Capítulo 17

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Capítulo 17

Arthur

Desde que voltei a trabalhar na semana passada a correria voltou com tudo. Amo a minha profissão, adoro crianças e já levei até cantadas dizendo que sou "homem pra casar". Aproveito a pequena pausa para um cafezinho antes do próximo paciente chegar e pego uma mesa mais reservada aqui na lanchonete. O meu café juntamente com um pão de queijo é servido e vejo Débora vindo em direção a minha mesa, com um sorriso no rosto. Merda!

― Oi, Arthur. Quanto tempo! ― Fala me abraçando. Droga, pareço ouvir a voz de Hadassa me censurando e dizendo que vai me matar. Sorrio com o pensamento.

―Pois é, precisei me ausentar por um tempo. Sente-se, fique a vontade. Quer alguma coisa? ― Ela nega se sentando. ―Mas como pode ver, não sei viver sem essa correria. ― Dou um sorriso forçado.

―Acho que já estamos tão acostumados que já faz parte da gente. ― Concordo. ― Senti saudades de você. Ultimamente anda se esquecendo dos amigos! ― Fala de um jeito estranho. ― Nunca mais saiu para espairecer, beber algo e jogar conversa fora. Você é jovem, Arthur. Não precisa carregar o peso do mundo nas costas.

―Débora, você como todo mundo aqui sabe, Hadassa, minha namorada sofreu um acidente seriíssimo. Então eu meio que não estou com clima para sair e encher a cara. Prefiro ficar em casa com ela.

―Eu sei... Mas nós os seus amigos estamos aqui ok? Não só para os momentos bons, quando tudo está difícil é para eles que corremos. O Gabriel, por exemplo, outro dia falou que estava tentando ligar para você e marcar algo, mas foi dispensado sem meias palavras. Não precisa ficar tão na defensiva. Estamos do seu lado. ― Ela dá um leve aperto na minha mão.

―Obrigado, Débora. Mas prefiro ficar na minha. ― Retiro a minha mão da sua com cuidado e seguro a xícara de café. ― Sei que suas intenções são boas e agradeço, mas realmente prefiro ficar quieto no meu canto até que isso passe.

―Eu respeito a sua decisão mesmo não concordando. ― Suspira. ― Mas vamos falar de outras coisas. Sabe aquele senhor do leito 105? ― Confirmo. O paciente do 105 era um senhor de 83 aos que dava em cima de todas as enfermeiras que iam lá cuidar das necessidades dele, as tentativas sempre rendiam boas risadas. ― Entrei lá para trocar o cateter e ele disse: ―Bom dia, moça mais linda dessa clinica, estava ansioso para que você viesse trocar meu cateter de novo, quando eu sair daqui, me daria a honra de um encontro? Sabe... sou velho mais a pipa do vovô ainda sobe! ― Começamos a rir, o seu Vicente é mesmo uma figura. Como ele mesmo diz, 83 anos de puro vigor! Sempre que sai do quarto, assobia para uma mulher qualquer, solta cantadas do tipo "Dá uma passadinha lá no meu quarto, gata. É o 105!" Desconfio que ele só faz isso para aliviar a tensão do lugar e funciona todo mundo adora a alto estima dele.

―Ele é mesmo uma figura! As vezes fico imaginando, como deveria ser mulherengo quando mais novo. ― Falo sorrindo e a conversa gira em torno das nossas especulações da vida do seu Vicente. Meu horário terminou e nos despedimos.

Logo fui engolido pelas consultas e as horas se passaram lentamente.

Ao chegar em casa, tomei uma banho, e subi para ver Hadassa, ao entrar no quarto percebi que ela estava dormindo, quietinha deitada na cama. Entro devagar para não acordá-la, sento na cama e passo a mão afastando seus cabelos do rosto.

―Minha Hadassa... Eu te amo tanto! ― Sussurro. Desço a mão até suas têmporas e logo depois pelos seus lábios. ― Sinto falta das nossas briguinhas bobas e de calar sua boca com beijos. Mas eu sei, depois que tudo isso passar, você vai ver que era tudo tão simples. Eu queria que você conseguisse enxergar o futuro lindo que vejo para nós dois, que olhasse para mim e visse o quanto amor tenho para te dar... ― Uma das minhas lágrimas cai e molha seu rosto. Enquanto seco vejo os azuis mais límpidos e impressionantes que já vi na vida, me olharem hesitante.

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