A dança

4.5K 525 216
                                    

— Que bom que trouxe tantos convidados, Neji. - Kakashi afirma de forma quase teatral. - Convidei alguns amigos, logo eles chegarão. Espero que não se importem.

— Que isso, senhor Kakashi. Estão todos felizes pela recepção. - Neji sorri tanto, que deve estar com dor na mandíbula.

Eu só reviro os olhos em resposta.

Até que a voz profundamente rouca de Naruto, chama minha atenção:

— Tudo bem, Hinata? Não esperava vê-la por aqui.

— Estou bem e você? - respondo tentando ser cordial. - Poderia dizer a mesma coisa.

— Vocês se conhecem? - Kakashi parece estar extremamente surpreso.

Seu olhar vai do sobrinho, a mim, várias vezes.

— Sim, tio. - o loiro afirma com convicção. - Nos conhecemos há algum tempo, enquanto eu tratava de negócios com Sasuke.

— Ah, e não vai me apresentar sua amiga? - seu tom soa natural, mas contém uma gota de acidez em sua voz.

Velhote.

— Essa é Hinata Hyuuga. - diz ele, para o tio. - Esse é meu tio, Kakashi Hatake.

— Prazer, senhor Kakashi. - cumprimento o homem que me olha dos pés à cabeça.

Avaliando-me.

Ao final de todas as apresentações, Naruto se aproxima de mim. Enquanto vejo algumas outras pessoas chegarem à mansão.

— Quando meu tio me contou sobre visitantes, jamais imaginei que você estaria no meio deles.

— Pois é, né. O mundo é cheio de surpresas. - eu digo, em tom de ironia.

— Você e seu sarcasmo são inseparáveis, não é? - o galego devolve, rindo marotamente.

— Não consigo me livrar. - eu sorrio também, sem querer. - Bom, soube que Sasuke viajou, ele não comentou nada sobre Sakura? Parece que, coincidentemente, estão na mesma cidade.

Naruto demonstra um certo desconforto; no entanto, responde na sequência:

— Não soube de nada, talvez não tenham se encontrado.

— Talvez. - afirmo cheia de desconfiança.

Nesse momento, percebo uma música suave tocar ao fundo. E eu vejo Hanabi começando a dançar com um rapaz mais velho e pálido feito a Lua.

— Aquela é sua irmã, certo? - Naruto questiona, por fim.

Apontando Hana, próximo à nós.

— É.

— Ela se enturma com facilidade. - diz de forma displicente.

Todavia, sua voz carrega uma nota de crítica. Hanabi realmente já chegou causando, falando alto e chamando o senhor Kakashi de tio. Fora que vi, pelo canto dos olhos, quando tirou o rapaz para dançar. Que, extremamente envergonhado, não pôde recusar.

Meu pai, como sempre, está deslumbrado demais para dizer algo coerente. Que dirá repreender a filha. Neji; em contrapartida, ficou branco feito papel offset e desculpou-se vezes demais para que eu pudesse contar.

Tudo isso não passou despercebido pelos olhos de águia de Naruto. E, por mais que eu reconheça a impropriedade da minha família. Jamais permitirei que ele os ofenda de forma alguma.

Porém, ele percebe que eu já estou pronta para atacar e suaviza a expressão.

— Hanabi é expansiva, nem todo mundo é taciturno e implicante como nós. - eu afirmo, tentando não explodir, o que eu disse é uma verdade, por sinal.

Naruto ri, ao me ouvir referir-se a nós dois desse jeito. Na certa lembrando da forma não ortodoxa que nos conhecemos.

— Hinata, você quer dançar? - ele muda de assunto totalmente, pegando-me desprevenida.

Tanto que mal tenho tempo de formular uma resposta; por isso, só escapa um: sim, sussurrado.

Naruto aproxima-se de mim, olhando bem nos meus olhos e parece pedir permissão para me tocar. Eu concedo, ainda reticente e ele cola o corpo ao meu. Segurando minha cintura de ambos os lados com delicadeza, até que nossos corpos ficam bem próximos um do outro, tanto que sinto meu coração acelerar. O porquê, eu não sei.

Sinto a pressão em minha cintura intensificar moderadamente. E ficamos assim por alguns segundos, apenas olhando um para o outro. Sem parecer que nos damos tão mal em dados momentos.

Tirando o episódio do sofá, esse não conta.

Naruto começa a me conduzir de um lado para o outro, timidamente, no ritmo da música. E eu permito-me recostar a cabeça furtivamente em seu peito. Sentindo o quão definido seu tórax é. Naruto parece mais o Clark Kent, com o peito de aço. Sou levada, por um momento, por caminhos que não deveria seguir. Lembrando de quando nos beijamos e como Naruto foi acolhedor e amoroso, quando eu relatei meus infortúnios. Entretanto, a imagem de Kiba surge em minha mente e eu me recordo do porquê de não suportá-lo ainda mais.

— Você e Kiba se conhecem, fiquei sabendo. - eu trago o assunto à tona. - Tive a felicidade de conhecê-lo.

— Eu percebi. - o timbre de Naruto soa seco e áspero.

— O que tem a me dizer sobre isso? - eu o desafio.

— O que quer que eu diga? Ficarei feliz em responder. - desconversa.

Agora nós olhamos diretamente nos olhos um do outro.

— Quero saber o que pensa sobre Kiba.

— Kiba foi abençoado com o dom de fazer amizades, mas não tanto com o de mantê-las. - rebate, sem mais detalhes.

— É sua palavra final? - eu devolvo, incrédula.

— Para que quer saber? - Naruto rebate, afastando-se novamente de mim, o suficiente para olhar-me nos olhos outra vez.

Os seus oceânicos; aliás, estão frios como um iceberg.

— Quero descobrir coisas sobre você, te decifrar, para moldar o seu caráter.

— E o que descobriu até agora? - Naruto sustém o olhar, na sequência fita demoradamente meus lábios.

— Muito pouco, gostaria de poder ter mais recursos para tomar uma decisão.

— Ficarei feliz em ajudá-la no que quer que seja. O que quer saber? - ele aperta minha cintura e puxa-me para si. - Tenho receio de que o pouco que sabe sobre mim, não faça jus ao meu caráter. Ou seja insuficiente para você moldá-lo em sua mente.

— Está com medo? - eu sorrio, sarcasticamente. - O fato de eu moldar erroneamente seu caráter, ao meu bel-prazer, te incomoda de alguma forma?

— Mais do que você imagina. - nesse momento, a música acaba, eu sinto seu aperto em minha cintura afrouxar-se abruptamente e me afasto, confusa.

O que aconteceu aqui?

Entrementes, noto o olhar de Kakashi me queimando. Na certa não gostou nada de ver o sobrinho tão próximo à uma pebléia.

Primeiras impressõesOnde histórias criam vida. Descubra agora