Capítulo 16

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"Amar é pensar primeiro na pessoa amada.
É renunciar a si mesmo
em prol da felicidade dela!..."
- Antonio Costta

05 de julho de 1960

Thomas:

Antes que o relógio batesse 00:30 me levanto da minha cama, pego a carta que escrevi assim que sai da casa da Sra. Mendes e abro a porta do meu quarto e como em toda noite, ela range. Ainda bem que o velho Anthony tem sono pesado. Desço as escadas e pulo o último degrau, sem fazer barulho. Abro a porta e começo a fazer o mesmo trajeto que estou acostumado a fazer para encontrar Annie. A única diferença é que hoje eu terei que andar mais um pouco.

Mas eu não ligo pro quanto eu tenho que andar se no final da caminhada, Annie estará esperando por mim.

Por falar nela, quebra o meu coração ver ela sofrer nas garras do pai e um ódio enorme por Andrew cresce dentro de mim a cada vez em que ela me conta o que ele fez ou já fez com ela. Me dói saber que eu não estava ali para protege-la, me dói saber disso tudo e não poder fazer nada para impedi-lo. Annie é a coisa mais preciosa que eu já pude ter, escutar seu choro, seu sofrimento através de lágrimas...despedaça minha alma inteira.

Se eu pudesse eu a protegeria de todo mal existente porque essa garota, não merece passar pelo que passa.

Ela é tão inocente! Só quer proteger o irmão e viver com sua mãe em paz, mas parece que o destino gostou da vida dela e começou a atormenta-la.

Esse foi uns dos motivos para eu ter escrito essa carta, para que minhas palavras - pelo menos alguma parte de mim, a ajude nos momentos ruins.

Pude notar que fico diferente quando estou perto de Annie, o diferente que digo é mais carinhoso. Não sou desse jeito com nenhuma outra pessoa que conheço, nem mesmo curtia muito todas essas coisas melosas.

Mas assim que notei que Annie gostava, não pude parar, isso a fazia se sentir bem não apenas comigo, mas com ela mesma. Aumentar sua autoestima e autoconfiança são coisas de severa importância para mim.

Ela nunca teve um porto seguro nos braços de alguém, alguém que olhasse em seus olhos segurasse em suas mãos e dissesse que estava tudo bem, que ela poderia chorar. Não antes de mim, sei como as coisas que digo são importante para ela e por mais que as vezes até eu mesmo paro e penso que é meloso demais, ela abre um sorriso enorme mostrando o quanto gostou.

Então não importa se sou carinhoso ou não, meu objetivo sempre foi fazê-la feliz.

Assim que piso no primeiro degrau da varanda da Sra. Mendes, Annie abre a porta e sorri assim que me vê. Apenas o seu sorriso é o suficiente para fazer todo o sangue em meu corpo esquentar.

Se essa garota soubesse o tamanho do poder que tem sobre mim...

Ela se senta no último degrau e bate de fraco no assoalho de madeira ao seu lado fazendo sinal para me sentar. Assim que feito, passo meu braço pelo seu ombro a puxando para mim e dou um beijo na sua cabeça enquanto ela encosta a mesma em meu ombro.

Eu conheço minha garota e sei que nesse momento, ela apenas quer ficar abraçada comigo pensando e ouvindo seus próprios pensamentos sobre o que aconteceu. Esse é o jeito dela de dizer, mas sem usar palavras que "está mal".

E eu a entendo, não deve ser fácil para ela se proteger e proteger o irmão de alguém que a única pessoa que consegue controla-lo não pode saber que ele é "um monstro", palavras da Annie.

- O que é isso? - ela pergunta, depois de algum tempo.

- Uma carta pra você - respondo.

Annie faz um movimento que iria tomar a carta da minha mão, mas a afasto do seu alcance e ela me olha confusa. Seus olhos estão brilhando enquanto ela me observa, e eu não posso deixar de notar o quão Annie é linda, o quão forte seu olhar é sobre mim que me faz paralisar e as vezes me deixar sem fala.

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