2. And Now?

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Acordei desorientada, acho que ainda não tinha recuperado a cem por cento, sentia uma leve dor de cabeça e doía-me o pescoço, um peso se fazia presente no outro lado da cama e na minha lateral.

Abro os olhos com um bocado de dificuldade, mas logo me arrependo porque devido á claridade esse processo foi dolorido, passei as costas da mão que eu sentia no momento, pelos olhos e finalmente os abri completamente.

Ainda não me lembrava onde estava, mas mal abri os olhos descobri que se tratava do quarto do Ian e recordei-me do motivo de estar aqui.

Á minha frente estava o Ian ainda adormecido virado para mim, o seu ar celestial enquanto dormia dava-lhe a aparência de um anjo, ou talvez uma criança, uma criancinha muito fofa, sorri ao pensar dessa maneira, o meu outro braço que eu de momento não estava a sentir estava debaixo do seu corpo e provavelmente estava dormente porque cada movimento que eu tentava fazer era parado devido a uma grande dor que se fazia presente nalguma parte do braço.

Enquanto ao Ian, o seu braço esquerdo estava na lateral do meu corpo abraçando-me de alguma forma.

Eu não fazia ideia que horas eram, mas o sol já brilhava com toda a sua energia.

Da maneira que o meu braço estava não dava para eu o tirar sem acordar o Ian por isso peço desculpa, mas vai ser necessário, eu não quero ter que amputar o braço por causa de falta de circulação.

- Ian? –sussurrei, mas ele nem se mexeu – Ian? – Chamei mais alto, mas nada, levei o meu braço livre ao seu cabelo e acariciei-o – Ian? – sussurrei novamente enquanto arrastava as unhas na sua cabeça delicadamente.

Mas NADA...este rapaz é difícil de acordar, desculpa lindo, mas é mesmo preciso.

- Ian? – Chamei mais alto e ele mexeu-se, mas continuava sem acordar. – Ai Ian...o meu braço... - com o movimento que começava a fazer com o braço comecei a sentir o formigueiro bem grande naquele membro....porra – IAN – meio que gritei e puxei o braço debaixo dele com toda a força, fazendo-o rolar par o lado dele na cama. – Porra...

- Ei... - ele sentou-se na cama e passou as mãos pelos olhos. – O que aconteceu?

- Aconteceu que uma baleia adormeceu em cima do meu querido braço e agora ele tá roxo...pra não falar no formigueiro... – respondi com ironia porque neste momento era rir para não chorar, o braço estava mesmo roxo e doía como o inferno.

- E não sabias acordar-me? Se eu soubesse levantava-me...

Ai não... a sério que ele disse isso?

- Tu fazes ideia de quantas vezes eu te chamei? – não foram tanto assim, mas eu sou impaciente – tu é que pareces uma pedra – falei meio a gritar e bati-lhe nas costas com o meu braço dormente, resultado... - AIIII MÃEE....aaa ah....ai....au....aa o meu braçinho....

- Pronto... calma – gatinhou pela cama e sentou-se em cima das minhas pernas. – Levanta o braço, tens que o mexer... - pegou-me no braço e levantou-o trazendo uma massagem.

- Isso dói... - disse e mordi o meu outro braço com força

- Olha que isso ainda dói mais – apontou para o braço que eu mordi que estava agora com a marca dos meus dentes.

- Cala-te, a culpa é tua

- Ai é? – perguntou e um sorriso malicioso surgiu na sua cara – então tá – deu um estalo chapado no meu braço fazendo o formigueiro que estava a passar, voltar com toda a força.

- Seu filho da p.....

- Nada disso.... – pôs a sua mão na minha boca, mas eu mordi-lhe a mão

- Ahahah, bem feita... - deixei-me cair para trás deitando-me na cama e caí na gargalhada, mas como ele ainda estava sentado em cima das minhas pernas a sua vingança veio rápido.

- Vamos ver o que é bem feito – subiu no meu corpo e sentou-se no meu ventre e atacou-me com cocegas.

Para quem não sabe, eu tenho muitas, mas mesmo muitas cocegas e o resultado do seu ataque foi uma gargalhada tão grande que até me fez doer a barriga.

- Iann....pára...... - Ele não parou e eu acho que vou fazer xixi.... – Iannn, por favoorr - supliquei arrastado - Tréguas... Tréguas - tentei afasta-lo.

- Tréguas... - ele repetiu e afastou-se. Atirou-se para o lado e deitou-se ao meu lado. Ficamos os dois a encarar o teto e a tentar acalmar as respirações descompassadas.

- Eu beijei o Ethan - quebrei o silêncio confessando.

- Quê? - Ele levantou-se ficando sentado na cama e encarando-me. - Quando? Como? Porquê? Conta-me tudo. - Ele disparou depois de eu não me ter pronunciado.

-  Ontem á noite antes de vir para aqui. - levantei-me ficando sentada frente a ele - E não te sei explicar o porquê...

- Não, tu não o beijaste porque sim, teve de haver um motivo - Ele insistiu.

Decidi contar-lhe tudo o que se passou pela minha cabeça estes últimos dias, contei da "visão", contei da conversa que tive com o Ethan no meu quarto e contei sobre o beijo.

O Ian como meu amigo apenas ouviu tudo atentamente e ria-se do meu entusiasmo ao falar do beijo, murmurando vários "aws".

- Pronto, foi isso que aconteceu - Terminei suspirando, parecia que tinha tirado um peso das costas.

- Uau, e agora? - Ele perguntou.

- Agora o quê? 

- E agora como vai ser, os que vocês são? Namorados? Estás preparada para isso? - Ele questionou rápido.

- Não sei, não sei e não sei - Respondi igualmente ás três perguntas.

- Como não sabes? 

- Eu sei lá, eu beijei-o, gostei....eu confio nele, gosto da sua companhia, do seu sorriso, daqueles olhos... - suspirei - Eu gosto dele.

- Ei sua trouxa apaixonada - Ele brincou. - Agora vive um momento de cada vez e aproveita, aqui podes não ter tanta liberdade, mas podes fazer funcionar, se é o que os dois querem. Mas aviso já que vai haver algumas regras, primeiro nada de me trocares, segundo, nada de te esqueceres que eu existo, terceiro, nada de passar muito tempo sem me veres e quarto, eu estou aqui para o que precisares.

- Obrigada Ian - Envolvi-o num abraço - Eu não me vou esquecer dessas regras - ri e ele acompanhou-me. - Posso continuar a dormir aqui? - disse me afastando do abraço.

- Claro, tu por mim podes, se não te incomodar nem incomodar o doutor Walker, mi cama es tu cama - gargalhamos os dois e eu voltei a abraça-lo.

-Obrigada - murmurei novamente e dei-lhe um beijinho na têmpora e apertei-o mais nos meus braços.

A porta foi aberta e o Ethan entrou por ela, mas não se pronunciou, acho que ficou a observar a cena pois só quando nos afastamos do abraço é que o Ian deu pela presença dele no quarto. 

Eu estava de costas para a porta e quando me virei ele olhou pra mim com um sorriso sem mostrar os dentes no rosto.

- Bom dia Jovens - Ele pronunciou-se pela primeira vez com uma voz animada. Nós cumprimentamos-o com um simples Bom dia Doutor em sincronia 

- Peço desculpa interromper, mas o senhor Ian tem agora uma avaliação psicológica comigo, caso queira a fazer aqui vou pedir á menina Vitória que se retire, caso contrário podemos realizar a avaliação noutro espaço. - Ele continuou formalmente.

- Fiquem á vontade, eu vou para o meu quarto, tenho umas coisas a fazer. -Levantei-me e despedi-me do Ian com um beijo na bochecha e quando m dirigi ao Ethan para fazer a mesma coisa ele desviou-se repentinamente e olhou-me com os olhos arregalados.

- Ele já sabe - disse rindo-me e o Ian acompanhou-me

- Ah - foi a unica coisa que ele sussurrou, eu dei-lhe um beijo na bochecha e sai do quarto.

Aposto que ficou corado pensei para mim e sorri desajeitadamente enquanto me encaminhava para o quarto.


<3

Inside my headOnde histórias criam vida. Descubra agora