Lembranças que eu tento esquecer

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Flashback ON:

-Pai, paiiiiiii. Vamo embora, a mamãe vai ficar brava.
-Fica quieta katharina, eu preciso entregar isso ao um amigo, é rapidinho.
Ele me mostra um pacote marrom pra mim.
-Paiiiii..
-Xiu!
Eu esbarro em um homem sem camisa, loiro, com uma cruz pendurada no pescoço que  chega ao umbigo. Ele tem um porte físico bonito e seu rosto é angelical.
-Já disse mil vezes não trazer pivetes aqui!!
-Ahh, eu não tinha com quem deixar, estamos só de passagem. ( meu pai sorri forçadamente ).
O lugar é cheio de pessoas que Dançam, sentam no colo uma das outras, se beijam, e até..se esfregam.
A luz azul com roxa e o som alto me deixam tonta.
O moço a minha frente se senta num sofá de couro enorme com uma menina de cada lado. Uma delas está enrolando uma mecha de cabelo entre os dedos, a outra masca chiclete e alisa o peitoral dele.
-Aqui está o combinado! ( meu pai coloca o pacote na mesa ).
O moço abre e seu olhar se torna sombrio.
-Esse não foi o combinado, é muito mais.
-É tudo que tenho.
-Mentira, deve ter gastado tudo em bebida e jogo.
-Meu pai não é mentiroso coisa nenhuma! ( grito fazendo cara de brava e o que ganho são risadas ).
O loiro me puxa pelo braço com força, ficando a milímetros de seu rosto.
-Escuta aqui sua pirralha maldita, quem pensa que é pra me trata dessa maneira, sabe muito bem que se enche o saco posso desovar você.
Começo a chorar.
-Calma, cara pega leve, ela é só uma criança.
-E então o que vai ser ? ( o homem que me fez ameaças, se recompõe, acende um cigarro e joga a fumaça na nossa  cara ).
-Não posso arrumar mais que isso, é todo meu salário fora a poupança.
O loiro vê que tusso e apaga o cigarro jogando o resto da fumaça para lateral.
-Por favor, sou um pai de família. ( começo a sentir um certo tremor em sua voz ).
-Deveria ter pensado nisso antes de se tornar um bebum esfarrapado,  entupindo o rabo de cachaça todo santo dia, torrando dinheiro que nem água. Você é uma vergonha para sua família.
-Ah.. ( antes que eu abra a boca ele me entrega um perulito " pop" pedindo meu silêncio ou melhor comprando meu silêncio ).
-Chupa isso aí e cala boca, você me irrita!
-Vou te dar um prazo de 3 dias pilantra, se não conseguir a grana até lá, sua família que vai pagar o preço.
-Não pode fazer isso, você não tem coragem.
-Meu coração é puro..
-Hã? ( meu pai Franzi a testa ).
-Pura maldade... sério não tenho dó de ninguém, nem se for a minha mãe.
-Como um moleque de 16 anos como você, que assumiu a empresa do pai, se envolve com caras criminosos?
O loiro já de saco cheio dá um gole na bebida e deixa cair o copo, espalhando cacos por toda parte.
-Basta!
-Leve a menina daqui, o assunto agora é de homen pra homem.
-Paiii, paii!
-Tá tudo bem filha, me espera lá fora.
O moço que tranquilizou o loiro irritado, diz que vai me pagar um sorvete e me leva dali.
Dou a mão pra ele, mas não consigo tirar os olhos do loiro e ele me encara feito uma fera selvagem, ele me poupou daquilo, talvez aí começasse meus pesadelos.
Ouço barulhos estrondosos que me fazem dar um pulo, e meu coração disparar.
-É tiro..ooo? ( respondo pra mim mesma )
-Calma não é nada, só devem ter derrubado algo, toma aqui seu sorvete de flocos com chocolate.
-Cadê a palavra mágica?
-Obrigada.
-De nada, lindinha. Qual seu nome e a sua idade.
Ele passeia comigo até um banco de praça.
-Katharina Francielle, tenho 7 anos.
-Ahhh, que nome... bonito, é longo mais bonito. Você é daqui?
-Sou do interior, mas agora moro em Port Angeles.
-E porque veio pra cá?
-Minha mamãe queria que eu tivesse um futuro, e lá não tem emprego.
-Entendo. E ela tá trabalhando?
-Não tá bebendo como sempre, ela e o papai não se dão  muito bem, tem briga todo dia.
-Você é uma menina muito dada, mais ao mesmo tempo tem que tomar cuidado com estranhos, podem te levar, sabia?
-É igual a chapeuzinho e o lobo mal. Mais você não é mal, porque me deu sorvete. E eu gosto de sorvete.
-Ahhh é? Sou confiável? Tá certo! Meu nome é...

Flashback OFF.

sinto uma mão quente em meu rosto e meu olhar vai focando aos poucos, até formar a imagem de Eiri.
-Acorda ou vai se atrasar, tem café, croissant, torradas e nutella.
Dou um pulo quando vejo que é Eiri.
-Ei, calma, tava sonhando com o que?
-Ahhh, nada, só foi um.. pesadelo.
-Pesadelo é pra gente fraca, vai levanta dai ( ele puxa meu edredom ).
-Nãaaaaaaummmm para de ser chatooooo.
-Chato nada, anda logo, temos que ir.
-Porque quis entra pra faculdade? ( puxo o edredom de volta ).
-Não é da sua conta ( ele puxa a sua parte ).
-É sim, é minha facul, meu sonho tá em jogo e você não vai atrapalha por ciúme  bobo.
-Ciúme? Quem falo de ciúme sua loka, só quero te protege, agora largaaaa..
-Nãaaaaao.
-Irina é sério vai raasgaaaaa.
-Foda-se você tem dinheirooooo
-Pirralha malditaaaaa.
Na hora que escuto isso eu solto.
-Ou que porra é essa? Pode nem durmi mais, geme mais baixo por favor.
-QUÊEEEEE? ( ambos respondemos ).
-Não é o que você tá pensando seu pastel, é esse ser irritante que não quer levantar.
" pirralha maldita " "irritante".
Observo seu peitoral, no pescoço tem tem a cruz preta, igual do sonho.
"As peças aos poucos vão se encaixando".
No banho..
Deixo a água quente cair sob meus ombros me acalmando e aliviando o turbilhão de pensamentos.
A cada pedaço de croissant que como, um flashback vai aparecendo.

Flashback ON:

O que ele quer de mim?Onde histórias criam vida. Descubra agora