O que ele quer de mim?

Se ajoelhe pra mim, Leona.

Entro no ap em silêncio, enquanto Eiri ainda está no estacionamento.
-Perai? A porta tá encostada? Tá de brincadeira?
"Eiri largo aberto, não é possível".
-Parada aí!
Uma menina vestida toda de branco com roupa de hospital e alguns esparadrapos, aponta uma arma pra mim.
-Que isso? ( olho assustada ).
-Eu vou te mata e depois eu me mato!
-Tá loucaaaa, perdeu a cabeça?
-Cala boca, sua vadia, você roubou ele de mim, e agora vou tirar ele de você.
Minha mão vai a frente e com um pé de cada vez me aproximo e então ela ameaça.
-Mais um passo e eu atiro.
Quando eu me movimento ela mira no vaso de cristal e atira.
Me fazendo dar um grito de filme de terror.
-Eu TÔ AVISANDO, NÃO VIM AQUI PRA ADIMIRA OS POMBINHOS, EU VIM PRA APAGA VOCÊ, SUA QUENGA IMBECIL.
-Nós podemos conversar...
-Jura? ( diz a voz rouca de Eiri ).
-Andy... é você?
-Não. Sou a monalisa!
-Continua o mesmo, eu sabia.
-Não sou mais aquele moleque de antes.
-Escuta, ou você volta comigo, ou eu mato ela, você escolhe.
-Sério, tão fácil assim?
O olho com interrogação "que merda que ele tá tramando".
-ANDY É MELHOR ESCOLHER OU EU MATO OS DOIS.
-Porque todas as mulheres que você se relaciona são loucas? ( pergunto de indecisa ).
-Pois é, até hoje me faço essa mesma pergunta.
-PARA DE ME IGNORA SEU CANALHA.
-Baixa essa arma!
-Não, até você se decidir, essa vadia sem sal ou eu.
Eiri revira os olhos.
-Não tô num bom dia hoje, não comi nada, bebi pra caralho e trepei num acostamento em cima de um capô, tem algum sentido pra você?
Ela começa a ranger os dentes de raiva.
-Seu cretino!
-Já sabemos, eu, você e a galera do Corinthians inteira.
"Porque Eiri brinca em momentos tão difíceis? É uma dádiva dos ninjas".
Ela atira mais uma vez e acerta o aquário atrás de mim, fazendo alguns cacos perfurarem a minha pele.
-Sua doente! Seu problema é comigo, não com ela.
-Você tem que me amar!!! Eu era uma pessoa tão obediente..
-Nunca gostei de garotas submissas, e sim com opinião formada, sensata, sincera, e inteligente.
Ela derruba algumas lágrimas de nervoso.
-Larga isso!
-Solta sua arma!
Antes que ele se defenda ela já lança.
-Sei que você anda sempre com uma na cintura.
Olho pra ele ainda não acreditando que essa coisa estava em um casamento.
Ele tira e ali vejo o quanto ele é desconfiado e prevenido.
Eiri coloca no chão.
-As facas também.
Eiri bufa e tira duas mini facas, uma de cada lado, da lateral de seus pés.
-Eiri? Você tem tudo isso?
-Eu disse tudo!!!
Ele arranca um soco inglês, uma daga, e algumas balas de seu bolso.
Figo paralisada "mas rapaz se tá indo pra guerra?" .
-Quer que eu tire as cuecas também? ( ele zoa ).
Ela baixa a arma.
-Você não vai atira em mim, né?
Ela pensa com cara de louca.
-Tudo que fiz foi mentira.
-Hã? ( estremeço ).
-Nada foi real. Não passou de uma simples diversão, uma brincadeira, no intuito de se satisfazer. Quem nunca fez isso que atire a primeira pedra.
-Eiriii.. Você mentiu pra mim, esse tempo todo.
-É, é isso aí.
Meu coração desacelera, diminui a frequência, "não posso ter um troço agora".
-Se estiver mentindo?
-E por acaso eu minto? Ludibriar, enganar, é diferente de mentir.
Ela amolece.
-Você é uma boa menina... sabe disso.
Ela aperta a mão dele, quando o loiro a carinha no rosto.
"Não mereço passar por tamanha humilhação".
-Você irá me amar?
-Sempre te amei Andy.
Ele olha fixamente em seus olhos como um predador.
-Se ajoelhe pra mim, Leona.
No mesmo instante ela obedece.
"Se isso não for submissa, eu não sei o que é".
-Matei tantas pessoas pra você ( ela chora ).
-Eu sei...
-Fiz o que me pediu, eu era como sua arlequina lembra? Agente formava um  belo casal.
Cruzo os braços e meu corpo treme, "não sei é de frio ou medo".
-Fez um ótimo trabalho. ( ele diz numa voz suave e sedutora ).
"Victória tinha razão, ele era doentio, fazer jurar lealdade, quem ele é? Um rei?".
-Me faça sua, me usa, faz o que quiser de mim, meu corpo pertence a você.
-E-Eiriii..
Ele faz um sinal de silêncio com a mão.
-Me espera lá fora Katharina.
-Eu mato ela pra você... ( ela diz com cara de psicopata).
-Sei, você é perfeita, igual a mim.
Ela sorri e escora a cabeça em seu peito.
-Mais...
-Faz o que eu tô te pedindo. ( ele me olha sério).
Cerro os punhos, faço cara de mal, e saio pisando forte no chão até a garagem.
Peço para alguns seguranças subirem e no mesmo instante eles vão.
Lá fora está um frio de 4 graus.
Abro um pouco o botão da camisa para tomar um ar.
E passo a mão no peito.
Massageio enquanto penso nas cenas picantes e nos momentos "que pra mim foram reais".
Vejo uma equipe de médicos e a perícia entrando.
Ela está acamada, dopada, amarrada.
Ela chama pelo nome dele. E a colocam na ambulância.
"Que horror, e sem falar que era minha amiga".
Decido subir e quando vejo minhas coisas estão na porta.
-Vai embora Irina!
-O que você fez com aquela menina?
-Eu disse pra ir!
-Quero respostas, ou eu grito e falo tudo que sei.
-Tá me ameaçando, acha que eu tenho medo de criança como você?
-Mais foi essa criança que te seduziu, te mudou, te fez o homem que é hoje, pensa nisso, seu egoísta.
Ele morde o lábio e coça a nuca.
Você é engraçada, acredita mesmo que sinto algo por você.
-Claro! Porque se você não me amasse com certeza me mataria, não me deixaria morar com você, nem transar tantas vezes.
-Chega! Já deu!
-Quer falar, mais não quer ouvir. Tá puto porque não fui uma ladra, uma sanguinária ou uma psicopata como elas?
-Já disse pra para!
-Tô parada.
Ele me olha com ódio.
-Não é assim que você me respondi? Seu farsante. Tem medo da sua própria sombra e quer me fazer ter medo também, você tem idéia, de como isso é idiota!
-Você não entendi meu passado, não sabe nada sobre mim.
-Todos temos problemas bonitão! Você não é o único sortudo.
Pego uma calça leg preta para vestir e não sair pelada na rua, tiro a blusa dele, coloco minha azul royal com desenho da Ariel. E uma jaqueta da bad cat cinza por cima. Meu all star preto com nuvens vermelhas de cano alto.
Jogo a camiseta embolada em sua cara.
-A chave?
Ele estende a mão.
"Que abuso".
Pego a chave e arremeço pela janela.
-Sua louca! ( ele exclama ).
-Vai lá, falar pra uma das suas cachorrinhas buscar, aposto que elas pulariam a sacada, só pra agrada você.
( meu tom sai sarcástico ).
Ele acompanha meus passos com os olhos e não diz nada.
Saio pelo corredor, mas antes preciso dar o gostinho da Vitória.
-Saiba que quem saiu perdendo,
Ele levanta a cabeça.
-Foi você! ( concluo firme ).
-E a propósito..
jogo o cartão sem limites, em seus pés, aproveito e devolvo a chave do carro que nem uso.
-O que for meu, eu mesmo conquisto, perdedor!
Seu suspiro é de tensão, ele não dá o braço a torcer, NUNCA dá.