Eiri está me consumindo aos poucos. Um amor que antes era fofo e engraçado acabou se tornando um imenso barraco. Minha cabeça dói e não paro de chora atrás da porta, com a mão no peito..
Algo falta, não consigo mais me reconhecer.
"O que está acontecendo?"
"Estou sendo completamente dominada por ele?"
Dia dia após dia passam... e eu decido escrever um bilhete e deixar o anel em cima, juntos.. na mesa.
Com olhos inchados mais determinada.
Vou a Foster e peço demissão, fácil e simples.
Pego o ônibus e meu encontro é com minha mãe.. chorando e sendo aparada por músicas no caminho.
Rasguei e botei fogo na copia em primeira mão que ele me deu, de um romance recém escrito.
Vi cada folha queimar com muito gosto e prazer, como se uma parte ruim minha estivesse entre as chamas.
Minha mãe me olha preocupada e em vez de me receber com um tapa, me abraça fortemente, e eu retribuo com soluços e lágrimas, que ensopam sua blusa.
Eu passo noite e dia sentada na minha cama olhando para cômoda em frente.
Tudo parece que acabou e fiz tudo sem olhar na cara dele.
Resolvi pintar meu cabelo de azul claro, "mais parecido com um algodão doce", e meus cabelos cresceram, mas não os cortei.
Dona Lena falou horas em meu ouvido por causa da mudança, só que em vão, porque deletei tudo que ela falava, liguei o "Foda-se".
Adam me viu naquele estado, pensativa, triste, deprimida e quieta. Foi pessoalmente na casa de Eiri, na fúria, querendo arracar sua cabeça fora, por me deixar.. "Mas fui eu quem quis".
Minha mãe me levou para viajar com ela para a cidade de meus avós já falecidos, com intuito de me mostrar o túmulo e a casa em que ela morou.
Eu como não tinha nada pra fazer..fui.
Minhas roupas estão com o perfume dele e todos os rapazes bonitos que passam por mim, me lembram ele.
-Merda!
Minha mãe aperta minha mão e abre um sorriso.
Eu encosto em seu ombro e tento adormecer na viagem.
Eu vejo Eiri me encarando com a roupa toda preta, casaco preto de couro e aquele olhar de gavião, de perna cruzada me olhando bravo, e então numa lombada, acabo assustando.
-Filha se tá bem? Quer descer um pouco?
-Não mãe.. to bem fica tranquila, só foi um sonho ruim.
Recebo a ligação de Adam mas não quero atender. Ele vai querer falar do Eiri, e não estou afim de ouvir.
Minha mãe pega um pão de queijo e um café durante a parada, mesmo sem fome, como para agradar.
Adam persiste e eu coloco no modo avião só de raiva.
Minha mãe tá legal comigo, isso me preocupa.
Quando estou ajudando minha mãe com a bolsa ao descer ,avisto uma pessoa na rodoviária.
Meu primeiro namoradinho.
Eu olho pra minha mãe e olho pra ele de novo, como se tudo não passasse de uma miragem.
Ele estende os braços e corro para abraça-lo forte. Ele da um beijo em minha cabeça, assim como minha mãe faz.
Vejo uma senhora em prantos
-Que menina grande jesus. ( ela chega treme de chora).
-Mãe quem é essa? ( pergunto baixo)
-Respeita menina, é sua tia tá vendo não? ( ela me da um beliscão no braço).
Abraço a senhora sem jeito e ela me retribui tão forte que chega a quase me levanta.
Minha mãe segue conversando e rindo abraçada com ela.
-Lembra quando você não sabia anda de bicicleta e andou sozinha dando uma de durona e se esburrachou toda?
-Hã? ( respondo ao menino num sinal de estranheza).
-Kkkk deixa kethinha, deixa quieto.
-Ke..thinha, mas o quê? ( riu como se fosse a coisa mais ridícula do mundo ).
-Eu lembro de tudo, cada passo seu, sempre fui apaixonado por você, e você era durona, orgulhosa, nunca deu chance a ninguém, era conhecida como a " Chakate". Chata que só.
-Meu nome agora é Irina.
-Sabia que sua mãe tirou o Francielle?
-Deus, tô chocada, para o mundo que eu quero desce kkk ( riu impressionada com o meu passado desconhecido ).
-É..seu nome era esse Katharina Francielle German Surian e ai você odiava, até chorava quando te chamávamos pelo segundo nome.
-É.. não lembro ( abro uma cara irônica ).
Ele ri da minha inocência e falta de memória.
-Você morou aqui por 8 anos, seu nome foi tirado aos 5 ou 6.
-E porque minha mãe saiu? Daqui, parece ser calmo e pacífico..
-Nada, aqui pra passea é bom, agora MORA? Kkkk sem chance, tem emprego não e é tudo muito parado, o tempo não passa.
Sua voz arrastada e certinha me faz rir demais.
Ele estende a mão e diz.
-Vamos começar de novo Kethinha.
-Claro prazer, pode me chamar de Irina.
-Sou Lion prazer.
Seu sorriso é lindo, mais seu jeitão largado é engraçado.
-Meu Leozinho ( brinco )
-Kkkkkk sou nada, você deve tá cheia de pretendentes.
-Não tenho azar na sorte, azar no azar.
-Oooloookoo Kethinha.
-I-R-I-N-A. ( rosno pra ele ).
O que faz com que ele sorria mostrando as covinhas.
Nós sentamos na mureta de pedra e conversamos por horas, era tão calmo, tranquilo, só mato e uns animais pastando.
Os pernilongos logo tomam de conta e eu escuto o som dos grilos até de fone.
-Faz faculdade ?
-Hã.. bom eu já fiz, Veterinária.
-Porque paro?
-Pessoas chatas, e muita pressão.
-Hummmm.. bom já eu faço design
-Ouuu legal ( falo num tom falso ).
"CARA ELE TEM FACUL?? SE LASCAR, AQUI NUM TEM NEM CURSO PRA PERNILONGO".
-Se quiser posso te desenha aqui e agora.
-Tá então começa. ( digo desafiando).
Ele pega um lápis, uma folha sulfite e começa.
Demora alguns minutos mas... finalmente ele finaliza.
Fico de boca aberta, quanto talento.
-Bom esse foi correndo, mais tem uns que faço que demoram horas e saem lindos.
-Táaa perfeito, da até pra coloca num quadro.
Minha mãe fica pensativa olhando pra caneca a sua frente, e então dou um pulo com grito.
-LENAAAAAA OLHA SÓ QUE QUE EU GANHEIIIIIII.
Ela me da um tapa forte no ombro e faz até marca.
-Vai assusta seus colegas molequeca folgada. Quer me mata?
-Aiiii doeu mãe, você pega pesado.
-Para se frouxa , isso não é nada.
-Já vi quem a kethinha puxo..eee dona Lena. ( diz Lion aparecendo de penetra na conversa ).
O "sorrisão" nos leva para dar uma volta na sua picape no dia seguinte, nos deixa no rio com cachoeira a 40 minutos dali.
Minha mãe bota o traje de banho e tenta desce pelas pedras e sai xingando até la em baixo.
As crianças que nadam no rio ajudam ela, pegando em sua mão pra não escorregar.
-Alaaaa, parece criança. ( digo zoando a cara da minha mãe).
-Você não vai? ( ele diz tirando a roupa )
-Ahh claro com esse vento gelado, crianças e mosquitos sobrevoando a água? Nem..
-Sua mãe era assim.. frescaaa ( ele diz piscando um dos olhos ).
Minha mãe apoia nas crianças, e os pirralhos gargalham de seu medo.
-Não sei nada, tá legal!!! e vocês me ajudem ou a tia não vai pagar salgadinho. ( minha mãe faz um acordo com as crianças ).
-Ela tá subornando? Kkk não creio ( digo as mãos na cintura ).
Lion está pendurado numa corda e se joga lá de cima, como um tarzan da vida só que sem os grito. Ele cai no meio do rio e com seu impacto, acabou criando ondas, fazendo com que minha "Doce mãe" de um tapa em sua cabeça.
-Tia num fiz nada.. relaxa ai.
-Me RESPEITA MOLEQUE, TÁ VENDO QUE NÃO NADO, E SE EU ME AFOGASSE HEIN?
"Começo o chilique", o bom que ele só ri da situação.
Ele nos leva pra janta e aquelas coisas fortes e gordurosas fazem meu estômago embrulhar.
-Cara não vou comer isso..
-Ahh você vive do que, brócolis?
-Ué qualquer coisa menos isso.
-Como você mudo, agente comia, marisco, pescava, andava a cavalo, todo dia ia no rio depois da escola, kk comia até barro brincando de bolinho.
-Credo, que nojo!!! kkkk afff ..Lion.
-O quê faz no tempo livre?
-Leio romances, escuto músicas, assisto animes, filmes.. é isso.
-Nossa só no celular? Que tristeza.
-Ahh valeu por se importar ( digo com sarcasmo ).
-Desculpa mais você não tá vivendo.
Olho com ranço pra ele.
Minha mãe me come com o olhar e eu desvio fingindo que não é pra mim.
5 da manhã vejo 7 chamadas perdidas de Adam, meu sinal é fraco aqui, sorte que meu celular ainda funciona apesar da Victória taca-lo contra parede.
Os mosquitos me infernizam e o sol nasce cedo demais.
Ando pelo gramado com horta, pés de frutas e um balanço de penel.
Avisto Lion já de pé, tirando leite da vaca, ele me grita e eu vou sem vontade.
-Vem cá, tenta fazer.
-Nãoooooo! para sério eu só quero ver.
Ele coloca minha mão na teta da vaca
"AHHHHH CARA QUE HORRÍVEL! NÃOOO ..TÃO QUENTE E MOLE".
-Viu é fácil. ( ele puxa comigo ).
Em seguida me faz dar comida para as galinhas.. milho.
-Grrrr.
-Vai, só jogar.
-Táaa!! to indo, aff. ( digo com cara de medo e nojo).
Ele cruza os braços e ri do meus tropeços.
-Você é péssima nisso.
-Aahhhh, agora QUE VOCÊ PERCEBEU LINDÃO?
No almoço a mãe dele me bota pra corta costela.
-Não sei o que fazer com isso.
-Filha é só meter a pexeira.
-Que isso? Taca peixe em quem tia?
Minha tia olha para minha mãe incrédula.
-O que ensino pra ela, em Lena? Ela não sabe nada.
Eu olho feio pra ela, "Acabando comigo, na minha presença, fala sério".
Colho alguns legumes, gerando alguns cortes no braço, pelas folhas e espinhos ao redor.
Entro na casa cheia de manchas de terra.
-Minha filhaaaa você tá só o pó! ( minha mãe fica besta de me ver tão...maloca).
-É mãezoca, férias são assim. ( digo fazendo caretas ).
Ela balança a cabeça num sinal de negação com a mão na boca.
-Ela precisa de crescer, você criou uma madame não uma mulher batalhadora ( diz minha tia curta e grossa).
Eu largo a cesta de legumes e saio sem rumo pela estrada de terra.
Minha mãe me grita e eu só acelero o passo, o mais distante possível.
Vejo um cavalo sozinho comendo mato ali perto, me aproximo e ele relincha.
-Calma rapaz, calma.. tá tudo bem, sou só eu.
Ele me encara como se eu fosse uma louca desesperada.
Ele da uns passos pra trás e eu estendo a mão pra ele, esperando o "pocotó" vir até mim.
Sem sucesso. Então dou mais uns passos a frente e o acaricio com o coração na mão, mas demostrando confiança por fora.
-Pérola! PÉROLA!
Lion chega de longe com água e o cavalo me larga sem nem olhar pra trás.
Eu caio no chão pelo empurrão que ele me dá.
-Se tá bem? ( Lion me levanta só num braço ).
-É.. só cai de madura, tô bem. ( confirmo me limpando ).
-Hoje não é seu dia.
-Tá fodaaa! ( exclamo ).
-Olha a boca menina ( diz ele tampando minha boca).
-Qual é ? ( eu a tiro ).
-Quer dar uma volta? ( ele muda o assunto ).
-Olha.. eu aceito, mais não sei como ir.
-Eu ensino.
Seu sorriso é incrível, "será que ele usa droga? Não é possível ser tão feliz?".
Ele me pega pela cintura e me monta na.. pérola, "assim que se chama".
-Bora, up..up!
-Kkkkkkkkk
Dou risada do seu jeito de falar com o cavalo.
Seguimos a estrada, dessa vez por fora dos portões. Seguro em sua cintura e ele sorri.
O vento batendo em meu rosto é a melhor sensação.
-Segura firme, você não tem costume.
-Pode deixar capitão. ( dou uma de engraçada).
Eu me sinto estranha cavalgando, fico olhando o chão, e volto para suas costas.
A vista é digna de foto. "Pena que estou sem celular, deixei lá".
-Não sente falta do celular? ( quebro o silêncio).
-Não, prefiro ver tudo que está em minha frente, isso sim que é viver.
Eu me calo e por pouco não caio do cavalo com a resposta.
-Tem namorada? ( pergunta idiota e no momento errado ).
-Tô noivo.
-Quê?
-É eu vou, já tá decido, dote.. tudo, o pai dela tem fazenda é bem de vida.
-Nãoooo..( digo espontaneamente).
-Não o quê?
-Tem que ser alguém que você ame, não pode aceitar qualquer coisa, é lindo, tem talento.. Não desperdice isso.
Ele para o cavalo, me desce, encara meus olhos com autoridade.
-Aqui é assim, costumes diferentes, lugares diferentes. E ela é legal, uma boa menina, vai ser médica.
Eu o olho como se alguém tivesse morrido e sem quere choro.
-Paraaa Irina.
Meus olhos se abrem mais do que o normal.
-Eiriii? ( olho pra ele feito um troféu, dizendo sem pensar ).
-Quem?
-Nada só pensei alto.. ( começo a por as mãos na cabeça).
-Pelo jeito alguém tá ocupando sua mente. ( ele passa a mão no meu rosto ).
Eu fico de ponta de pé pra tentar beija-lo, mais ele vira o rosto, e o beijo é direcionado a bochecha.
-Você está confusa.. Katharina ( ele diz num tom sério).
Sem graça permaneço, "Sou um fracasso".
A noite durmo na grama olhando para as estrelas, derrubando lágrimas sem parar, "meu rosto é o próprio rio".
Uma pessoa caminha até mim e deita ao meu lado.
-Olhando as estrelas?
Eu o olho com as vistas marejadas,
e ele seca minhas lágrimas com suas mãos grossas e grandes de forma delicada como se tocasse numa flor.
-É... eu me perdi nelas ( brinco ).
-Eu também já me perdi ( ele se vira pra mim com os olhos brilhantes ).
E abre seu sorriso...aquele sorriso caloroso e.. reconfortante.
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O que ele quer de mim?
RomanceÉ a continuação do livro: A última viga. Relata sobre a trajetória de Katharina uma garota confusa e problemática. Sua vida é completamente azarada, mas agora ela está ao lado do romancista e modelo Eiri Yuki, que depois de Meses de convivência aind...