Por que Naruto brinca com meus sentimentos dessa forma? Como se achasse graça ou se divertisse em me fazer de otária? Se ele ainda está com Shion, por que insiste em dizer-me que quer uma terceira chance? Naruto é sádico ou o que?
Argh!
E por que isso me afeta tanto? Se eu juro de pé junto ser indiferente às suas investidas? Será que lá no fundo eu sinto algo por ele? Não, claro que não. Isso é impossível. Eu não o suporto, apesar de considerá-lo um gostoso de uma figa. Seria tudo mais fácil se ele fosse como a descrição que fiz à Hanabi. Mas não, o bendito tem que ser um deus grego, ou nórdico, vai saber. Naruto daria um belo Thor, preciso admitir.
Girando na cama, de um lado para o outro sem conseguir dormir, ouço barulho na fechadura e imagino ser o pessoal. Já está tarde, vou ficar quietinha, pois não quero ter de falar pela décima vez a Neji, que não me sentia bem, por isso vim embora. Se bem que, a verdade mesmo, era que eu não aguentava mais ver minha família sendo exposta ao ridículo, servindo de chacota para os ilustres convidados de Kakashi. Eles são uma figura, eu sei. Entretanto, são tudo o que tenho; portanto, não gosto de vê-los sendo humilhados assim, pior, sem nem se derem conta disso. Visto que Hanabi e meu pai continuaram dando show, Hanabi bebeu contra minha vontade, começou a dançar sozinha. Enquanto meu pai só dizia que ela estava se divertindo e continuava a matracar sobre meu futuro possível casamento com Naruto. Sorte que Naruto nem tocou no assunto da minha família comigo. Senão o caldo iria entornar.
— Hinata. - ouço meu pai chamar. - e cubro a cabeça, fingindo dormir. - ela está dormindo, tadinha. - ele se afasta. Mas ainda ouço sua voz. - Tenten, pode dar um banho em Hanabi? Acho que ela não está muito bem.
Não creio, essa fedelha continuou a encher a cara, mesmo sendo menor de idade, na casa de estranhos ainda? Sangue de Jesus!
Levanto-me num ímpeto e saio porta à fora, decidida a passar um sermão em meu pai e Hanabi. Porém, vendo-a de perto, minha irmã não está em condições de ouvir nada hoje. Aliás, não acredito no que meus olhos veem. Hana está vermelha, de olhos fechados e parece dormir. Já Neji e os outros, olham-na preocupados.
— Vocês são uns irresponsáveis! - eu grito, pouco me lixando se pareço uma doida desvairada. - Vocês têm noção disso? Papai, o senhor não impõe limites à Hanabi, essa menina cresce desenfreada, como permitiu que bebesse desse jeito? Eu não sou a mãe dela, mas o senhor é o pai! - dito isso, eu a pego, sem saber de onde tirei a força hercúlea para levá-la ao banheiro, e a enfio embaixo do chuveiro.
Ouvindo diversos murmúrios de contrariedade, eu apenas ignoro todos.
— Você vai tomar esse banho, mocinha. - falo como se ela pudesse me ouvir.
E assim termina minha noite.
(...)
Na manhã seguinte, no entanto, papai decidiu ir embora com Hanabi, alegou que teria uma conversa séria com ela referente a limites. Eu apenas assenti e pedi desculpas por ter me exaltado, o que ele prontamente aceitou. Alegando que eu estava coberta de razão; porquanto, assim nos despedimos. Já Hanabi foi embora sem olhar na minha cara, dizendo que eu estraguei sua felicidade, já que, claramente ainda não queria ir. Não sem tirar uma casquinha de Sai, porque, como ela mesmo reconheceu, Naruto estava fora de cogitação.
Porém, o que podia piorar, sem dúvidas piorou, já que recebo, ao final da tarde, uma ligação que jamais imaginaria receber na vida.
— Alô. - atendo um pouco arisca.
—Hinata? - uma voz melodiosa e feminina soa do outro lado da linha.
— Quem fala? - eu exijo saber.
— Shion.
Silêncio.
— O que quer? - sou direta.
— Quero pedir para deixar meu Naruto em paz!
— Seu Naruto? - retruco, quase desligando o celular na cara dela.
— Isso mesmo, estamos juntos e apaixonados, mas sei que você vive arrastando uma asa para o lado dele, piriguete. - ela me xinga e continua. - Tudo isso é pelo empreguinho na redação? Supera, gata. Eu ganhei, você perdeu.
— Cala a sua boca, siliconada! - quando faço menção de desligar, já sentindo o coração palpitar de ódio, recebo uma facada bem maior no peito.
— Só saiba que Naruto não gosta de você, também não quer ter nenhum dos seus amigos envolvidos com você ou suas amigas. Como é que ela se chama? Sakura? - ela faz uma pausa significativa. - Bem, Naruto me contou que separou Sasuke dela, porque Sakura não é digna de confiança, assim como você.
Eu fico muda na linha, sentindo o veneno de Shion atingir-me imediatamente.
— O que? - minha voz não passa de um chiado.
—Isso mesmo que ouviu, Naruto me confidenciou, que não quer nem ele nem Sasuke vinculado ou misturado com gente da sua laia. Agora se manca e larga o pé do meu namorado, ouviu bem?
— Faça bom proveito, vocês se merecem. - e com isso eu encerro a ligação.
Depois de tal acontecimento minha viagem acaba, me enfio no quarto o resto da tarde, dizendo que estou com uma tremenda dor de cabeça. Tenten aparece para me pedir desculpas por não vigiar Hanabi, eu peço perdão a ela por ter gritado, já que meus primos não têm culpa por meu pai ser relapso, e nos abraçamos. Tenten percebe que algo aconteceu, mas não me força a dizer. Eu só explico que não posso comparecer ao jantar hoje, pois não estou nada bem e ela promete avisar Neji. Assim sendo, a tarde logo vai embora, dando lugar à noite.
Neji, por mais que quisesse obrigar-me a ir, resignou-se quando a esposa, que consegue ser bastante persuasiva quando quer. Garantiu que era melhor deixar-me em casa.
Portanto, cá estou eu, tentando ler um livro sem sucesso, falei com Sakura, que informou-me não ter visto Sasuke ainda. O que eu estranhei, contei a Naruto que ambos estão na mesma cidade, crendo que ele abriria a boca e relataria ao amigo, este, por sinal, correria atrás da minha amiga. Disposto a recuperar o tempo perdido. Pelo menos antes de saber mais um podre daquele loiro oxigenado, imaginei que Naruto daria uma de cupido. Agora acabou realmente qualquer trégua, civilidade e vínculo existente entre nós. Porque tudo indica que Shion falou a verdade. De início, eu me recusei a acreditar, pensei que Naruto não desceria tão baixo. Acho que me enganei, ele não vale o prato que come.
Absorta em meus próprios pensamentos, quase não ouço a batida na porta. Mas quem será? Se meus primos saíram e papai e Hanabi já se foram? Levanto-me mesmo contra a vontade e vou abri-la, dando de cara com um Naruto bastante aflito, que já logo entra na sala. Sem se quer ser convidado.
— O que faz aqui? Não escondo a acidez em minha voz.
— Seu primo relatou que não estava sentindo-se bem, por isso não compareceu ao jantar. Eu vim assim que soube, precisava saber como está. - responde parecendo verdadeiramente angustiado.
— Eu estou bem, não precisa se preocupar. - faço um esforço gigantesco para não soltar os cachorros em cima dele.
— Como não vou me preocupar, Hinata?
— Por que se importa comigo, Naruto? - rebato sem respondê-lo.
— Porque em vão venho lutando comigo mesmo e não posso mais me enganar. O tempo que eu passei longe de você foi quase uma tortura pra mim. Na realidade, eu vim aqui hoje somente para te ver... - Naruto busca o ar e continua: - Luto contra meu bom senso, as expectativas do meu tio referente a mulher ideal para mim, a inferioridade da sua posição social, minha própria posição. Mas estou disposto a esquecer tudo isso e pedir que dê um fim ao meu sofrimento. Porque eu te admiro e amo, ardentemente, Hinata. - declara olhando-me nos olhos, como se tivesse ensaiado cada palavra daquele discurso.
Eu só o encaro, perplexa demais para dizer qualquer coisa.
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O próximo vai colocar todos os pingos nos is, gente haha!
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Primeiras impressões
DragosteNaruto não suporta Hinata e nada nem ninguém é capaz de dissuádi-lo dessa ideia absurda. No entanto, um acontecimento promete abalar suas convicções. Pois, como em um jogo de xadrez, ele é posto em xeque-mate diante da bela morena dos olhos perolado...