Acordo com um puxão forte no braço, olho para cima em total alerta e Andrew está me olhando de cara feia.
— Está atrasada — ele diz e pega novamente no eu braço, me fazendo levantar com tudo e me enroscar no meio da coberto, quase caindo, mas o aperto em meu braço e forte me impedido de cair.
— Atrasada pra que? — pergunto enquanto me ajeito, ele larga eu braço de coloca as mãos em sua cintura.
— Eu que tenho cinquenta anos e você que não se lembra das coisas? — ele pergunta e quando percebe que eu ainda não me liguei ele fala — os exames da sua mãe!
— Mas ela já fez o exame mensal — respondo.
— Aumentou — ele responde — duas ou três vezes ao mês, eu não lembro! Só a leve para o hospital.
Ele sai do meu quarto e bate a porta, respiro fundo. Odeio ir ao hospital, nenhuma das vezes que eu fui com minha mãe recebi uma notícia boa sobre ela e ainda ter que botar um sorriso no rosto e dizer "as mesmas coisas de sempre, você está bem para um câncer tão perigoso e eles prometeram que irão nos ligar assim que tiverem uma vaga para o tratamento começar!"
Nunca gostei de contar mentiras mas conforme o câncer da minha mãe foi ficando mais forte, comecei a mentir extremamente bem. Mas de qualquer jeito, temos que aproveitar que as consultas são gratuitas até o tratamento começar porque depois disso, ela será transferida para um hospital particular.
Jogo a água gelada em meu rosto querendo despertar, desejando que tudo fosse um sonho em que eu não tivesse que levá-la ao hospital. Mas era real, e já estava doendo antes mesmo de ouvir Dr. Phill começar a falar. Saio do banheiro e bato na porta da mamãe, Henry e Andrew já foram embora deixando-nos sozinhas.
— Está pronta? — pergunto enquanto encaro seu rosto pálido e inchado, Andrew já arrumou ela então só nos falta ir ao hospital.
— Estou — a ajudo se levantar da cama e partimos até o hospital, demoramos para chegar lá já que fomos à pé e mamãe teve que ir parando de andar de cinco em cinco minutos.
Assim que chegamos — o que pareceu durar mais de uma hora, colocaram minha mãe em uma cadeira de rodas enquanto eu fazia sua ficha e depois, aguardamos até ela ser chamada na sala do Dr. Phill para a consulta.
Havia três senhoras em nossa frente mas logo elas foram atendidas e quando foi a vez da minha mãe, Dr. Phill que guiou ela para dentro da sua sala, fechando a porta em seguida.
Ele nunca me deixou entrar e ver a consulta, sempre diz que lá não é lugar para uma criança e que eu nem devia acompanhar minha mãe nas consultas. Eu sei que ele diz isso porque sente pena de mim.
Volto a me sentar na cadeira da sala de espera, batendo o pé contra o azulejo branco do hospital. Faz muito frio aqui e tem cheiro de luva nova.
— Desculpe, você é a Annie, não é? — alguém me cutuca e eu olho para meu lado notando somente agora que Anthony, pai de Thomas, está sentado ao meu lado. Arregalo meus olhos ao vê-lo ali.
— S-senhor Jones, desculpe eu não o vi...— digo me indireitando na cadeira.
— Tudo bem — ele levanta a mão — Thomas fala muito de você.
Arregalo meus olhos enquanto volto a olha-lo, ele...sabe sobre mim?
— Ultimamente ele estava chorando demais por sua causa — ele continua — estava começando a não gostar de você.
— Ele...chorou por minha causa?
— Não faz idéia do quanto — ele revira os olhos — praticamente arrancava os próprios cabelos tentando diminuir a dor no peito.
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Era pra ser você
Fiksi RemajaQualquer um em sã consciência não leria a minha história, afinal de contas isso não é um conto de fadas, é a desgraça da minha vida. Não só a minha mas a da minha mãe que está morrendo por causa do câncer, do meu pai alcoólatra que espanca a mim e m...