V - UM DIA VERDADEIRO

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Mais tarde naquela noite, após Kazumi me deixar em casa, me dirigi direto para o quanto e comecei a refletir sobre os prós e contras de atender ao seu pedido, o lado bom é que eu poderia passar muito mais tempo perto de Nayumi, teria uma vaga fixa, começaria a ganhar mais dinheiro, além de agradar a minha supervisora, mas para issi eu estaria de certa forma traindo a confiança de Nayumi, fora que desenvolvi um carinho e desejo muito grande por ela, não poderia de forma alguma fazer esse tipo de coisa, minha cabeça borbulhava com pensamentos quando ouço minha avó entra pela porta e dizer.

- Lembrou que tem casa filha? - Perguntou minha avó me olhando quase desfalecer na cama.
- Ah vó, por favor, eu estou muito cansada, a senhora bem que  podia vir aqui e me dar carinho né? - perguntei a ela com uma voz manhosa.
- Eu posso até fazer, mas você vai ter que trocar de roupa primeiro, a quantos dias você está com essa mesma roupa Helena? Jesus e ainda chega em casa e se joga direto na cama, que tipo de médica é você? - Perguntou em uma sequência de frases, chegando ao ponto de eu nem lembrar direito o que ela falou depois.

Até desistir de explicar a ela que passei a maior parte do tempo com as roupas privativas, mas isso não importava, porque ela me fez tomar outro banho e me passou álcool, exagero? Não sei, mas se questionasse seria pior.

- Seu primo Marcos nos convidou para o aniversário dele no domingo, vai ser um almoço, não deixa eu me esquecer do presente dele. - Disse ela olhando minha face de acabada.
- Tudo bem vó, eu só não vou poder ir com vocês direto aqui de casa, preciso ir a igreja, depois que acabar lá eu prometo que vou direto. - Respondi um pouco sem jeito por lembrar do compromisso que havia marcado com Nayumi.
- Igreja, Helena o que está acontecendo com você? Você evita ir a igreja que nem o diabo foge da cruz, quando criança eu precisava te comprar com um sorvete para você poder ir e agora me diz que vai de livre e espontânea vontade, me fala logo quem é o rabo de saia que você está atrás? - perguntou ela, muito desconfiada de minha atitude.
- Não... Não é nada disso vó, é uma coisa de lá do hospital que preciso participar, não tem nada haver com isso. - Tentei me explicar, porém mais gaguejava.
- Sei, pois bem, então faça o que precisa, amanhã conversamos melhor, vai ter o dia inteiro pra me contar essa história, já que não vai ter trabalho. - Disse ela e logo após saiu pela porta.

Não lembrava até aquele momento mas naquela quinta-feira era feriado de alguma coisa, lembranças vieram a minha cabeça, de como minha avó havia descoberto que eu gostava de meninas quando eu tinha 16 anos e antes disso eram só amigas que eu trazia para dormir em casa, ela não questionava minhas escolhas, quanto a minha orientação sexual, só me dizia para ter cuidado, pois nem todas as pessoas viam aquilo como uma coisa normal.
No meio de tantos pensamentos e lembranças acabei adormecendo, acordei por volta de 09:00 horas da manhã no dia seguinte, com meus irmãos escutando MC Don Juan - Amar, amei. Era só o que me faltava, eles cantando e jogando Resident Evil 7.

- Maninha teu celular estava tocando. - Disse Arthur, enquanto não tirava os olhos daquele jogo assustador.

Ainda um pouco zonza peguei o celular que estava na mesinha ao lado da minha cama, era um número desconhecido, não tinha em meus contatos, a ligação era de 07:09 da manhã, pausei a música e liguei para o número de volta, chamou uma, duas, três, na quarta vez a pessoa atendeu.

- Oi... Helena. - Disse a pessoa do outro lado da linha, com a voz um pouco tímida e sem jeito.
A voz era de Nayumi, meu coração acelerou, eu não sabia o que dizer, será que ela queria falar sobre o que aconteceu no dia anterior? Será que eu digo a ela o que conversei com sua mãe? Eram tantas perguntas.
- Bom dia Dra. Kimura, nem se despediu ontem. - Respondi com um tom de brincadeira.
Senti a linha ficar muda por alguns segundos, quando finalmente ela se pronunciou.
- Desculpe por ligar tão cedo, como estamos de folga hoje, pensei em convidar você para sair, sei lá, assistir um filme talvez, ando muito estressada ultimamente e eu gosto da sua companhia. - Sua voz quase não saia, parecia estar nervosa.
Anda estressada é? pensei em um tom malicioso.
- Pode ser sim, onde posso encontrar você e que horas? - perguntei aceitando o convite sem pensar duas vezes.
- Eu vou buscar você, vou ver uma seção e lhe aviso, me manda seu endereço, passo na sua casa por volta das 18:00.
- Tá bom, vou aguardar, até mais tarde! - Respondi com o sorriso bobo.
- Até mais tarde. - Disse ela e logo depois desligou o celular.

A conquista proibida (Romance Lésbico).Onde histórias criam vida. Descubra agora