X - ACERTOS

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No dia seguinte assim que cheguei ao hospital, busquei por Nayumi, passamos o dia inteiro entre cirurgias e não trocamos uma palavra, não toleraria mais aquela situação, fui paciente até onde consegui, porém assim que tivemos um tempo livre eu a chamei para conversar, a levei até a escada de incêndio que quase sempre estava vazia, antes que ela podesse falar qualquer coisa, a pressionei contra a parece usando meu corpo, ela finalmente me olhou nos olhos, eu sabia que ela estava furiosa comigo, sua expressão dizia isso, mas quase não conseguia disfarçar a vontade pela minha boca, a inquietação por estar com o corpo colado no meu, eu queria contar tudo a ela, mas naquele momento estava com tanta saudade do seu cheiro, seu beijo, nos olhamos por alguns segundos e eu não aguentei, o desejo tomou conta do meu corpo, então em um impulso tentei beija-la, porém para minha surpresa ela virou o rosto.

- Você pensa que pode me ignorar e depois me ter a hora que quiser? - sussurrou ela em uma pergunta.
- Me desculpe, eu só precisava processar tudo isso, sei que deveria ter te explicado, mas nunca estive em uma situação assim, eu quase entrei em pânico, você pode me perdoar? - respondi com outra pergunta.
- Você não sabe o quanto eu estou tendo que ser forte aqui Helena, não pode simplesmente decidir me ignorar de um dia para o outro, você não sabe como isso fez eu me sentir. - respondeu ela e me olhou firmemente.
- Me perdoe por isso, não vai voltar a acontecer. - disse enquanto retribuía o olhar.
- E que garantia eu tenho que você não vai surtar de novo? - perguntou ela ainda me encarando.
- A garantia que eu aceitei o pedido da sua mãe. - respondi.
- Isso é sério Helena? - perguntou ela, já com outra expressão, dessa vez menos séria.
- Sim, eu começo hoje a noite, esperava que me desse uma carona. - respondi e deixei escapar um leve sorriso.
Ela também sorriu e então perguntei: - você pode me beijar agora? Porque eu não estou mais aguentando.

Finalmente nos beijamos, nossa eu esperava tanto por aquele momento, exceto por ter que me contentar só com aquilo por enquanto, eu sempre fui muito tranquila com relação a sexo, não lembro de ter passado por uma necessidade extrema que precisasse suprir em um momento imediato ou como Bianca diz "Subindo pelas paredes", mas com Nayumi era diferente, eu a queria tanto, sentia meu corpo aquecer simultâneamente quanto estava perto dela, mas precisava ser paciente, tudo no seu tempo e por Nayumi valia a pena esperar, tentava aproveitar cada segundo que tinhamos juntas, mesmo que pra isso eu precisasse de muito alto controle, voltamos ao trabalho com outro clima, mais descontraído e leve, acho que Kazumi percebeu, porém não falou nada a respeito, como combinado, no final do plantão, Nayumi me deu uma carona até o Guadalupe, estávamos bem confortáveis uma com a outra, ela me deixou escolher as músicas que iriam tocar no percurso, disse que queria conhecer um pouco mais sobre mim e nada melhor do que começar com o gosto musical.

- Eu sou bem diversificada com isso, não tenho um estilo favorito, acho que depende do meu humor ou da situação. - expliquei.
- E qual música essa situação pede? - perguntou ela.
- Não posso me referir a essa exata situação, mas posso te mostrar a música que eu ando escutando direto. - respondi um pouco receosa.
- Não tem problema, eu quero ouvir o que você pensa. - disse ela e me beijou enquanto o sinal estava fechado.

Então ainda com um pouco de medo de ser julgada, coloquei a música "Buzz Lightyear - Choice & Azzy".
Assim que a música começou a tocar ela ficou em silêncio até o final, em algumas partes pude perceber alguns poucos sorrisos leves.

- Você está apaixonada mesmo em Helena. - disse ela depois começou a sorri.
- Não é isso, é que eu gosto da música só isso. - respondi tentando justificar a escolha.
- Eu nunca tinha ouvido, isso é um rap, não é? - perguntou ela e franziu um pouco a face.
- Sim, eu gosto muito de rap, dependendo da canção a gente sente que vem do coração sabe e reflete bastante o que realmente acontece. - respondi tentando mostrar minha visão.
- Bom, eu sempre achei que rap fosse um estilo músical pesado sabe, porque o pouco contato que eu tive com esse gênero foi só ouvindo músicas que se referiam a roubos, assassinatos ou drogas, então nunca me interessei, mas é bom saber que existe romantismo também, que pelo que eu percebi nem chega a ser vulgar como funk. - disse ela, atenta ao trânsito.
- Sim, tem grupos de rap que são muito bons de escutar, eu adoro rap, mas tem muita gente que tem a mesma visão que você. - respondi.
- A música sempre esteve muito presente na minha vida, meus pais me fizeram aprender a tocar violino, piano, violão, flauta, eu gostava bastante, mas algumas vezes eu só queria que eles sentissem orgulho de mim. - comentou ela enquanto já estavamos entrando no estacionamento do Guadalupe.

Saímos do carro e caminhamos até os consultórios, falamos sobre a infância dela, a música e cada vez mais eu me encantava por ela, aquela noite foi longa, alguns pacientes impacientes, uma parada cardíaca, o plantão estava pegando fogo, no caso só ele mesmo, na hora do descanso fomos até os dormitórios, estávamos tão cansadas, dormimos juntas na mesma cama, abraçadas e somente isso, mas foi muito bom, quase perdemos a hora, no dia seguinte Nayumi me deixou em casa, finalmente tínhamos uma folga da residência, porém muita coisa pra estudar e muito sono pra recuperar, ainda no carro ela disse.

- Helena eu posso passar aqui mais tarde pra te levar pra sair? - perguntou.
- Claro, eu só preciso dormir um pouco, eu mando mensagem pra você. - respondi.
- Podemos sair pra jantar, quero ter um pouco mais de tempo com você, sem toda essa loucura de hospital. - disse ela.
- Sim, eu concordo plenamente, agora volte pra casa, eu não quero que durma no volante, assim que chegar me avise, pra eu saber que chegou bem. - respondi a ela.
- Nossa, foi tão ruim assim dormir comigo, já está me expulsando? - perguntou ela depois começou a rir.
- Para, você sabe muito bem que não é isso. - respondi depois a beijei.

Sai do carro e entrei em casa, mal podia esperar para contar a novidade a minha avó, eu tinha conseguido um emprego e estava com uma mulher maravilhosa por quem estava apaixonada, era muitas coisa pra processar, mas eu precisava descansar, então dei um beijo em minha avó que estava tomando café e fui dormir as 07:40 da manhã.

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A conquista proibida (Romance Lésbico).Onde histórias criam vida. Descubra agora