alta hospitalar

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Arizona

Essa é uma das poucas e únicas vezes em minha vida que eu tenho medo, medo dela não me amar mais, medo de perdê-la, medo dela querer Mark, ou não querer me ver mais. Medo do que me espera atrás daquela porta.
Já faz alguns minutos que cheguei no hospital e estou parada na frente de seu quarto, não tive coragem para enfrentá-la ainda, talvez fosse melhor eu ir embora, mas algo que eu não sabia o quê, me prendia ali.
Começo a ouvir alguns murmurrios das pessoas em minha volta comentando sobre o tempo que eu estava parada ali, e se talvez eu precisasse de ajuda.

Bato 3 vezes na porta, esperando uma Callie furiosa, mas o que escuto é algo totalmente diferente, ouço alguns soluços e percebo que ela estava chorando, ela suspira pesadamente e uma voz embargada responde.

-Entre... -entro na sala e a cena que me esperava me estraçalha em milhões de pedaços, Callie levanta seu rosto e noto seu nariz vermelho e seu olhos inchados e úmidos, ela definitivamente estava chorando, mas por qual motivo?

Callie, não seja tão burra, olha o que aconteceu com ela

Reviro meus olhos pela ignorância de meus pensamentos.

-O que você está fazendo aqui? Eu te mandei ir embora ontem.-ela fala pausadamente, sua voz notava surpresa, ela não esperava que eu voltasse depois de ela ter me tratado rudemente.

-E você achou que eu iria desistir fácil assim de você? -Ela deu de ombros e segundos depois finalmente olhou em meus olhos, era diferente, eles não eram mais brilhosos e alegres, agora estavam sombrios, escuros e quase sem tonalidade de tão escuros. Ficamos alguns segundos em silêncio, ela parada olhando pro teto do quarto, e eu parada na porta observando seu semblante.

-Eu queria que meus pais estivessem aqui...-Ela solta e me pega de surpresa.

-Eu também iria querer. -Droga Arizona, seja mais objetiva, e não insensível!

-Você poderia me dar um abraço? -Ela parecia tímida, corada. Como nos velhos tempos quando eu a elogiava, ou quando recebia uma cantada.

-Claro.-Me aproximo de sua cama, ela se arrasta um pouco pro lado me dando espaço para sentar, sinto ela analisando meu rosto por alguns segundos, ao perceber o que ela está fazendo, coro violentamente. Ela nota o meu desespero e sorri. Ela chega mais perto e me puxa pela cintura, tento passar todo o conforto do mundo para ela naquele abraço, sei que depois disso viria uma chuva de perguntas, então já me preparei psicologicamente pra isso antes mesmo dela me soltar.

-Arizona.. -Ela me olha com seus olhinhos pidões.

-Você quer mesmo saber? -Ela afirma devagar com a cabeça. É isto, chegou a hora.

-Você era casada, na verdade você ainda é.-seus olhos instantaneamente se arregalam e a sua boca se torna um perfeito "o".-Você e seu marido, que por acaso é meu irmão..-ela me corta.

-Espera, você tem um irmão?-ela me olha perplexa, por um momento esqueci que ela não sabia desse detalhe, e de todo o resto na verdade.

-Sim.-Ela continua me olhando confusa e enfim acente. -Vocês dois tinham brigado muito feio, e eu não sei o porquê, mas o Mark, seu esposo.. el-ele..

-Ele colocou fogo em mim..-ela completa e eu a olho, uma lágrima solitária e fria cai de seu rosto, eu me aproximo mas ela rapidamente enxuga. -Não precisa, continue.- Suspiro olhando para o chão, e enfim continuo.

-Ainda não tivemos notícias dele, ele fugiu desde o ocorrido. Ontem você pediu para nós trazermos ele até você, você lembra disso? -volto meus olhos ao seu rosto e percebo que ela está em um transe só dela, sou incapaz de falar mais algo e a despertar, em vez disso. Fico em silêncio até ela resolver que está pronta. Alguns segundos passam e ela começa.

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