Capítulo 2, Annabelle

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O jovem Arthur encarou o ladrão. Parrel era alto e magro, apenas um pouco mais baixo que o jovem, e embora ele não tivesse mais que cinco anos de diferença a seu oponente, tinha as feições mais duras. Era visível que Parrel aparentava ter mais idade, devido a vida difícil dos plebeus de Asvalad, enquanto o jovem parecia ser mais bem mais novo que seria um plebeu de vinte e poucos anos.

O jovem fez uma postura séria de combate, Willem percebera que ele tinha treino em armas, mas Parrel era um combatente nato das ruas, tinha mais mortes em sua conta do que cicatrizes de combate. Willem questionou-se se o jovem já havia matado alguém, aparentemente não. Parrel tinha uma postura mais relaxada, como se fosse um principiante ou não estivesse preocupado com seu oponente.

Arthur sorriu confiante diante de seu oponente e foi para cima de Parrel, que ficou com a espada virada ao chão, esperando o jovem se aproximar – Mordeu a isca, pensou Willem. O jovem atacou com um golpe em arco vindo da esquerda, que Parrel facilmente desviou, indo para o lado. Parrel voltou a abaixar a espada, o jovem voltou a ataca-lo, sem sucesso.

Willem já havia visto Parrel lutar pelo menos uma centena de vezes, e já sabia os seus truques melhor que ele. O amigo estava se passando por um simples peão com uma espada, estudando o adversário, para depois virar o jogo contra ele. Arthur continuou a atacar enquanto o companheiro só defendia com sua espada. Willem viu que o jovem era bom espadachim, treinado, mas Parrel era muito mais rápido e bem menos previsível.

Logo Parrel passou a atacar, e foi a vez de Arthur se defender. Parrel foi articulando golpes e estocadas que Arthur desviava facilmente com sua espada. O som de aço batendo contra aço tomou conta do local, enquanto todos assistiam a luta. Os companheiros de Willem só esperando Parrel definir a luta. O condutor e a moça assistiam a tudo com semblante de preocupação enquanto Parrel atacava seu amigo cada vez mais rápido, e Arthur demorava-se cada vez mais para acertar sua defesa.

Parrel fez chover aço sobre o jovem, que se defendia a duras penas, até perdeu o equilíbrio – e durante um par de batidas de coração, Willem achou que o jovem cairia – mas ele se recuperou. Parrel começou a circular a alguns passos do jovem, que estava a cerca de quatro metros da carruagem. O jovem tinha um semblante preocupado, medo em seus olhos, já havia percebido que lutava contra um oponente de melhores habilidades. Parrel parou de costas a carruagem, e começou se dirigir a Arthur dessa vez segurando a espada virada pra cima, com as duas mãos.

É agora, pensou Willem, acabou!

Mas no instante seguinte Willem não ouviu o som de aço bater em aço, nem de aço cortando a carne, como esperava que acontecesse quando Parrel desarmasse Arthur e finalizasse-o. Ao invés disso ele apenas ouviu um estalo. Rápido e forte. Seguido do grito de dor de Parrel quando o chicote do condutor Cedric acertava seu pescoço. Desviando sua atenção de Arthur e tirando seu equilíbrio momentaneamente.

Cedric foi rapidamente presenteado com uma flecha no braço que brandia o chicote, vinda do arco de Gunther. Mas Willem viu que o estrago já estava feito. Antes mesmo de Parrel ter alguma chance de se recuperar, Arthur se aproximou com velocidade incrível. Desviou-se da flecha mandada por Vazs. E acertou uma estocada bem no alto do abdómen de Parrel, num golpe mortal vindo de baixo pra cima, aço cortando sua proteção de couro e sua carne, tão fácil quanto manteiga. Parrel grunhiu e foi ao chão, tossindo parte do sangue que estava prestes a afoga-lo.

Não! Pelos deuses, não! Pensou Willem em choque, sem mais prestar a atenção em seus outros companheiros, na garota ou na estrada, ele só tinha olhos no amigo que uma vez o havia ensinado a atirar facas e flechas. Amigo que agora estava deitado ao chão de terra com uma poça vermelha em baixo dele, que ficava cada vez maior.

Na Escuridão da FlorestaOnde histórias criam vida. Descubra agora