Capítulo 6, O interrogatório

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“Tem alguém vindo, e boa coisa não é. Esconda-se e espere o melhor momento.”

Willem assentiu e olhou para onde o companheiro apontava, alguma dezenas de metros ao longe vultos vinham em sua direção, mas aproximavam-se devagar. Faltava pouco mais de uma hora para amanhecer, o momento mais sombrio da madrugada. Devem ter procurado por nós a noite inteira. Ele pensou, enquanto se esgueirava por entre as árvores em silêncio.

Ele notou que Vazs já havia acordado seus outros companheiros, e eles já estavam a se preparar. Vazs e os companheiros botaram alguns sacos sobre onde dormiam, para que imitassem sua forma. Depois ele e Gunther pegaram seus arcos e postarem atrás de árvores para ganhar cobertura. Mazzo pegou sua espada e também se posicionou sobre uma árvore mais a frente.

Willem que não era bom em combate aberto foi indo de árvore em árvore, arbusto em arbusto, até chegar num ponto de vantagem escondido sobre arbustos que rodeavam dois grandes carvalhos. Ele era aquele que estava mais próximo dos atacantes, mas seria o último que eles veriam. Enrolado em sua capa e sobre a cobertura das folhas ele esperou – com sua adaga em uma mão, e com a outra sobre as facas de arremesso em seu cinto – observando o progresso dos perseguidores.

Willem conseguiu contar seis homens vindo em sua direção, e indicou quantos eram com uma das mãos. Eram menos do que aqueles que os seguiram a cavalo, mas provavelmente eram só batedores aparte de um grupo maior. Do seu esconderijo ele viu-os se aproximarem. O primeiro passou por ele. Logo depois o segundo, e o terceiro. Willem ficou imóvel, só ouvindo os sons de passos sobre folhas, e um eventual estalo de galhos quebrando. Quando por fim o quinto homem estava chegando, Willem usou sua adaga para refletir um dos raios lunares que desciam dos céus. Era o sinal que os companheiros aguardavam.

Numa ação simultânea Vazs e Gunther dispararam seus arcos. Willem ouviu o zumbido das flechas e logo depois o som de grunhidos do primeiro perseguidor a cair. O segundo tomara uma flechada no braço e estava a correr de espada em mãos para tentar a cobertura de uma das árvores, mas fizera a escolha errada. Pois naquela árvore ele só encontrou a ponta da espada de Mazzo, que com agilidade incrível interveio no caminho do fugitivo e atravessou a espada em seu pescoço.

O terceiro foi rapidamente se aproximando de Mazzo, que retirava sua espada da garganta do morto, mas antes que ele tivesse hipótese de ataca-lo, uma flecha chocou-se contra seu peito e suas intenções foram barradas. Os últimos homens já haviam passado por Willem, que decidiu ser a hora de agir.

O quarto atacante já estava indo de encontro a Mazzo e o primeiro som de aço a chocar-se em aço reverberou pelo silêncio do escuro Coração Verde. Willem saiu silenciosamente de meio dos arbustos e parou às costas de dois inimigos. Um deles estava numa árvore a quatro metros de si, na busca de cobertura contra as mortais flechas dos arqueiros. O outro estava se aproximando do lugar onde Mazzo estava lutando.

Willem decidiu que o sobre a árvore seria o primeiro e, quieto como o andar das sombras, ele foi se aproximando – sempre se escondendo atrás de troncos. Quanto estava perto o suficiente ele viu que seu alvo estava a prestar a atenção em sua frente, não às suas costas. Numa movimentação de extrema destreza, Willem chegou por trás do homem e bateu sua cabeça contra o tronco da árvore. O batedor atordoou-se e ele aproveitou a vantagem, puxando-o para trás pelos cabelos até cair. Antes de terminar de bater suas costas no chão de terra, a outra mão de Willem traçava um arco sobre ele para enterrar a adaga no peito do azarado, que num primeiro momento pareceu oferecer resistência ao golpe devido ao peitoril de couro, mas que depois de passada a proteção, penetrou tão facilmente como se estivesse a atravessar queijo.

Quando a adaga terminou de enterrar-se no peito do homem ele a torceu, para garantir que este não levantaria. Sangue quente e viscoso banhou a mão em que Willem segurava a adaga, o mesmo sangue que saia da boca do sujeito caído. Willem então retirou a arma e foi atrás de uma árvore, para poder dedicar-se ao outro, que estava a aproximar-se de Mazzo.

Na Escuridão da FlorestaOnde histórias criam vida. Descubra agora