Capítulo 10, A mulher gelada

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Willem caminhava por um corredor estreito e escuro, seus pés produzindo o único som a quebrar o silêncio empoeirado daquele lugar. As paredes e o teto curvado eram feitos de blocos de pedras pálidas e esbranquiçadas. Não havia janelas a vista, e a escuridão sufocante fazia-o se sentir claustrofóbico. Mas nada tirava dele a sensação de que aquele lugar lhe era familiar.

Continuou caminhando por aquilo que pensou ser um túnel, buscando por alguma pista que o indicasse aonde estava – mas teve pouca sorte. O único detalhe adverso que Willem notara era o fato de todo aquele lugar ter sido precisamente construído. Por onde quer que os olhos miravam ele via blocos cortados e assentados de maneira uniforme sobre camadas finas de uma argamassa branca como a pedra em cima dela. O trabalho era digno dos melhores construtores de Asvalad. Talvez até melhor, arriscou Willem, que dos antigos nandorianos e suas obras imponentes. Mas apesar de a beleza das paredes, elas traziam a Willem uma boa dose de inquietação. Havia algo errado. Ele só não sabia dizer o que era. Curioso, Willem resolveu continuar a seguir naquele caminho escuro que parecia levar a lugar nenhum.

O corredor chegou a seu fim, uma câmara redonda onde dominava a penumbra e havia mais três aberturas de túnel. Novamente nenhuma janela. Que estranho, pensou ele, de onde vem essas correntes de ar se não tem nenhuma abertura? Willem estava se sentindo perdido. Onde estou? E por que não me recordo de ter vindo pra cá? Estas eram respostas que ele não tinha. Queria seguir em frente, sair dali, mas também não sabia qual túnel escolher.

"Que merda!" Exclamou de frustração para ninguém em especial. "Pra que lado eu devo ir?"

Willem não esperava nenhuma resposta, afinal estava sozinho, por isso um calafrio desconcertante percorreu toda a extensão de seu corpo, eriçando os pelos por onde passava, quando ouviu um riso agudo vindo dos túneis à sua frente. Involuntariamente procurou por sua adaga, mas não a encontrou – tampouco suas facas de arremesso. Sentiu-se nu sem suas armas naquele lugar estranho onde o desconhecido habitava, como se uma parte de si estivesse faltando.

Novamente a voz irrompeu pelo ar, parecendo brotar das paredes inertes. Era uma voz feminina – suave e sedutora – que tinha um tom doce e convidativo. Mas Willem não entendia nenhuma daquelas palavras que a voz proferia. A mulher misteriosa não estava em nenhum lugar para ser vista, e ele permaneceu imóvel em meio a câmara, sem saber para onde ir. Não queria simplesmente seguir por qualquer caminho a sua frente – algo em seu subconsciente dizia que se arrependeria se assim o fizesse. Também tinha medo de ir em direção da voz misteriosa. E se for uma bruxa? Willem pensou, lembrando-se das histórias que costumava ouvir sobre bruxas que seduziam os homens para depois comerem sua carne.

Mais uma vez a voz inebriante falou. E mais uma vez Willem não entendeu suas palavras.

"Fale algo que eu possa entender!" Protestou aos berros.

"Sabes onde deve ir, Willem. Mas tens medo de dar o primeiro passo." Respondeu a voz, agora num nandoriano bem nítido e sem sotaque. Dessa vez Willem pode reconhecer sua origem, que vinha do túnel a sua direita.

Ficou imóvel por mais um momento, incerto sobre o que fazer. Queria ir em direção a voz e ao mesmo tempo fugir.

"Venha." Disse mais uma vez a mulher misteriosa, seu timbre transparecia uma calma que o tocava nas profundezas da alma. "Estás tão perto, venha."

Willem deu o primeiro passo, determinado. Nada de mal poderia vir de alguém com uma voz tão linda e encantadora. Ele queria ir em direção à sua dona. Encontrar e então poder desfrutar da beleza que certamente teria.

Na Escuridão da FlorestaOnde histórias criam vida. Descubra agora