Capítulo 18, Os olhos da morte

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“Seu maldito!” Esbravejou Willem. “Por que você nos atacou?”

Se o lunar intimidou-se com a fúria de Willem, não demonstrou, e seu rosto luminescente continuou impassível.

“Chamo-me Abdul, andarilho, sou mensageiro do povo lunar e em nome das Nove Luas o saúdo.”

“Pouco me importa teu nome, seu filho de uma puta. Não te fizemos nada, seu desgraçado, e você nos atacou. Essa deve a famosa cortesia dos lunares, matar um amigo e depois tentar enganar o outro com adulações?”

“Ora, Andarilho dos Sonhos, vim salvá-lo. Estava esperando boas-vindas. Ou tu realmente acreditas que deixaríamos ser escravo desta Cria da Serpente que chamas de líder?”

Ao pronunciar as últimas palavras com seu crescente apontado para Vazs sua pele iluminou com intensidade, enfraquecendo a penumbra que o rodeava e sua voz denunciou os primeiros sinais de emoção: nojo e raiva. Willem não se moveu.

Mazzo sentiu a fraqueza de Willem, deu um passo à frente e encarou o lunar.

“Você deve ter nos confundido com alguém, parceiro, ninguém é escravo de ninguém entre nós, somos companheiros de armas e irmãos. E responda nossa pergunta, por que atacou nosso amigo?”

“Espanta-me que os chamem assim. Estes malditos não são vossos amigos, guerreiro.” Abdul apontou a arma para Gunther e o moribundo Vazs. “São cobras. Esperando para levar suas novas presas para à toca.”

Gunther agitou-se e fez menção de armar uma flecha, mas Willem apertou seu braço e reuniu coragem para voltar a falar. Precisava de respostas.

“Por que você fica me chamando de andarilho dos sonhos?”

“Sabeis muito bem.” O brilho da epiderme voltou a ter um tom discreto e pálido. Era desconcertante ver como o lume cálido dos olhos contrastava com a luz gelada da pele de Abdul. “És aquele com quem a Dama da Lua conversa, não?”

Dama da Lua, pensou Willem, esse nome é novo. Mas será possível que…

“Quem é ela?”

“Ela é a última esperança deste novo mundo que aprendemos a chamar de lar, andarilho.”

“Você fala por enigmas.”

“Enigmas, andarilho? Não para ti.”

Willem não tinha menor ideia do quê o lunar estava falando, exceto que envolvia a misteriosa Mulher Gelada que atormentava seus sonhos, mesmo assim entrou no jogo de Abdul.

“Por que eu deveria confiar em você?”

“Ora, tu és um Andarilho dos Sonhos. Podeis caminhar sobre os Templos da Lua e voltar. Já a viste, não? Lacrada em sua prisão de fumo e gelo… Esperando que alguém lhe salve antes que o tempo finde. Somente o Andarilho pode entrar e sair. Ela não lhe disse para ir sozinho?”

Willem arregalou os olhos e tremeu. Os ouvidos voltaram a zunir de maneira irritante, forçando-o a olhar para o lado em busca de… alguma coisa, mas o quê? O lunar estava em sua frente. Havia mais algumas poucas faces pálidas sobre as árvores, mas Willem já sabia tudo aquilo e mesmo assim seus sentidos teimavam em se agitar.

“Você ainda não disse o que quer de nós?” Disse, encarando o olhar exótico de Abdul.

“Isso depende de vós. Posso dar-lhes permissão para andar na floresta e os escoltar para fora, tanto quanto posso sangrá-los, como farei como estas serpentes.” Seu olhar dourado queimou sobre Gunther e Vazs, sua epiderme voltou a brilhar com intensidade. “Tudo depende de vossas escolhas. Abandonem esses malditos e venham conosco, e terão as respostas que necessitam.”

Na Escuridão da FlorestaOnde histórias criam vida. Descubra agora