3- Who am i

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Acordei no dia seguinte com uma sensação de vazia ao meu lado na cama, o cheiro do Ian mantinha-se emprenhado na cama, mas faltava o seu calor junto de mim.

Virei a mão para trás e tateei onde era suposto estar Ian, mas o vazio na cama manteve-se, abri os olhos e arrependi-me no mesmo instante, as fendas das precianas mal fechadas deixavam passar os fios de sol que por esta altura já estavam fortes e devido aos meus olhos claros o choque entre a luz e os mesmos me atordoou.

Deixei-me acomodar com a luz do sol e quando finalmente os consegui abrir olhei o ambiente, tudo o que eu conseguia ouvir eram os cantares dos pássaros e o som do chuveiro da casa de banho onde o Ian supostamente se encontrava.

Espreguicei-me e me sentei na cama olhando as horas, eram neste exato momento 12.47h, talvez esse o motivo dos raios de sol fortes.

Levantei-me e uma brisa fresca me atingiu com tudo fazendo um arrepio percorrer a minha espinha e me fazer vestir a primeira coisa que encontrei a frente, um hoodie do Ian, o que provavelmente eu tinha tirado durante a noite devido ao calor que estava presente no quarto ou na cama, como ele já não tinha o cheiro característico do Ian, corri para o seu closet e apanhei um outro hoodie, vestindo-o em seguida e deixando lá o outro para "renovar o cheiro".

O barulho da porta a abrir me fez dar costas ao closet e dar de caras com um Ian pós-banho á minha frente com apenas uma toalha enrolada na cintura e com os seus cabelos molhados.

- Ahm, bom dia – Ian disse envergonhado com uma mão na nuca.

- Bom dia – dirigi-me a ele e depositei um beijo na sua bochecha mas o seu cheiro pós banho me fez o abraçar e deitar a cabeça na curva do seu pescoço e inspirar aquele cheiro bom – Hum, que cheirinho bom.

- Vou só me vestir, tenho a avaliação com o novo psicólogo daqui a pouco.

- Eu vou tomar um banho e vestir uma roupa, queres que vá contigo ao psicólogo? – Perguntei olhando para ele que estava de costas para mim enquanto escolhia a sua roupa.

- Não é preciso, obrigada, mas vemo-nos depois do jantar?

- Claro, depois conta-me tudo.

- Contarei – dirigiu-se a mim e beijou-me a bochecha

- Até logo – disse e saí do seu quarto.

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Eram agora 6 da tarde e o Ian ainda não tinha dado sinal de vida, após tomar um banho e me vestir apresentavelmente o Guga apareceu no meu quarto e levou-me para fazer um exame á cabeça e ouvidos.

Fiz os exames todos e quando libertada dos mesmos fui até ao quarto do Ian, mas o mesmo não estava lá.

Tinha voltado para o meu quarto quando Ariana apareceu com a medicação e uma cara de poucos amigos e após questionada pelo motivo de tal feição a mesma disse que era apenas cansaço, não sei porquê, mas essa não colou.

Mais tarde voltei a tentar ia ao quarto do Ian, mas o Guga apareceu e não me deixou entrar.

Agora estou de volta ao meu quarto e todos os meus pensamentos remetem ao Ian.

Será que aconteceu alguma coisa? Ele estará a sentir-se bem? Terá tido outro ataque de pânico, ou desta vez de agressividade?

Entre pensamentos maus decidi dar uma volta pela Clinica, passei até na enfermaria, mas nada nem ninguém, fui ao jardim, mas o ambiente continuava deserto, depois de uma grande volta pela Clinica decidi tentar voltar ao quarto do Ian pelo lado contrário ao meu quarto e adivinhem....entrei ahaha.

Mal entrei a minha felicidade evaporou logo, o Ian encontrava-se com perna esquerda e o braço direito ligados por um gesso, o meu primeiro reflexo foi chamar por ele e perguntar se estava tudo bem, mas o mesmo se encontrava num sono pesado, comecei a chorar por não saber o que tinha acontecido e por ninguém me ter contado nada, talvez era esta a razão da carranca da Ariana.

O meu choro começou a ficar compulsivo e vários soluços começaram a escapar repetidamente, estava a ter um ataque de ansiedade, a minha respiração começou a ficar acelerada e descontrolada, o ar estava cada vez mais difícil de ser inspirado e o choro tornava-se cada vez mais compulsivo até que sinto um o par de braços me abraçar por trás e me impedir de cair de joelhos no chão, fui virada para a frente á pessoa e o primeiro instinto foi colocar a cabeça na curva do pescoço da pessoa.

Os próximos minutos foram passados a tentar controlar a respiração e cessar o choro, a pessoa que eu não fazia ideia de quem era dizia-me palavras de conforto ao ouvido, a sua voz era um pouco mais rouca e o seu cheiro era diferente, mas um diferente muito bom por sinal.

A pessoa era um homem, isso eu não tinha dúvidas, só não sabia quem era, as minhas mãos estavam a amarrar possessivamente a camisola do homem que já estava encharcada no ombro.

Lentamente afastei a cabeça do seu ombro e finalmente encarei o homem que tinha estado comigo todo este processo de controlo.

E que homem... ele aparentava ter uns 19 anos, seus olhos azuis esverdeados e seus cabelos loiros muito bem arranjados e uma pele pálida davam-lhe uma juvenilidade, seu bom porte físico que apesar de ser estatura alta também era bem composta por músculos,  que preenchiam a farda de enfermeiro ficando-lhe justa.

Encarei os seus olhos e corei, após o homem reparar a minha ruborização sorriu, e que sorriso...

Quase fiquei sem ar, mas voltei a encarar aqueles olhos, uma leve tontura me atingiu, mas eu tratei de a afastar.

- Está tudo bem? – ele falou se referindo ao meu ataque de ansiedade.

- S...S...Sim – outra tontura ainda mais forte me atingiu e me vez cambalear para trás.

O seu olhar preocupado e desconfiado pousou sobre mim – Mesmo?

Fechei os olhos com força e voltei a abrir – S...Sim, é só... - uma forte dor na cabeça seguida de outra tontura ainda mais forte me fez quase cair, mas seu braços fortes me apanharam antes que eu me estendesse no chão, ele sustentou-me ao seu colo, mas nesse momento apaguei por completo.

Dor forte...picada na cabeça... Ian... perna... homem...braços, homem... olhos...dor...colo...homem...dor....

-AHF – suspirei alto me levantando com força.

Estava no meu quarto, com um cateter na mão, ao meu lado um saco de soro quase no fim, Ariana e ele, aquele homem que eu não fazia ideia de que era.

- Vitória, estás bem? – Ariana direcionou-se a mim

- O Ian? – perguntei a primeira coisa que me veio a cabeça.

- Parece que os dois não se vão ver tão cedo. – o tal homem disse com um sorriso nos lábios.

- O quê? Como? O Ian....IAN....IA.... – gritei mas o mundo girou de novo para mim e apaguei.

...

- Achas que a dose não era muito forte? – Ariana pergunta.

- Acho o suficiente para ela só acordar amanha, e de certeza que vai querer ver o namorado – respondeu-lhe

- Eles não namoram, mas é quase certo, apesar de ela estar fraca ela vai querer o ver. – Ariana afirma.

- Não namoram? Mas parece

- Toda a gente diz isso, mas se ela estivesse acordada já ia arranjar todos os argumentos para explicar que eles são apenas amigos. -Ariana riu.

- Posso ver a ficha dela?

- O seu psicólogo é o chefe, mas se eu lhe perguntar ele deve deixar, afinal de contas ele já anda tão atarefado que uma ajudinha ia ajudar.

- Hum – o homem sorriu e retirou-se sem mais nada dizer.

- Estranho – Ariana sussurrou e entrou no quarto da frente.

...

:D

Inside my headOnde histórias criam vida. Descubra agora