Desavenças e descobertas

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Kiba vem em minha direção; contudo, ao notar Naruto ele parece travar também. Eles se conhecem?

Enquanto isso, o galego levanta de supetão e para de frente para Kiba, que já nos alcançou.

— Kiba.

— Naruto. - eles falam o nome um do outro, no maior estilo faroeste.

Só faltou sacar as armas e anunciar o duelo. Epa, tem um lance acontecendo aqui.

— Vocês se conhecem? - finalmente resolvo me pronunciar em meio a dois homens gigantes.

— Sim. - o loiro afirma e sua voz sai áspera e cortante.

— Então me pouparão as apresentações. - digo, por fim.

Recebendo um olhar afiado de Naruto.

— Essa é sua companhia? - ele desdenha, encarando Kiba.

Que permanece com o semblante impassível; agora, no entanto, Naruto também voltou à expressão neutra que costuma ter. O negócio aqui está mais para guerra fria, do que qualquer outra coisa. Só quero saber quem irá atacar primeiro.

— Sou eu sim. - Kiba resolve intervir.

Naruto só o ignora.

— Hina, eu queria continuar conversando contigo, agora ainda mais. - o galego diz, olhando-me nos olhos. - Mas fica para outra hora.

Eu assinto e vejo Naruto ir embora, parecendo muito a contragosto.

— Oi. - Kiba me dá um beijo na bochecha. - Não pensei que encontraria Naruto aqui, vocês se conhecem há muito tempo? - seu timbre soa casual, porém eu sinto a rixa dos dois de longe.

— Não muito. - confesso. - Senta.

— Ah! - Kiba ajeita-se na cadeira que anteriormente foi ocupada por Naruto.

— Bom, pelo visto vocês se conhecem bastante, não? - tento descobrir alguma coisa.

— Pode se dizer que sim. - ele sorri de canto.

Certo, bem bonito mesmo, viu.

— Hmm quer pedir algo? - mudo de assunto, tentando não parecer muito curiosa, mas a verdade é que estou me mordendo por dentro.

— Acho que sim.

No instante seguinte, uma atendente vêm até nós e anota nossos pedidos.

Então, abordamos assuntos mais amenos, eu não quero pressioná-lo sobre o fato de Kiba conhecer Naruto. Apesar de estar louca para saber toda a história.

Até que, por sorte ou qualquer outra coisa que rege nossa vida. Kiba toca no assunto.

— Você e Naruto tiveram algo?

Eu quase cuspo o meu café pela pergunta; só que consigo me conter, respondendo normalmente em seguida:

— Não, nos conhecemos por acaso.

— Ah. - novamente essa palavra, argh.

Seja mais prolixo.

— E você, o conhece da onde? - tento usar uma tática mais direta para descobrir o que eu quero.

— É uma longa história. - Kiba suspira e toma um gole do seu café. - Se estiver disposta a ouvir.

— Estou.

Droga, deveria ser mais sutil. Enfim.

Kiba sorri e começa:

— Naruto e eu crescemos juntos como irmãos, meus pais trabalhavam para o falecido senhor Minato há vários anos. - ele faz uma pausa, como se buscasse na memória suas lembranças. - O pai de Naruto gostava muito de mim, me via como um filho praticamente, tanto que deixou ações na sua empresa e até uma quantia em dinheiro, para bancar meus estudos. - eu fico ouvindo tudo atentamente. - Eu, Naruto e Karin tínhamos uma relação de irmãos mesmo. Só que, com o tempo, Minato passou a me paparicar muito e Karin meio que dava a entender, que gostava mais de mim do que do próprio irmão. O que levou Naruto a ficar enciumado.

— Karin é a irmã dele? - interrompo o relato por um breve momento.

— Isso mesmo, presumi que já soubesse. - eu faço que não com a cabeça. - Ela é bem mais nova que Naruto e ele sempre a amou muito. - eu assinto. - Bom, não sei se sabe, mas os pais de Naruto faleceram muito novos, Karin era adolescente ainda e Naruto devia ter uns dezoito anos na época. Foi um baque para todos, eu o via como um segundo pai.

— Entendo. - me ouço dizer, só para encorajá-lo a continuar falando.

Imagino a barra que deve ter sido para Naruto perder os pais tão novos, eu perdi minha mãe e já sinto um vazio enorme. Que dirá os dois. Agora até entendo a crise que ele teve há algumas semanas.

— Então... - Kiba chama minha atenção e eu esqueço meus devaneios. - Quando chegou a hora de ler o testamento, Naruto se apegou ao ciúmes que sentia de mim e acabou negando minha parte na herança. Além de não permitir que eu usufruísse das ações que o senhor Minato me deixou, na empresa que ele trabalha hoje.

— Santo Deus! - eu levo a mão à boca, completamente estarrecida.

— Eu não quero falar mal dele, nem nada. Só estou contando porque é você, sei lá. Sinto uma ligação entre nós. - Kiba sorri amistoso. - Eu não guardo mágoa de Naruto, por muito tempo fomos irmãos. Entretanto, como deve ter percebido, ele não gosta muito de mim.

— Tudo isso por ciúmes? - mal posso acreditar.

— Eu acho que sim, não teria outro motivo plausível. - Kiba dá de ombros.

— E o que você fez?

— Bem, eu tive bastante dificuldade para entrar em uma faculdade, meus pais adoeceram e eu precisei cuidar deles. Portanto, acabei deixando os estudos para segundo plano.

— Nossa, as ações te ajudariam muito nesse caso, não? Naruto não te ajudou? - questiono querendo saber mais.

— Ajudariam bastante, já que eles faleceram por falta de cuidados melhores. - Kiba suspira pesaroso. - Sabe como é, hospital público é bem precário. Sobre o outro tópico, bem, Naruto sabia da situação de ambos e nunca se prontificou a ajudar nas despesas de um hospital mais adequado.

— Senhor! - minha voz sai apenas um chiado.

Eu não tenho palavras para descrever o ranço que estou sentindo por Naruto ao final de tal confissão. É um sentimento inexplicável, é uma agonia no peito que toma conta do meu ser e sobe até a garganta. Esse homem é pavoroso!

— Agora deixa pra lá essa história, já passou. Eu não guardo rancor; aliás, ainda o vejo como um irmão. - concluí em um tom de voz mais suave e despreocupado.

— Isso é muito nobre de sua parte. - afirmo com sinceridade.

Kiba sorri mais uma vez e eu já me sinto toda derretida.

Sabia que minha antipatia por Naruto não era 0800, como Sakura alegava. Eu sentia bem aqui dentro que havia algo bem podre por baixo daquela máscara de superioridade.

Enfim, que bom que não me deixei envolver. Obrigada, Shion. Te devo uma!

Depois disso, Kiba e eu deixamos o oxigenado pra lá e passamos a conversar sobre nós. Eu descubro, por sinal, que ele é bem melhor do que eu pensava. É divertido, sensato, extrovertido e bonito.

E eu, obviamente, me empolguei mais do que gostaria, confesso. Tudo bem, não é? Sakura sempre me diz que preciso dar uma chance a alguém e tudo o mais. Minha hora chegou.

Por consequência, gosto tanto da companhia de Kiba, que até esqueço as horas. Eu preciso ir embora, resolver as questões da minha viagem e contar tudo o que descobri à Sakura, óbvio.

Claro, não sem antes dar uns beijinhos em Kiba e marcar outro encontro, talvez em um lugar melhor. Agora que eu o conheço um por cento à mais.

Por falar nisso, no caminho para casa, eu não consigo deixar de pensar em tudo o que descobri. Realmente, por mais que não goste muito de Naruto, nunca imaginei que ele fosse capaz de tamanha crueldade! Eu estou com o estômago embrulhado só de me lembrar da conversa com Kiba.

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