Capítulo nove - Campo minado

322 29 13
                                    

    Quando eu volto para casa, não faço outra coisa a não ser ligar para meus amigos. Jake não atende, então converso apenas com Melissa e Gabbe. Eu realmente preciso desabafar com alguém. Se guardar tudo para mim, eu acho que vou explodir.
   Sento na cama depois de trocar de roupa e vestir o meu pijama. Me ponho confortável debaixo dos lençóis e ligo para eles. Só espero que Melissa não esteja ocupada com Jake ou Gabbe com Chris.
   Mas eles acabam por atender.
  — Gostosa! — Melissa diz.
  — Finalmente! — Gabbe.
  — Como vocês estão? — Pergunto. — Mil novidades para vocês!
   — Sobre as flores? — Gabbe pergunta.
   — Também. Mas antes quero novidades de vocês também.
  — Infelizmente, eu não tenho nenhuma. Você já sabe. Ultimamente você anda tão ocupada que ontem passei a noite sozinho. — Gabbe responde.
   — E o Chris? — Melissa pergunta.
   — Trabalho. Teve muito trabalho ontem.
   — Melissa? — Pergunto para ela agora.
   — Só que o sexo com Jake está cada vez melhor. — Ela ri.
   Reviro os olhos, mas rio. — Já imaginei. Bom, agora sobre mim. Por onde eu começo?
   — Do princípio, Ave! — Melissa diz.
   — Eu descobri quem me mandou flores. Foi o Andrew Bianchi!
   — Não! — Melissa faz drama.
   — Não pode! — Gabbe diz. — Quem é Andrew Bianchi?
   — O filho do meu chefe. E tem mais. Hoje era o aniversário dele e ele me levou para almoçar com ele.
   — Sério? Estou chocada! Minha amiga é uma quebra-corações. — Melissa ri.
   — A gente conversou bastante. Me senti muito à vontade com ele. Ele disse que me quer e que vai me conquistar. E sabem o que aconteceu depois?
   — O quê? — Gabbe pergunta curioso.
   — Ele me beijou.
   Oiço Melissa e Gabbe gritando como dois loucos no meu ouvido e afasto o celular até que eles terminam.
   — Ave! Mas e o Dean? — Gabbe.
   — Eu vou chegar lá, amor. Falando em amor, foi assim que Andrew me chamou a tarde toda. E vocês não imaginam como ele beija tão bem. Aí! — Deito na cama. — Eu beijava ele mil vezes.
   — Uí! Alguém está gostando de alguém! — Melissa cantarola.
   — E vocês não sabem da outra parte.  Depois eu sai com Dean. A gente foi para um clube, bebemos, conversamos, ele disse coisas lindas para mim. — Lembro de tudo que aconteceu a pouco. — Dançamos bastante e depois... Ele me jogou contra a parede e me beijou. E deixa que vos diga. Foi uma delícia!
   Melissa grita novamente.
   — Então, os dois beijaram você? — Gabbe pergunta não parecendo achar isso engraçado.
   — Bem, sim. E eu gostei dos dois beijos. Não sei qual foi o melhor. Eu não sei. Estou muito confusa.
   — Espera! Você está gostando dos dois, não é? Você está andando num campo minado. — Melissa analisa.
   — Um campo minado é um exagero.
   — Você não pode gostar dos dois.
   — E não sei se estou. É apenas uma confusão e nada mais.
   — Espero que sim. Mas eu quero saber. Quem é o mais lindo?
   Sorrio. — É difícil. Eu não sei.
   — Eu conheci Dean e deixa me dizer que aquele homem é um pecado! — Gabbe comenta. — Uma mistura deliciosa de cabelos castanhos e olhos castanhos profundos, lábios carnudos, você nem imagina!
   — O policial?
   — Você precisa ver ele de farda. — Suspiro. — Está ficando calor aqui!
   Eles riem.
   Conversamos durante uma hora sobre os homens que atormentam a minha cabeça e depois eu durmo porque tenho trabalho no dia seguinte.

    Como tinha combinado, me encontro com Dean no café. Ele está sentado numa mesa e eu vou até ele sorrindo. Ele olha para mim de cima a baixo e depois para meus olhos quando me sento. Não quis exagerar, mas queria ficar muito bonita hoje. Estou com o cabelo solto e estou usando um vestido rosa pálido com bolinhas e botas castanhas.
   Um fato sobre mim. Eu sou louca por botas, é por isso que tenho vinte pares de botas, dois de ténis, quatro saltos altos e quatro sandálias.
   Fazemos o nosso pedido e depois me endireito na cadeira. Olho para Dean e depois para seus lábios que me fazem lembrar do seu beijo. Admito que foi realmente MUITO sexy ele me jogar contra a parede e me beijar daquele jeito. Se ele me beijar de novo, eu não me importo, mas também não posso dar encima de dois homens. O que eu vou fazer?
   Já sei! Eu prometo para mim mesma que depois de hoje, eu não volto a sair com Andrew. Apenas saio com Dean. Não quero estar em um campo minado.
   — Bom dia, baby!
   — Bom dia! — Sorrio.
   — Pelo seu sorriso, o dia está sendo ótimo. — Ele olha para mim e vira o rosto para o lado. — É por causa do meu beijo?
   Eu coro. Porquê ele tinha que ser tão sexy? — Talvez. — Digo num sussurro, mas ele ouve.
   — Ótimo! Eu estive pensando e preciso de uma companhia na sexta. É uma festa e gostaria que fosse comigo. Se você quiser, claro.
   — Uma festa!
   — Sim. Aniversário de um amigo.
   — Vai ser incrível. Eu vou.
   — Obrigado! — Ele segura as minhas mãos. — Espero que não esteja indo rápido demais.
  — Eu acho que não. Quer dizer, com o beijo...
   — Mas foi bom!
   — Foi. — Coro. — Então, a que horas será?
   — Vou pegar você às seis. Você não vai se arrepender!
   Claro que não vou. Vou estar ao lado de um homem incrível como Dean. Com sorte, ele me põe na parede de novo e me beija daquele jeito magnífico. Mordo os meus lábios só de pensar. Dean olha para eles atentamente.
   O pedido é trazido e começo a comer o quanto antes para não me atrasar no trabalho. Dean olha para mim esse tempo todo e sinto um choque profundo.
   — Eu posso fazer uma pergunta?
   — Sim.
   — Você já namorou?
   — Claro que sim! — Respondo um pouco ofendida.
   — Na adolescência, não é?
   — Porquê? — Na verdade, ele não está errado.
   — Curiosidade.
   — Sim, namoro de adolescente. Nada de mais. As coisas não eram tão sérias naquela época. Sempre fui reservada.
   Seu sorriso se amplia. — Fico muito feliz por saber. De verdade.
   — Feliz porquê? — Pergunto confusa.
   Ele olha para os lados para ver se ninguém está ouvindo. — Por você ainda ser honrada.
   — O que isso significa?
   — Honrada é o que eu chamo de... — Ele se aproxima e sussurra. — ...virgem.
  Fico que nem tomate. Será que é por isso que sou tão atraente?
   — Você é tão perfeita! — Ele acaricia o meu rosto. — Acho que foi uma grande sorte conhecer você.
   — Acho que está exagerando!
   Ele suspira. — Você faz qualquer homem perder a cabeça.
   — Porque sou honrada? — Pergunto.
   — Sabe porquê me senti atraído?
   — Não!
   — No dia em que eu salvei a sua vida, enquanto aquele bandido tocava em você, eu vi o quão vulnerável você é. Não leve isso como um insulto, baby, por favor! — Ele intervém quando estou prestes a refutar. — Quando você veio até mim, eu notei uma diferença enorme. Já salvei mulheres desse mesmo jeito, mas você demonstrou algo diferente. Claro que reparei o quanto você é linda, mas também notei a sua delicadeza, a sua doçura, sua inocência. Eu juro que eu quis abraçá-la e levá-la comigo antes do seu amigo chegar.
   Olho para ele boquiaberta. Nunca pensei que alguém fosse dizer uma coisa dessas para mim. Naquele dia, eu estava tão assustada que não reparei em mais nada a não ser no medo.
   — Não sei o que dizer! — Olho para minhas mãos.
   — Não precisa! — Ele sorri.
   Sorrio também.
   Terminamos o café e mais uma vez, Dean paga as contas. Saímos do café juntos e fico corada quando ele entrelaça as nossas mãos. Porquê ele é tão fofo? Ele é perfeito.
   — Avery! — Ele me vira para me abraçar.
   — O que foi?
   Ele aproxima seu rosto do meu, nossos narizes se tocam e penso que vai me beijar, mas ele não me beija. Apenas esfrega nossos narizes e depois se afasta para olhar para mim. Suas mãos estão no meu cabelo e sinceramente não sei o que ele está fazendo.
   Fica me observando, olhando para cada traço meu, para cada centímetro da minha pele e eu só olho para seus belos e profundos olhos castanhos. Uns olhos castanhos que deixa qualquer mulher apaixonada. Sua barba, sua boca, me fazem lembrar do seu beijo. E eu gostaria tanto, mas tanto que me beijasse mais uma vez. Mas eu não me movo. Fico apenas esperando o que ele vai fazer ou dizer.
   Ele sorri e depois beija a minha testa demoradamente. Eu me sinto bem quando ele faz isso. Ele demonstra um tipo de proteção que eu não sei explicar.
  — Eu ligo para você mais tarde, baby. Pense em mim porque eu vou pensar em você. Pode acreditar.
   Ele diz e se afasta.
   Céus! Estou condenada!

Duelo de coraçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora