e com muita dificuldade se abre.
-Minha filha.
Ele baixa a cabeça fingindo que está procurando algo nos bolsos, para cortar o clima tenso.
-Eiri, tá tudo bem.. não to achando ruim.. essas coisas acontecem.
Ele da um sorriso sarcástico.
-Bom preciso ir.. vamos Isadora?
-Ué mais já ( gesticulo )
-Sim, temos hora certa para o voo, nos perdoe.
"Que educada, nem parece irmã".
A pequena dora agarra na perna de Eiri como um carrapato e chora pra não ir.
-Você não pode ficar, papai tem coisas a resolver.. ( responde Alexia na maior calma possível ).
-Porque trouxe uma CRIANÇA para um enterro Alexia?
-Não tinha com quem deixar, sou só eu cuidando dela, você nunca ligou.
-Tsc..
Ele dá o seu famoso ruído, mostrando estar puto.
-Eiri não seja duro
Olho pra ele, mas o mesmo me finta. Evitando contato.
Alexia pega na mão da menininha sem virar pra trás. Apenas segue em meio aos campos floridos.
Já a dora.. essa anda para frente, sem tirar os olhos de Eiri.
Dá até uma certa dó.
Cabisbaixa sigo Eiri até o carro, mas não vou com ele.
Adam pega em minha mão e me põe dentro do carro.
Nossos olhos se cruzam, e sua expressão é neutra.
No caminho penso em como seria legal ter uma filha.
E sorrio para a estrada enquanto Adam fica feliz em me ver feliz, no meio de tanta tristeza.
Lembro da expressão neutra de Eiri, como quem despreza tudo que a filha faz. " Em vez de ama-la, será.. que a odeia?
Pelo tamanho daquela boneca chuto que tenha uns 5 anos.
Loirinha, mais uma loira escura... lembrando até o castanho um pouco, de olhos verdes puxado pro mel, igual aos dele.
Já a irmã cabelos longos e pretos liso, com cachos nas pontas, bem escuros e olhos azuis, bem diferente dele.
Adam anuncia que chegamos.
E minha mãe está na porta, com o terço nas mãos, torcendo para que voltemos vivos.
Eu dou a testa para minha mãe beijar e assim ela faz.
Em momento de repouso coloco o pen drive no notebook de Adam " porque minhas coisas  estão no apartamento de Eiri ".
E vejo o que ela escrevia, é interessante.. analiso tudo com cautela, "então ela pensava nisso a 9 anos atrás"?
Corro com notebook pelas escadas.
"ADAM Adammmm.."
-Que? ( ele responde escovando os dentes ).
-Me leva pra casa do Eiri
Ele cospe o colinus e me olha estranhamente feio.
-Mal começo o dia e VOCÊ já ta na minha cola.
Ele olha no relógio.
-Agora é 8:30 da manhã da um tempo. ( ele diz no desânimo).
-Você é a única pessoa que posso contar.. minha carona ..meu tudo.
-Interesseira ( ele ergue a sombrancelha ).
-É importante.. eu que to sendo o braço direito dele agora.
-É então ele não ta bem mesmo.. que tristeza.
Enrolo um pedaço de jornal e bato nele.
-Ouuuuuu
-Me leva agora! Sairemos agora!
-Porque a animação, acabo de vir de um velório.. dá um tempo de luto pro cara.
-Temos uma empresa pra levantar.. e muitos ratos pra jogar ao mar.
Subo as escadas de volta me apressando em se trocar.

A Última vigaOnde histórias criam vida. Descubra agora