Eiri Yuki
Estou num Porsche Panamera preto com uma das mão apoiada no queixo, olhando a neve cair devagar lá fora, estou no banco de trás e quem dirige é meu motorista. Passo perto da torre do relógio e já é 7:30 da noite. O trânsito está pacífico e as ruas vazias. Desço do carro com meu sobretudo preto, as mãos no bolso. Decido tomar um drink num bar ali perto. Um drink não uns 4 no mínimo. Até que meu corpo fique quente.
A garçonete entrega a bebida e coloca junto seu número disfarçadamente. Sai dando uma piscada pra mim.
-Virei garoto de programa agora? Fala sério.. ( dou uma golada violenta, no intuito de acabar mais rápido, e partir para a próxima ).
Um grupo de adolescentes na flor da idade ou como gosto de chamar " fogo no rabo". Me olham e riem, fazem olhares sedutores e uma delas cria coragem para chegar em mim.
-Eai gatinho tudo bem.. como vai?
Pela voz, postura e roupas, chuto ter entre 14 e 15 anos.
-Não to afim de ir pra cadeia, cai fora!
-Oxiii, ahh.. porque não senta com agente na mesa, não vai rolar nada.
Olho pra ela de canto.
-Juro! ( ela junta as mãos ).
-Não confio em pirralhas como você ( sou sincero ).
"Porra ela é gatinha, mais seria um problema imenso. Eu poderia ser um pai pra ela, ou sei lá..."
-Ah.. ( ela tenta se explica ).
-Entenda não quero confusão pro meu lado.
As outras vêem e uma delas quase se joga no meu colo.
Decido levantar e me afastar daquele harém mirim.
Todas decote, shortinho, batons fortes
"pra que isso".
Sinto o álcool me deixar lento, quando passo pelas ruas trançando um pouco as pernas. Dou de cara com um telão passando a coletiva com famosos.
-Graças a deus que não fui, odeio perguntas retóricas e sem sentido. ( digo a mim mesmo ).
"Não acho graça nas mulheres que me comem com os olhos, riem, disfarçam a timidez, ridículo".
Apoio no poste de luz, e acendo um cigarro, e encaro olhares o tempo todo.
"Até parece que sou famoso.. pera, eu sou".
Riu sozinho e suas expressões de admiração acabam mudando para "não liga que ele é louco".
-Não é que essa porra tinha álcool mesmo kkkk, aiii minha vida é uma merda, como deve tá aquela idiota, deve ter corrido pro vagabundo do light, igual da outra vez.
Chuto uma lata no meu caminho e percebo que é um urso de criança, não uma lata .
-Desculpa linda donzela ( agaicho e pego o ursinho marrom de laço rosa ).
A mãe dela me olha furiosa e a criação ameaça chorar.
-Seu mal educado dos infernos, chuta sua mãe. ( a mulher furiosa, esbraveja para amedrontar ).
-Calma senhora. ( entrego o urso na mão da menina ).
-Descontar sua raiva nas coisas não mudará os problemas.
Eu arregalo os olhos e sinalizo que sim com a cabeça, afinal ela não está errada.
Ela puxa a menina pelo braço com força e segue andando com ela, a menina olha pra mim confusa e seus olhinhos me lembram o de.. Isadora.
Um flashback volta a me atormentar com lembranças de um pai babaca e que era completamente cego pelo trabalho.
Chego na minha casa em westminster, londres, perto do famoso big ben.
Meu amigo está deitado com uma mulher de langerie no sofá.
Ele num pulo veste a calça e a menina se cobre.
-Viro motel, não sabia?
-Eaiiii Andy beleza cara, como você tá?
Ele estende a mão pra mim e eu só olho com cara de nojo.
-Não sei onde passou isso, não arrisco.
( digo num tom enjoado ).
A menina dele não para de olhar com aquela cara de safada.
-Essa ai é fácil. Gosta do tipo. Quanto ela cobra?
Ambos se calam e me encaram como se eu falasse algo absurdo.
-Seu idiota estúpido, vai pro inferno.
Ela joga o lençol na minha cara, recolhe as roupas do chão depressa, empurra meu colega. E sai pela porta.
-Eiii vai deixar um brinde pra mim? ( debocho de sua cara ).
Balanço uma calcinha preta de renda.
-Como? ( a garota fácil ruboriza ).
Ela puxa forte a calcinha, quase carregando minha mão junto.
-Achei que você estava com a langerie completa, mais só era o sutiã mesmo, isso aí é bojo ou silicone?
-Morram vocês dois, seus idiotaaaaaas. ( ela mostra o dedo do meio e bate a porta ).
-Eiri você bebeu ? Ela era mó gostosinha, como pode destruir meu esquema parceiro.
-Você encontra outra melhor ( digo sem emoção ).
-Cara mudando de assunto se viu o boato que tá rolando na internet?
-Não! ( acaricio o Eiri 2, gato de Katharina ).
-VOCÊ se envolveu com uma drogada?
-Não.
-Alcoólatra ?
-Não.
-Você estuprou alguém.
-Porra claro que não velho. ( eu me irrito).
-Então porque tem uma mina novinha te esculaxando nas redes?
Eu largo o gato e ele cai no chão com tudo.
-Quê, que brincadeira é essa?
-Se liga nesse vídeo.
Raider me mostra uma moça de cabelos cortados e roupas vulgares, com cara de zumbi, " essa é a IRINA?"
-Caralho ela tá horrível ( digo com a mão na boca ).
-Achei sexy ( ele ri já pensando em algo pervertido ).
-Você é doente. ( retruco ).
-Kkkkkkkkkk mano essa minha é locona, ela tem até marcas de pancada, muito drogada, alá kkkkkk ( Raider chora de ri ).
-Deve ser crack ( brinco ).
Meu semblante volta a ficar preocupado.
-Eai cara?
-Ham..
-O que vai fazer, vai perder patrocínio de graça, por causa dessa vaca? Ela te defamando.
Me levanto num pulo e o puxo pelo colarinho.
-Fale.. com.. palavra..ss ami-go..o ( ele está ficando vermelho e roxo, suas veias saltam ).
Preciono seu corpo contra a parede só com um braço, o meu braço está em seu pescoço e a outra mexe no celular.
-Quem é essa que me ligo, tá de brincadeira, deve ser cobrança.
-Att..een...dee
-Cala boca graveto.
-Alô? Ohhhhh saco da minha vida, num responde.
Solto Raider quando escuto uma voz de criança.
-Paiiii, papai é você?? Sou eu lembra de mim, sou sua filha!
Quase riu de sua inocência.
-Claro que sei.
-Pai eu preciso fala logo, aquela moça da flor ela, tá comigo.
-Quem? Fala direto menina!
-É iii..iii, alguma coisa, a garota de cabelo azul, eles me pegaram, e ela também.
Minha expressão se torna violenta e cruel.
-Calma me da a localização.
-Pai sou uma pessoa, não o google.
-Anda! Ahhh me desobedece! Ahh me desacata pra ver.
-Briga depois, tô sem tempo. Aqui é um lugar com cadeiras, pessoas, câmeras, estão ameaçando ela pai!
-É onde tá a coletiva?
-É... essa mesmo.
-Puta que pariu ( digo alto no celular e esqueço que ela é uma criança de 6 anos ).
-Puta.. o que?
-Nada, só adultos falam isso, porra.
-Porra?
-Isadora desliga essa merda! Faz esse favor e te tenta fugi.
-Como a princesa que foge do castelo em chamas, e vem o dragão e destrói tudo, eles são como dragões né?.
-Caralho o que a Alexia bota pra você assisti, sua tia é retardada.
-Pai.. e se eu não consegui eu vou morrer? Como a mamãe?
Meu coração amolece e eu fraquejo um pouco.
-Não, confio em você.
-Mordi, chuta, espanca, grita, chora faz escândalo, e acelera esses pezinhos. ( dou dicas esbravejndo no celular ).
Ela concorda e fica mais aliviada.
Ao desligar, serro os punhos e fico observando o canto da parede.
-Ei cara! Não acha que é demais pra uma criança de 6 anos.
Eu o olho com frieza e ele se afasta.
-Já tem minha resposta Raider.
Telefono a Adam já fechando o porta malas e subindo para pegar minha arma na gaveta.
-Adam é sério isso? A Irina ela tá sendo forçada a algo? se souber..por favor me responde o quanto antes. Pode ser tarde demais.
-Ou Andy, ela tá acabando com você e agora tu tá que nem cachorro atrás dela.
-Não é Irina.. ela tá sendo forçada.
-Tem certeza?
-Ela é louca, doida, desastrada, mas não iria destruir minha vida.
-E porque ?( ele insiste em me irritar ).
-Ela me ama. ( meu olhar se sensibiliza e minha feição também ).
-Eiii..ta tá sério assim? e eu achei que você não ia mais supera a morte da Katharina.
-É... foi uma tragédia mesmo mas..vida que segue.
Coloco a arma em minha cintura e entrego uma para Raider.
-Voltando aos velhos tempos? Capitaozinho.
-Vai me ajuda ou não seu pamonha pirigueteiro?
-Vou, vou, aonde você for eu vou, mas..tem um probleminha cumpadre.
-E qual é ( minha expressão é neutra ).
-Estamos bêbados.
-Eu bêbado sou melhor do que sóbrio, vamos!
-Perai cara e se agente bate?
-Fácil, só ligar o carro e dirige de novo.
-Cara que insano, mas gostei!
Um louco concordando com o outro.
Sei que vai da merda, mas preciso ver a verdade com meus próprios olhos.
As pessoas se reunem no telão da cidade, me olham com desprezo, e acabo devolvendo o mesmo gesto.
-Virei notícia!
-Você tá nos em alta do YouTube, manoooo que maneiro.
-Presta atenção, seu pastel! Quero que fique no carro quando chegarmos lá, se ver algo estranho, atire.
-E como vou saber quem é vilão?
-Quem tive atirando em você..
-Ahhhhh.
"Aff.. Não tenho paciência".
"Acho que é por isso que não sirvo pra ser cuidador de idoso, nem professor".
Meu celular toca.
-Ou Eiri, oi sou eu, você tá nas notícias, em todo lugar...
-Sei, já sei.
-A Irina tá dando entrevista pra Idris.
-Idris?
-É uma companhia de críticos que julgam a fama das pessoas, eles derrubam e levantam os famosos.
-Misericórdia.
-É ela, tá estranha, não é assim.
-Também sei disso.
-Você tá por onde?
-Saindo de Londres na velocidade do batman, bêbado e armado.
-Percebi, mais... pera ARMADO? Fico maluco, vai mata ela seu desgraçado!
-Não monalisa, não vou.
-Você está alterado não deveria aparecer.
-Porque não?
-Vai bagunçar ainda mais, a imprensa vai engoli você, e ainda vão te jogar na cadeia.
-Aiii para de drama.. me encontra na saída de Londres, beleza ? No último posto.
Ele respira, pensa, e demora a confirmar.
-Um dois, três testando, monalisa terra chamado.
-TÁAA EU VOU CACETE, TÔ INDO. Se der errado mato você.
-Ok.
-Como ok, seu imbecil?
Desligo na cara dele e sigo acelerando.
Com plano suicida em minha mente, sigo com Adam e Raider.
Chegamos a Foster primeiro e vou até minha sala, vejo que está revirada, os funcionários dizem que foi Irina.
Meu coração acelera demais, acho que é pelo nervosismo.
O bilhete para os ladrões está no chão.
Eu coloco no bolso, pego minha daga na gaveta cuja chave está comigo.
Fiz um fundo falso onde escondi ela, junto com um bolo de dinheiro.
Vou piando no chão para ver qual a parte mais oca, e então meto um pisão.
-Quê isso vai quebra tudo cara, agente precisa sair daqui! Vamosss, esquece isso. ( Raider estremece ).
-Espera ( adam segura no braço de Raider impedindo a aproximação ).
-Achei! ( digo num tom de alívio ).
Eles ficam de boca aberta com a quantidade de armamento que tenho.
-Você é um criminoso? ( adam se espanta).
-Não ele era lider da máfia, nosso capitãozinho e eu o braço direito dele. ( Raider se empolga em dizer ).
-É. Isso foi a uns 5 anos atrás, agora já era, somos mulas cansadas, não podemos fazer muito ( dou de ombros ).
-Líder de uma MÁFIA? O QUE TÁ HAVENDO, VOCÊ... ENGANO ELA.
-Disse que tenho muito sangue em minhas mãos, eu matava sem dó e sem piedade, nunca me preocupei se tinham família ou não. Até me colocarem na parte da tortura, ai eu me tornei numa máquina mortal, tudo que eu queria era ve-los sofrer e isso de certa forma me excitava, eu era um doente.
Adam começa a tremer de raiva e sinto nos seus olhos a revolta.
-Meu pai morreuu.. por que devia... devia muito.. ele era um tolo, idiota e bêbado, ele fez rolo com caras pesados e pago com a vida.
-Seu pai foi um bom homem, e tinha um motivo pra fazer o que fez. Graças a ele Katharina estudou, tinha comida na mesa, as melhores roupas.
-E o amor CADÊ O AMOR, A MERDA DO AMOR EM EIRI YUKI... EU ODEIO ESSE SEU JEITO CARA, TUDO PRA VOCÊ É NORMAL E CERTO.
-Minha filha me pergunta porque minha profissão é matar pessoas..e até hoje não sei responder.
Adam vem pra cima de mim, mais é repreendido por Raider.
-Seu MONSTRO, NÃO É MESMO UM ROMANCISTA! ISSO É FACHADA NÉ? SEU DESGRAÇADO MENTIROSO.
-Virei romancista por causa de Katharina minha ex noiva que esperava uma filha minha. Ela pego na minha mão e me tirou da escuridão. Seu sonho era ser mãe e antes que ela morrece eu consedi. Fiz dela uma mulher e ela me fez um homem, esqueci meus pecados.. e prossegui até ela me deixar.
Adam ainda imóvel, morde o lábio para se controlar, seus olhos saltam como se quisessem sair pra fora.
-Não deixa de ser um mostro! Tô aqui ainda por Katharina e não por você, sabe que nos damos bem em partes, agora cara... Não dá pra ser mais seu amigo.
-Entendo ( respondo me sentindo mal pelo que falei ).
-E então ela tá encrencada, ela tá fudida Andy!
-Sei...
-E agora bonitão o que fará, CAPITÃO ( Adam ironiza ).
-Querem minha cabeça em uma bandeja e ela tá pagando o pato, não sabia que iriam descobrir sobre ela, e nem sobre.. Isadora.
Ambos ficamos pensativos, quase que sem esperança, mas pegamos o armamento, colocamos tudo no seu devido lugar e caímos fora.
Mando todos desligarem o celular pra caso invadiren o sistema, não vão saber onde estamos, e seguimos o mais rápido possível, sem Gps sem nada eletrônico.
Chegando lá desligamos os faróis do carro, e tem 5 caras na porta armados, e na estrada um acidente feio.
-Cara teve uma explosão ali? Se viu isso.
Eu observo com frio na barriga e o coração desparado.
Raider sai do carro a caminho da explosão e homens experientes já atiram, ele reagi e dois caem.
-Ele conseguiu ( Adam abre um Sorriso impressionado).
-Não se empolga, não e dona Lena não pode saber disso.
Vejo uma movimentação estranha no mato onde há uma casa abandonada, ouço gritos e choros.
-É Irina ( adam se desespera ).
-Calma.
Eles começam a atirar em mim, empurro Adam para para trás da mureta de pedra.
Sem hesitar mato todos aqueles que reagem até os que correm.
Adam segura a arma e treme ao mirar.
-Sem dó Adam.
-Não consigo.
-Vaiiii
-Não! Não Dáaa. ( ele começa a chorar ).
-Agoraaa. ( ponho pressão na voz ).
Ele atira e o cara em sua frente cai desacordado.
-Vem? ( respondo de forma fria ).
-Eu matei uma pessoa..
-É normal agora anda.
Neutro permaneço.
A porta está emperrada e para abrir dou um chute imenso com toda raiva, a fazendo quebrar no meio.
E lá está Irina, como uma cara de dar dó, sem fôlego e sangrando.
Me seguro pra não chorar mais é revoltante ver alguém que ama.. ser ferido.
-Aí que eu pergunto, porque deixou ela.. Eiri ? ( Adam me olha com pavor e indignação ).
-Ela também era minha luz... ( a dor em meus olhos refletem na Expressão de Irina ).
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O que ele quer de mim?
RomanceÉ a continuação do livro: A última viga. Relata sobre a trajetória de Katharina uma garota confusa e problemática. Sua vida é completamente azarada, mas agora ela está ao lado do romancista e modelo Eiri Yuki, que depois de Meses de convivência aind...