Married To The Devil - JiKook

16

- Você promete que não vai me deixar? - Sentia as mãos suarem e a perna tremer.

- Eu prometo. - E entrelaçou as mãos, uma maior que a outra. 

No fim, ele acabou deixando.

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Jungkook temia que seus demônios não lhe deixassem em paz e ele não pudesse mais viver sua vida como uma pessoa normal.

As vezes nem o sono o dava um momento de descanso e ele acordou no meio da noite, sem conseguir dormir novamente.

Durante algum tempo quando iniciou a universidade (quando ele estava se recuperando de seus vícios) ele aderiu ao uso de medicação controlada para o sono, mas isso não significava uma noite tranquila e saudável. Às vezes era só um estado de letargia que o fazia ter uma ressaca pior que a das bebidas quando acordava. 

Não sabia dizer se também se viciou naquilo, afinal, se controlava para apenas engolir aqueles analgésicos quando a insônia chegava e ele estava atolado de trabalhos e provas. Ainda assim, era mais fácil do que continuar fazendo o que não adiantava em nada, que era só tomar uma xícara de chá ou leite quente e contar carneirinhos. 

Ele não contava o fato de que as vezes vinha aquela ânsia de tomar um ou dois a mais apenas para machucar o próprio organismo e dormir por quanto tempo fosse suficiente para fazer o vazio da perda sumir.

E não era a perda do avô, pode ter certeza disso...

Jungkook se sentia vazio e achava que seria pra sempre. Só queria que isso acabasse e o Park não estava ajudando em nada para que o Jeon se sentisse bem, mas bom, a culpa era dele mesmo.

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Jimin sabia o que sentia por Jungkook, e não era nada bom...

Ódio, era isso o que sentia. Ódio. Raiva. Ira. Mágoa. Pena. E a porra de um sentimento que lhe fazia odiar o moreno mais ainda. Ele gostava de Jungkook.

Não era apaixonado porque não o conhecia tanto, e não o amava por não terem tido uma convivência. Ainda assim, olhar pra o moreno, sem pensar nas merdas ao redor, o fazia querer gostar ainda mais dele.

Ele não queria sentir nada disso por ele, por ninguém, mas era tudo tão estranho.

Na verdade, ele não sabia, mas esse turbilhão de sentimentos só estava ali porque ele queria se entregar àquela emoção e iniciar uma história, mesmo que curta, com o mais novo.

Jimin pensava no rosto dele, nas bochechas gordinhas, nos momentos de descontração e seu coração aquecia, querendo mais daquilo.

Ele lembrava bem das palavras que foram redigidas em papel e sentia seu instinto protetor e empático querer correr em direção a ele e dizer que estaria ali, para o que precisasse, pra sempre, e que tudo ficaria bem.

Mas aí ele lembrava que podia não ter sofrido tudo aquilo se o Jeon não tivesse escolhido destruir a si mesmo e aos outros em seu próprio momento.

E então, ele revivia os dias em que o grupinho se juntava para o agredir, das diversas formas de bullying.

Tentava repassar pelos momentos em que o moreno fazia algo realmente, bom ou ruim, e não só ficava olhando tudo com cara de paisagem. Naquele momento Jimin não queria aceitar, mas o próprio Jungkook realmente não tinha feito algo que o atingisse diretamente. E as justificativas para não ter impedido que os "amigos" o fizessem, já tinham sido dadas.

Mas Jungkook era culpado e ponto. Ele não queria acreditar em outra coisa. Era menos culpado que os outros, realmente, mas ainda assim, culpado.

Ele ainda ia se arrepender por agir assim...

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- Tudo bem. Já passou uma semana, ele já deve ter se acalmado e tudo mais. Tenho certeza que ele pensou melhor... - Circulava de um lado para o outro no quarto. - Não, ele precisa de mais tempo... - Já estava suado. Negou com a cabeça. - Ele é uma pessoa racional. - Parou por um instante. - Não. Ele precisa de mais tempo, Jungkook, pense mais no lado dele. - Mordeu o lábio e foi até a cama, se sentando perto da ponta e apoiando as mãos para trás.

Assentiu pouco.

- Mais tempo, foi muita informação, mais tempo. - E então encarou a parede.

Só precisava se acalmar. Precisava se acalmar. Precisava. Acalmar. Cigarros o acalmavam antes. Álcool também. Medicação controlada. Se estivesse muito nervoso, pulava tudo isso e ia direto para a erva. Se precisava se desligar da sua vida, drogas. 

- Não! - Levantou na hora. Não podia pensar assim. Não podia pensar naquilo. 

Já estava limpo a anos, não podia voltar agora por um motivo besta daqueles. 

Não encostava em drogas, cigarro ou ervas a muito tempo. Remédios só quando necessário e quando receitados por um médico. Álcool só socialmente, nem haviam garrafas em sua casa. 

- Pensa, pensa... - Sentou novamente e balançou a perna incessantemente. - Exercícios, é isso. - Se levantou.

Quando estava ansioso, comia. Mas quando ameaçava ter mais uma recaída, se lembrava de todo o seu processo de desintoxicação, o quanto sofreu e o que aprendeu.

Exercícios, por mais que pudessem viciar, eram um ótimo jeito de gastar a energia de sobra. Fez muito isso para se limpar e acabou pegando o costume, seu físico demonstrava isso.

Na verdade, tinham várias formas de canalizar aquilo para algo produtivo. Isso foi o que ajudou. Isso e o canto.

Pôs uma roupa mais adequada e os fones de ouvido. Correria pelo bairro até que estivesse melhor, e então, recompensaria a si mesmo parando em algum lugar e comprando algo como sorvete ou um bolo cheio de cobertura e frutas vermelhas.

A música o distraiu e a corrida o fez ficar meio cansado, e consequentemente, a ansiedade foi embora. Mesmo que fosse voltar.

Os doces o deixaram feliz pelo resto da noite, já que aproveitou pra pôr a última temporada de Game Of Thrones em dia, menos um peso nas costas, pelos menos.

Ele prezava para que tivesse momentos tranquilos, o faziam bem, e ele gostava de estar bem, todos deveriam.

Ele achava a vida tão bela. Já havia deixado-se cair por muitos momentos, sim. Mas se fossem só aqueles momentos, qual seria o objetivo de tudo isso?

Era isso que pensava. Taehyung lhe ensinou isso. E levaria para a vida toda.

Só consigo imaginar o Jungkook de agora com cabelo comprido desculpa kkkkk