Capítulo 25

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Eu: Vai ficar tudo bem, Nicholas. - Forcei sorriso.

Nicholas:  Porque não me disse antes? - Suspirou lentamente me olhando.

Eu: Me desculpa, eu errei. - Minha garganta deu um nó, que eu fazia de tudo para não chorar. - Me perdoa Nicholas? - Falei com a voz falha.

Nicholas: Você gosta de outro? Tudo bem, não vou te julgar, mas você deixou eu te beijar.

Não!! Eu só estou com medo.

Eu: Nã... Não. - Eu queria abraçar ele nesse momento, só isso. - Eu só não quero te machucar. - Sussurrei com os olhos lacrimejando.

Nicholas: Machucar? Como, Amber? - Perguntou fitando meus olhos.

Eu: Meu passado me destruiu. - Respirei  lentamente, tentando não lembrar do que aconteceu. - Ele me impede de ser feliz, você não entende.

Nicholas: Que passado? - Ele se aproximou de mim.

Eu: Não posso contar, Nicholas. -  Eu não queria relembrar, mas não mesmo. - Eu... não consigo. - Me arrepiei por inteira, com medo.

Nicholas: Tudo bem, talvez não seja nada demais. - Se afastou de mim. Sua palavras estavam me machucando, estava na cara que quando ele estava com raiva, falava o que vinha na mente, sem se importar se iria machucar ou não.

Eu estava tão fraca, mas em pé, aguentando tudo.

Eu: Melhor eu ir embora. - Sussurrei e dei as costas para Nicholas, indo em direção a porta. Mas antes de segura a maçaneta, Nicholas resolve abrir a boca.

Nicholas: Com certeza esse drama todo, é por causa de alguma desilusão amorosa. - Aquilo doeu em mim. Ele não sabe de nada do meu passado, e não tem direito de dizer essa merda me insultando assim. Mas eu sabia que qualquer momento eu iria explodir.

Esse momento chegou.

As lágrimas começaram a cair, sem parar, que eu sentia tudo desmoronar dentro de mim, eu não conseguia me controlar, minhas mãos começaram a tremer.

Encostei minha cabeça na porta e respirei fundo, com aquelas lágrimas caindo sem parar.

Eu: Tudo bem Nicholas. - Sussurrei. - Tudo começou quando eu tinha nove anos. - Meu abdômen tremeu, por causa do choro, mas vou colocar tudo isso para fora. - Eu amava ir para a casa do meu tio, brincar com meu primo e comer o bolo de chocolate que a esposa dele fazia. Eles eram minha segunda família. - Fechei os olhos, as cenas se passavam em minha cabeça, uma coisa que nunca será apagado. - Até que um certo tempo, meu tio começou a passar a mão em minhas partes íntimas, dizendo que aquilo era certo. Eu era inocente, Nicholas. - Escuto passos dele vindo em minha direção, provelmente estava imaginando o que aconteceu.

Nicholas: Amber, você não precisa.... - interrompi ele.

Eu: Cala a boca, Nicholas. - Me virei olhando para seu rosto, ele estava surpreso. As lágrimas não paravam de cair, eu estava tão péssima. Suspirei lentamente. - Um dia. Maldito dia. - Cerrei o punho - minha mãe e a esposa do meu tio, saíram para comemorar o aniversário de uma amiga delas. Meu primo foi dormir na casa de seu melhor amigo. - Passei a mão no rosto, eu tentava impedir das lágrimas descerem, mas falhei. - Eu tive que ficar com meu tio, o meu único tio, que eu tanto gostava. Decidimos assistir Bob Esponja. Até que alguns minutos depois eu dormi no sofá. - Nicholas dá mais alguns passos em minha direção, com preocupação no seu olhar. - Agora você vai saber o motivo de eu me assustar quando você me pegou no colo enquanto eu dormia, não foi um sonho. - Avisei para o garoto que me olhava com os olhos marejados. - Eu acordei enquanto ele me colocava na cama do meu primo. "Conta uma história para mim, tio" pedi sorrindo, esperando que ele contasse uma história de contos de fadas, como a esposa dele contava para mim e meu primo, "vou fazer uma coisa melhor, princesa" - A voz dele surgiu na minha cabeça, minhas pernas ficaram tão fracas que não me ajudaram, e eu cair no chão, sentando. Nicholas vem até mim, tentando me ajudar, mas impedi. - O Pedro (tio dela) disse que seria bom eu tirar meu vestido, o vestido que era o meu preferido, rosa com um laço. "Não, tio. Não quero tirar meu vestido preferido" Eu disse, "O tio vai tirar a calça também, princesa" - Eu falei entre soluços olhando para o chão. - Eu não queria tirar meu vestido, mas ele disse que se eu não tirasse, iria matar minha mãe. Mas ele acabou tirando a força, eu pedia por favor chorando, para ele parar. "Vai ser rapidinho, linda." - Olhei para o Nicholas, e vejo uma lágrima cair em seu rosto. - Eu fui estuprada, Nicholas. Estuprada pelo meu próprio tio, sangue do meu sangue - Meu abdome tremeu que doeu, o choro me deixava muito fraca. Nicholas me puxa e me abraça. - Ele mexia com aquilo dentro de mim, ele mexia tão forte que doia tanto, eu senti tanta dor, que desmaiei e só acordei no hospital. - Falei ainda com Nicholas me abraçando. - Aquele mostro, foi preso uma semana depois, pois ele tinha fugido. - Entre soluços eu chorava. - Ele tirou minha inocência, tirou algo de mim, ele me destruiu, e ainda me atormentava nos meus pesadelos, eu quase entrei em depressão, me prevenir das pessoas, eu sentia medo, ainda sinto. - Afastei Nicholas de mim. - Ele estragou minha vida, roubou minha felicidade. -Falei passando a mão na bochecha. - Quando os anos se passaram, eu acabei namorando o melhor amigo do David, eu gostava tanto dele. - Lembrei de Victor. -  Mas eu sentia medo dele. Pensava que iria fazer o mesmo comigo, mas eu sabia que ele gostava de mim, eu sentia isso. Eu acabei magoando ele, David e ele brigaram, pois o Victor queria saber o porquê de eu sumir sem dar explicações, passou pela cabeça do David que ele teria feito algo comigo, e brigou com ele fisicamente. Victor ainda me insultou, dizendo que fui a pior garota da vida dele, que eu o machuquei, e quis brincar com seus sentimentos. - Falei passando a mão em meu rosto mais uma vez, para enxugar as lágrimas. - Essa é minha vida de merda, Nicholas. - Nicholas segura meu rosto me olhando nos olhos, algumas lágrimas ainda caíam de seus olhos.

Nicholas: Ei! - Me deu um selinho. - Eu estou aqui, vamos lutar juntos, Eu te amo, Amber. - Sussurrou, me dando arrepios. - Aquele mostro vai pagar por tudo que te fez.

Mas não, tudo pode parecer bem entre Nicholas e eu, mas depois vai acontecer tudo igual aconteceu comigo e Victor.

Eu: Não, Nicholas. - Me afastei dele e levantei. - Não podemos ficar juntos, sinto muito. - Tentei falar com confiança, ele me olha surpreso. - Eu... desculpa. - Sussurrei. - Olha pra mim, você não sente nojo de mim? - Ele levanta.

Nicholas: Amber como pode dizer isso? Claro que não, eu quero está ao seu lado sempre, nos piores e melhores momentos. Quero que você não se esconda, e sim quero conhecer a Amber que foi antes. - Ele segurou minhas mãos, mas puxo-as, meus olhos lacrimejam outra vez. - Amber, por favor, não diz que....

Eu: Desculpa, Nicholas. Não posso. - Abrir a porta antes dele dizer mais alguma coisa e sair, escuto ele chamar meu nome, mas preciso ir. Vejo Thomaz sentando no sofá, o mesmo levanta rápido, provelmente ele escutou tudo.

Thomaz: Amber. - Ele diz falho, mas abro a porta antes do mesmo falar. Quando atravesso aquela porta, as lágrimas me abraça completamente.

Minha única vontade era largar tudo e ir para um lugar bem longe e gritar até a garganta doer. Sumir. Ou que isso fosse só um pesadelo, que estivesse tudo bem.

Eu estava tão feliz. Eles me faziam tão bem, que eu esquecia de tudo que aconteceu comigo, mas aquilo não passou de um momento. É como se a vida me odiasse.

Te odeio tanto, Pedro!! Quero que pague tudo o que fez comigo.

Segui andando naquele corredor, acabo esbarrando em uma garota que nunca vi, peço um desculpa, e continuo andando até chegar na minha porta, abro a mesma, e vejo David sentando no chão, encostado no sofá mexendo no celular.

Eu: David. - Sussurro falhando a voz. Ele me olha e levanta rápido. - Por favor, me abrace. - Implorei, o mesmo vem até e me abraça sem dizer nada. - Eu contei tudo pró Nicholas, eu disse o meu passado para ele, David. - Falei entre soluços. - Ele gosta de mim. Mas eu não superei meu passado.

Minha mãe diz que quando superamos algo ruim, e quando contamos sem chorar, mas eu não superei.

O Nicholas foi a única pessoa que eu contei isso, pois quem contou para David e Emma, foi minha mãe. A história do meu passado, nunca saiu pela minha boca, agora só pra o Nicholas.

David: Chora meu amor. - Acariciou meus cabelos. - Derrama toda essa dor, uma hora ou outra, você iria contar isso para alguém...

Emma: Eu trouxe os... - escutei a voz da minha melhor amiga. - Amber!! - Sentir ela se ajuntar ao abraço. - Meu amor. - Sussurrou, ela não vai querer perguntar o que foi, e sim para o David, pois ela sabe que irei chorar mais ainda.

Se eu tivesse ido com minha mãe que me chamou aquele dia, isso não estaria acontecendo. Mas eu quis ficar com aquele monstro, pensando que ele era o melhor tio do mundo, que nunca me tocasse com segunda intenções. Eu estava completamente errada.

Ai gente, me de forças, não foi fácil escrever esse capítulo, meu coração está em pedaços.

"Ah, mas se a mulher se comportasse, não haveria estupros"
Amber era apenas uma crianças e passou pelo abuso sexual, mulheres devem ser respeitadas, usar o que quer, fazer o que quer sem medo.

Eu não queria amar você Onde histórias criam vida. Descubra agora