Capítulo cinco - Tallinn

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   Mudo de roupa por aí umas cinco vezes. Estou muito nervosa e não quero parecer uma desleixada. Agora, estou com uma blusa azul de mangas compridas, uma saia de couro e botas. Deixo o meu cabelo solto e não uso muita maquiagem. Não me sinto tão bonita assim, tenho vontade de trocar de roupa novamente.
   Olho para o espelho e suspiro. Melissa sempre diz que eu sou péssima quando o assunto é roupa, e sempre mandei ela para o inferno, mas eu não acho que seja. Gosto da forma como me visto. Sou uma pessoa que adora botas, ténis, algumas vezes, e uso poucas calças.
   Tiro uma foto no espelho para mandar para Melissa e também para atualizar nas redes sociais. Pego na minha bolsa e saio do quarto.
   Normalmente, nunca saio de casa aos domingos para outros lugares que não sejam os apartamentos dos meus amigos ou para um bar com eles. Espero não passar vergonha na frente do Dean.
   É claro que já tive vários encontros, já beijei (claro que não sou boca virgem), tive também alguns relacionamentos que nunca considerei sérios, eram apenas aventuras de adolescente. Mas dessa vez é como se uma parte da minha vida dependesse disso. E preciso ter a certeza que aquele policial está interessado.
   Oiço uma buzina e saio de casa com as pernas tremendo. É o mini clubman do Dean que tinha visto na segunda vez que nos encontramos. Ele desce do carro e sorri como uma estrela de cinema.
    Está usando uma calça jeans, camisa branca dobrada até aos cotovelos, ténis All Stars pretos e com uma rosa nas mãos. Isso me faz sorrir e não me preocupar com a minha roupa.
   — Pensei que tinha perdido! —  Ele se aproxima e me entrega a rosa. — Oi! Você está linda!
   — Obrigada! Você também está!
   — Podemos ir? — Pergunta. — Prometo que vou proteger você. Vai se sentir segura.
   — Está bem!
   Caminhamos até seu carro e ele abre a porta para mim. Entro e coloco o sinto de segurança. Dean também entra no carro e liga os motores. Meu celular vibra, mas ignoro porque não quero ser atrapalhada por ninguém.
   Será que ele vai me beijar?
   — Eu estive pensando e podíamos comer alguma coisa antes do filme. O que você acha? Assim aproveitamos para conversar.
   — Acho uma ótima ideia. — Olho para ele.
   Ele dirige sorrindo e não consigo parar de olhar para ele. Não é normal um homem tão bonito estar interessado em mim.
   — Você gosta de animais? — Pergunta. Percebi que ele gosta de lançar perguntas de repente.
   — Claro que sim. Gosto de cães principalmente. Minha tia tem um e eu adoro ele. E você?
   — Eu também tenho um Pastor alemão. Ele é muito esperto. É um cão de polícia. Ele é como uma família para mim. Percebe?
   Olho para ele boquiaberta. Ele poderia ser mais fofo do que isso? Eu adoro animais e muito mais homens que adoram animais e agora ele vem me dizer que os considera família? Isso faz o meu coração derreter.
   — Perfeitamente! — Respondo.
   Ele olha para mim por um segundo e eu sinto as pernas tremendo de novo. Não me importo nada se ele me beijar nessa noite. Pode me levar para a lua também, se quiser.
   — Você vive com os seus tios?
   — Sim... você investigou a minha vida?
   — Não. Mas não vou negar que tive muita vontade. E os seus pais?
   — Eles não vivem aqui. Eu vim para cá para estudar e acabei gostando.
   — Ainda bem que ficou, senão eu não teria te conhecido.
   — E você? — Agora é a minha vez de perguntar. — Como é a vida do Dean quando não é policial?
  — Eu moro com Fénix num apartamento bastante cómodo, mas não significa que não goste de passar algum tempo com a família.
   — Você tem irmãos?
   — Tenho uma irmã. Ela é advogada e trabalha bastante com um procurador que eu não suporto. Infelizmente, vejo ele sempre, mas isso não importa.
   — Isso acontece com a maioria das pessoas. — Me endireito no banco.
   — Eu sei cozinhar, gosto de carinho... Sou uma boa pessoa. — Ele sorri para mim. — Eu adoro a minha família. Acho que disse tudo sobre mim.
   — É difícil encontrar um homem que saiba cozinhar. Realmente parece ser uma boa pessoa. Deve ter muitos amigos.
   — Os verdadeiros são apenas dois. Pessoas falsas eu não considero como amigas. E você? Também deve ter vários amigos. — Ele pergunta. Dessa vez não está sorrindo. Lembro que só conhece Jake e Gabbe.
   — Sim, mas os meus melhores amigos são o Gabbe, o Jake e a Melissa. Não me imagino sem eles.
   — Você não tem irmãos?
   — Sim. Tenho dois irmãos mais novos. Eles são adolescentes. — Digo.
   — Espero que não se incomode com as perguntas. Eu sou policial por isso estou acostumado.
   — Eu não me importo.
   Sorrio para que saiba que realmente não me incomodo. Se é isso que ele precisa saber para depois me beijar, então que seja!
   Continuamos a conversa e fico sabendo que seus pais estão casados há trinta anos, que ele começou a trabalhar muito cedo, que perdeu sua avó recentemente e que ele gosta de agradar as pessoas.

Duelo de coraçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora