Capítulo 15

66 3 3
                                    

— Ele é o garoto mais maravilhoso que eu já conheci — digo e o rosto dele vem à minha mente e um sorriso inevitável se abre em meu rosto — ele é incrível, sempre quer ajudar as pessoas à sua volta, se preocupa com todos. E o jeito que ele me trata é como se eu fosse a rainha dele — solto o ar de meus pulmões — sempre me diz o quanto eu sou linda e o quanto ele é apaixonado e sortudo por me ter. Ele é esperançoso e otimista, sempre acredita que tudo dará certo — dou um sorriso fraco.

— Mas... — ela faz um gesto para mim continuar.

— Mas eu não o mereço — sussurro.

— E por quê não?

— Você deve saber das condições da minha mãe, não é? — pergunto e ela acente então explico toda a situação para ela tudo mesmo até sobre a proposta de Connor, minha briga com Cassie, tudo! — Eu não sei o que fazer — digo assim que termino de explicar.

— Ele ganha bem trabalhando naquele restaurante? — ela pergunta e eu nego com a cabeça, Renata respira fundo e toca minha mão em cima da mesa com a sua — eu acho que você sabe sim o que fazer.

Inevitavelmente minha garganta tranca com o choro entalado.

— E-eu não quero desistir dele — digo enquanto a primeira lágrima desce.

— Eu sei que não quer querida — ela diz enquanto arrasta uma cadeira para se sentar ao meu lado. Ela me puxa para seu ombro fazendo carinho em meu braço, fecho meus olhos recebendo um carinho que até então, só Thomas fazia em mim.

— Eu o amo demais — sussurro em meios as lágrimas doídas — eu não quero me casar com Connor, eu quero ficar com Thomas — e mais descontroladas lágrimas descem, meu coração parece encolher dentro do peito em pensar deixar Jones para trás. Isso dói.

Fraca, sou tão fraca.

Disse a mim mesma que hoje eu não iria chorar e olha só para mim agora! Acho que deis de que minha mãe pegou o câncer não há um dia que eu não chorei ou fiquei extremamente chatiada. Não há um dia na qual eu não me sinta inútil, fraca ou merecedora de algo.

Sra. Mendes foi muito boa pra mim durante minha infância, todas as vezes que Andrew me batia e no meio disso eu acabava me ferindo muito, eu caminhava para cá, para ela me ajudar. Com muito custo à fiz me prometer que não contaria a ninguém. É bom saber que ainda posso contar com ela.

— Que marcas são essas em suas mãos? — ela pergunta depois de um tempo — e esse roxo em seu pulso?

— As cicatrizes são Andrew — digo enquanto observo minhas mãos, acho que tem cinco cicatrizes em cada uma — o roxo foi minha mãe hoje, na hora do ataque.

— Seu pai ainda te bate? — ela pergunta e eu acinto — me deixe ver suas costas.

Com um pouco de hesitação, viro de costas para ela permitindo que Renata abra o zíper do meu vestido para ver as cicatrizes.

— Tem muito mais do que na infância, não?

— Isso não é coisa que se brinque Annie — ela responde e fecha o vestido de volta — ele não te bate, ele te espanca.

— E eu não posso fazer nada — digo — quando Andrew quer bater ele arruma um motivo, a maioria das cicatrizes nas minhas costas são porque eu defendi meu irmão dele e claro, ele não gostou — dou uma pausa — ele já é forte normalmente, imagina quando eu começo a provoca-lo para tirar sua atenção de meu irmão e botar em mim.

— Isso é extremamente sério — ela diz — com o que ele fez tudo isso?

— Com vara, pratos, copos, cabos de vassouras, com a cinta, com a mão, me jogando no chão ou me fazendo rolar escada abaixo, com panelas as vezes...

Era pra ser você Onde histórias criam vida. Descubra agora