Capítulo 5, Perseguição

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As árvores vinham de encontro a Willem e seus companheiros por todos os lados, mas mesmo tendo de desviar-se de troncos a todo momento eles seguiam em frente. Nunca em sua vida Willem fizera uma cavalgada como aquela, livrando-se de galhos, pedras, buracos escondidos entre folhas e arbustos da floresta. Ele chegou a pensar que as corridas de obstáculos, disputadas entre nobres e cavaleiros, eram brincadeira de criança comparado àquilo que estavam enfrentando. Willem diversas vezes fora salvo pelo instinto de seu cavalo, que desviava-se no último instante de árvores que surgiam inesperadamente em seu caminho.

Os cavaleiros continuavam em sua perseguição, e embora Willem não pudesse vê-los em meio as árvores, ele e os companheiros podiam ouvir os ecos do trote de seus cavalos, e os gritos vindos de seus perseguidores. A floresta ainda oferecia condições para continuarem cavalgando, havia espaço. O problema era que não existia qualquer padrão de caminho entre as árvores, que por vezes simplesmente apareciam para fechar completamente sua passagem e obriga-los a afastarem-se de súbito.

O terreno da floresta seguia ainda sobre o formato de colinas. Mas Willem sabia que não se manteria assim por muitos quilômetros, seu tio já lhe havia falado diversas vezes sobre a floresta, e ele estava certo de que no terreno não demoraria a começar a aplanar e seguir indistintamente por extensões sem fim que nenhum homem do leste conhecia.

No momento em que Willem e seus companheiros se encontravam sobre o fim da descida de um morro eles perceberam que os ruídos da perseguição ficaram mais altos e os cavaleiros estavam se aproximando, deviam ter aumentado o ritmo pra aproveitar o declive da colina.

Não demorou muito até eles ouvirem a primeira flecha bater sobre o tronco de uma árvore próximo a eles. Em pouco tempo Willem já havia perdido a conta de quantas tinham sido. Os fugitivos então resolveram mudar seu rumo para sudoeste, na esperança de escapar da mira dos arqueiros montados. A mudança repentina pareceu funcionar e logo o barulho proveniente dos cavaleiros ficou menor, já não havia flechas vindo em sua direção.

Por um quarto de hora a vantagem foi ficando cada vez maior e os sinais de seus perseguidores estavam quase desaparecendo. Eles então decidiram virar mais para o sul, não querendo prosseguir o caminho para oeste, para que não se movessem tanto naquela direção que não fosse possível sair da mata depois. Assim continuaram por mais de meia hora, ouvindo muito pouco além de um eventual eco de gritos e trotar de cavalos.

Uma brisa leve batia sobre as folhas dos cedros e carvalhos daquela região, levantando em meio as folhas o aroma úmido da primavera que vinha em direção a eles. O cavalo de Willem pareceu trotar com mais rapidez e ele percebeu que sua montaria estava animada. Logo depois Willem ouviu o som da água e entendeu os motivos. Os cavalos deviam estar precisando de uma pausa para beber.

“Vamos parar por cinco minutos.” Ele sugeriu.

“Melhor continuarmos.” Disse Vazs “Eles podem reaparecer a qualquer instante” O grupo de Willem nunca tivera um líder definido, mas quase sempre eles seguiam as indicações de Vazs, que era quem melhor personificava o papel da liderança.

“Minha montada não tem cara de que vai aguentar muito mais tempo sem parar”

Vazs ponderou um tempo e pediu para que parassem os cavalos por uns momentos. Ele desceu do cavalo e colocou seu ouvido em contato com o chão de terra do Coração Verde. Depois de escutar por uns instantes ele levantou-se e disse “Cinco minutos”. E foi andando em direção ao pequeno riacho de que estavam próximos.

Willem desceu de sua montaria e deixou-a beber das águas que vertiam em meio à floresta. Depois de seu cavalo beber foi a vez dele se aproximar da água. Ele molhou o rosto e o pescoço rapidamente para se refrescar, depois bebeu para saciar sua própria sede. Era um riacho pequeno, com cerca de quatro metros de extensão e nem meio metro de profundidade de uma água cristalina e fresca que reacendeu o ânimo dos companheiros e suas montarias. Willem aproveitou pra trocar o conteúdo do odre em que vinha bebendo, a água já estava quente e com gosto de couro. Com o seu odre reabastecido ele foi em direção ao seu cavalo.

Na Escuridão da FlorestaOnde histórias criam vida. Descubra agora