Andrew sabe como agradar uma mulher. Ficaria desiludida se não houvesse um coro fascinante a cantar música clássica no restaurante ao ar livre, se não houvesse garçons elegantes, pessoas interessantes e uma comida fantástica. Ele sabe surpreender.
Como o meu robalo e olho para Andrew que segura a minha mão quando a deixo livre. Seus olhos azuis estão mais escuros por causa da escuridão da noite, mas continuam lindos.
Eu sei que não devia, mas do nada quero saber o que Dean está fazendo. Será que está trabalhando ou está descansando? Ele trabalha demais, mas eu entendo. O trabalho dele não é fácil. Ao contrário de outros que quase não trabalham e ficam na empresa do pai flertando com a empregada nova.
— Está pronta para a sobremesa? — Ele pergunta, bebendo seu vinho sem tirar os olhos de mim. Como ele consegue ser assim tão sexy?
— Claro! — Digo.
— Enquanto isso... — Ele chama o garçom para tirar os nossos pratos e pedimos a sobremesa.
— Enquanto isso...? — Espero que ele termine.
— Há coisas que precisamos esclarecer. Não gosto de lacunas. — Ele acaricia a minha mão com seu polegar.
— Eu também não. O que você quer saber?
— Jake é seu amigo, não é?
— Sim. Apenas amigo. O que quer que esteja passando na sua cabeça pode esquecer. — Afasto a minha mão.
— Porquê você age como se não me quisesse, amor? Isso parte o meu coração. — Ele põe a mão no peito e finge uma cara triste.
— Por favor! — Reviro os olhos.
— Não aceitaria sair comigo se não estivesse interessada. Muito menos, deixaria beijá-la.
— Pensei que estávamos falando do Jake.
— Não. Você já disse para não me preocupar com ele. Agora estamos falando de nós. — Ele segura a minha mão novamente.
— Você sabe que Natalie sabe que estávamos juntos no escritório do seu pai? — Pergunto.
— Eu não me importo. O que ela vai fazer?
— Eu não quero perder o meu emprego.
— Você não vai. Confiar em mim. Jamais permitiria que meu pai fizesse isso. E se acontecer, eu arranjo um para você. Posso fazer isso mesmo que não aconteça.
— Você quer dizer tribunal? Eu? — Meu coração pára. — Eu não sei se seria capaz. Quer dizer, é o que eu sempre quis fazer, mas sempre penso que vou estragar tudo.
— Posso ajudar.
— Como ajudou Jake?
— Amor, muito mais do que aquilo! Você sairia melhor que ele.
— Você só diz isso porque quer me conquistar. — Olho para ele.
— Eu não tenho problema nenhum em ser sincero. A verdade deve sempre ser dita.
— E o que você estava falando com Natalie quando eu cheguei?
— É peculiar! — Ele fica sério.
— Se ela sabe, não deve ser tanto assim. — Olho para o garçom que traz nossas sobremesas. Sufflé de chocolate para Andrew e cheesecake de morango para mim.
— Está com ciúmes, amor? — Ele olha para mim.
— Claro que não!
— Ainda bem, porque não é dela que você deve ter ciúmes. — Ele diz simplesmente.
O que isso quer dizer?
Como se fosse uma resposta, o celular de Andrew começa a tocar e eu vejo quem está ligando. Não vou negar que isso me deixa um pouco furiosa. Porquê essa tal de Hillary liga para ele a essa hora?
— Não vai atender? — Pergunto com raiva.
Ele dá de ombros e atende com um sorriso. — Hillary! — Não consigo ouvir o que ela está dizendo. Só tenho vontade de falar alto para que ela perceba que Andrew está acompanhado. E é isso que eu faço.
— Hummmm! Esse Cheesecake está uma delícia, Ande! — Digo e provo mais um pouco.
— Sim, Hillary. Estou acompanhado. Não estou trabalhando. — Ele responde e olha para mim. — Realmente, isso é muito pessoal, querida. Então, até amanhã. — E desliga. Ele é muito conciso.
— Sua amiga? — Pergunto.
— Percebi o que estava fazendo, Avery! — Ele come sua sobremesa de um jeito sexy. Será que eu sou a única que acha que tudo que ele faz é sexy? Até pestanejar!
— Não fiz nada. Porquê? Não queria que ela soubesse que está jantando com uma mulher? — Pergunto.
— O que Hillary pensa não me interessa! Ela é apenas uma... amiga. Mas não somos assim tão chegados porque eu impus alguns limites.
— Ela gosta de você?
— Claro que gosta! Podemos mudar de assunto agora? — Ele desvia o olhar, mas parece relaxado.
— Você está fugindo do assunto? — Aponto para ele com o meu garfo.
— Eu não fujo de nada. Quer conversar sobre isso, tudo bem. Atire! — Ele olha para mim novamente.
Estreito os olhos para ele. — Você já dormiu com ela?
— Amor, você é muito curiosa. — Ele limpa a boca com um guardanapo e sussurra. — Sim. Mas isso é passado. Um passado que está bem enterrado.
— Você dorme com todas as suas empregadas e clientes? — Pergunto olhando para o meu prato. Não quero olhar para ele senão vai perceber que, de alguma forma, isso me afeta.
— Claro que não! Eu não sou tão ruim como você pensa. Como escreveu naquela carta, Avery!
Deixo de lado a minha sobremesa sem olhar para ele e sem perguntar mais nada. Falar sobre isso me deixou mal disposta. Eu sei que não tenho nenhum direito de me sentir assim, mas sinto. Se ele já teve alguma coisa com ela, quem sabe nunca tenha acabado.
Mas espera!
Isso deve ser um sinal. Talvez não seja o Andrew, talvez seja Dean. Ele nunca me decepcionou até agora. E amanhã vou para uma festa com ele. Eu devia me sentir aliviada por ter apenas uma opção, não é?
— O que foi? — Andrew levanta meu rosto com sua mão.
— Nada! — Forço um sorriso.
— Tem a ver com Hillary ou...
— Não! Não é isso. Eu estou bem. Obrigada por levar para jantar. Foi... agradável.
— Porquê eu sinto que você não quer mais me ver? — Ele afasta sua mão.
— Eu quero ir embora, Andrew! — Desvio o olhar.
— Tudo bem. Mas preciso saber o que eu disse para mudar seu humor assim? — Ele tira a carteira do bolso.
— Não é você. Não se preocupe!
Andrew paga a conta e depois saímos do restaurante. Caminhamos até o seu carro que está estacionado muito longe. Acho que Andrew fez isso de propósito.
De repente, sinto algo sobre os ombros e seu cheiro mais perto. Ele me dá seu casaco e deixa sua mão nas minhas costas, enquanto caminhamos em silêncio até o carro. Porquê estou me sentindo assim?
— Desculpa! — Ele sussurra.
Olho para ele. — Porquê você está pedindo desculpa?
— Eu não sei, mas sinto que devo fazer isso. Não sei se fui insensível quando falei sobre Hillary, se deixei uma má impressão sobre mim, simplesmente não sei. Você não me diz nada. E eu sei que fiz alguma coisa porque estávamos muito bem.
— Eu sou um pouco dramática! — Digo. — Muito sensível, eu admito. Também sou muito confusa, um pouco estranha, você não imagina como posso ser complicada sobre determinados assuntos, Andrew. Posso ficar triste só por você dizer que não gosta dos meus pés. Não precisa se preocupar. Está tudo bem.
— Tem a certeza? Ainda vamos sair no sábado?
— Vamos. E eu estou ansiosa por isso. Por montar seus cavalos. — Digo.
Ele sorri. — É por isso que você só usa botas?
— O quê?
— Você só usa botas porque tem pés feios? — Ele olha para minhas botas.
— Claro que não! — Rio. — Eu tenho pés muito lindos! Eu uso botas porque eu adoro botas. Não tem nada a ver com os meus pés.
— Um dia vou descobrir! — Ele beija a minha testa.
Meu celular vibra na bolsa, quando Andrew pára. — O que foi isso?
— Meu celular.
— Está bem. Eu já volto! — Ele diz e se afasta.
Atendo.
— Dean!
Sinto uma dorzinha no peito. Sinto como se estivesse traindo ele. Claro que não estou, mas parece. E claro que também gostaria de estar com ele. Gostaria de saber o que está fazendo e ver seu sorriso lindo.
— Desculpa se estou incomodando. — Ele diz.
— Não! Tudo bem. Pode dizer.
— Vai achar ridículo se eu dizer que liguei só para dizer boa noite?
Céus! Ele é tão fofo!
— Claro que não! Na verdade, acho isso muito lindo da sua parte. Muito obrigada. Está trabalhando?
— Não.
— Está bem.
— Então, amanhã a gente se vê.
— Fique bem!
Desligo e guardo o celular na bolsa. Procuro por Andrew, mas não o vejo. Então, uma rosa vermelha surge na minha frente. Andrew está atrás de mim, com uma mão na minha barriga, enquanto a outra segura a rosa na minha frente e sua boca está no meu pescoço.
— Trouxe isso para você! — Ele diz, me fazendo sorrir como uma idiota. E esse simples gesto faz ele ganhar muitos pontos e me faz esquecer o que ele falou sobre Hillary.
— Obrigada! — Recebo a rosa e caminho do seu lado.
— Assim está melhor! — Ele diz e beija a minha bochecha.
Finalmente alcançamos o seu carro e vamos para casa. Não consigo parar de sorrir o caminho todo. Mas isso não significa que o meu conflito teve um fim.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Duelo de corações
RomanceAvery era uma sortuda, mas a sorte se tornou maior quando conseguiu emprego numa grande empresa e ganhou um novo apartamento depois da formatura. Tudo que ela queria era se concentrar na sua vida profissional, mas tudo muda quando conhece Dean, u...