— Andou chorando? — ele pergunta me encarando preocupado, fico constrangida por ter seus olhos em mim por um tempo mais que o desejado.
— Não, andei com as pernas mesmo — respondo e Jones adentra minha casa com um sorriso no rosto.
— Você não mudou nada — ele comenta olhando em volta da minha casa. Sempre foi assim entre nos dois, nunca nós nos chamamos pelo nosso nome.
O por quê? Eu também não sei.
— Isso não é um elogio — digo enquanto fecho a porta de casa.
— Aonde está todo mundo? Cheguei muito cedo? — perguntou.
— Estão todos na sala — respondo e coro quando vejo que Jones ainda me encara — que merda você está fazendo?
— Você está muito linda — ele comenta — fica mais linda ainda corada — ele concluí dando uma gargalhada.
— Então para de me encarar — digo e começo a encarar o vaso da mamãe para me distrair.
Qual o problema Annie?! É só o Jones!
— É sério você está linda! — ele diz novamente — mas ainda parece ser a Mary de sempre.
— Algumas coisas não mudam, certo?
— É... eu acho que sim — ele responde com um certo brilho nos olhos, que por apenas um segundo, eu me prendi. Parecia querer dizer algo a mais.
Só percebi que estávamos nos encarando quando Connor percebeu a presença de Thomas e puxou o amigo para um abraço.
— Quando soube que viria não acreditei! — ele diz entusiasmado — você mudou muito, nem te reconheceria se andasse na rua.
— Talvez um pouco — Jones responde dado um sorriso de lado, me olhando de canto.
— Vamos! Quero ver se Noah te reconhece.
É assim, Jones foi puxado e lavado para longe me deixando só. Mas antes que eu o perdesse de vista, ele olhou para trás, para mim.
Suspirei alto, quando senti o cômodo vazio. Olhei para a porta em minha frente e resolvi sentar na minha calçada, para olhar o céu e ver se consigo alguma resposta. O vento forte bateu contra o meu corpo, mas dessa vez não me arrepiou.
Creio que não terei outra escolha e no final das contas, me casarei com o maldito. É muito difícil cuidar da minha mãe, tive que sair da escola para dar 100% de assistência para ela e sei que até Andrew conseguir o dinheiro para o tratamento, suas dores podem aumentar.
Já pensei em trabalhar, mas não tive muitas oportunidades e não tem como deixar minha mãe sozinha. Não vejo escapatória para isso.
Só percebi que estava chorando quando o vento soprou novamente, esfriando ainda mais as lágrimas em meu rosto.
— Annie? — Jones aparece, ele está atrás de mim mas parece que percebeu meu choro — aconteceu alguma coisa?
— Por que quer saber? Não pode me ajudar — respondo colocando meus olhos nos dele. Ele parece inquieto.
— Porque eu me importo com você Annie — ele respondeu e meu coração da uma pontada forte enquanto minhas bochechas esquentam — quer conversar sobre isso? — ele pergunta, hesitante.
— Não — respondo.
Pelo pouco tempo que passei ao lado de Jones foi o suficiente para entender que ele pega os problemas alheios para si, e eu não quero envolvê-lo nisso.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Era pra ser você
Teen FictionQualquer um em sã consciência não leria a minha história, afinal de contas isso não é um conto de fadas, é a desgraça da minha vida. Não só a minha mas a da minha mãe que está morrendo por causa do câncer, do meu pai alcoólatra que espanca a mim e m...