Duelo de corações

Capítulo doze - Conhecendo os inimigos

    Quando chegamos na festa, um homem loiro de olhos verdes, da minha altura, musculoso e bem vestido  pula para cima de Dean. Acho que é um dos amigos que ele falou, mas não percebo isso apenas pelo cumprimento estranho deles.
   A festa é num grande quintal de uma casa bonita. Não é uma mansão ou uma casa de luxo, não tem piscina, mas é um lugar limpo e acolhedor. Um ótimo lugar para um churrasco com os amigos. Mas há demasiadas pessoas por aqui.
   — D! Você está incrível! — Ele olha mim. — Quem é a princesa?
   — Essa é a Avery!
   — Aquela Avery? — Ele sorri. Espera! Eu sou conhecida pelos seus amigos?
   Isso me faz sorrir.
   — Sim. Avery, esse é o Malcom. Meu amigo.
   — Prazer, Malcom!
   — Com certeza, Avery! — Apertamos as mãos. — Ela é linda! — Malcom diz.
   — Sim. — Dean parece um pouco desconfortável.
   — E é seu aniversário? — Pergunto para Malcom.
    — Não. É do Isaac. Outro amigo nosso. Ele fez trinta. Você não imagina a alegria dele.
   — Quantos você já bebeu, Malcom? — Dean ri.
   — Ainda não bebi quase nada. Mas eu garanto que essa noite eu vou cair no chão para me levantar amanhã.
   Eu rio. — É esse o seu plano?
   — Ele é um pouco maluco. Agora é só a bebida começando a fazer efeito. — Dean diz. — A gente vai falar com o Isaac, Malcom. Vá com calma com as bebidas!
   Dean segura a minha mão e me leva até um homem alto, negro, cabelos cacheados, olhos amarelos e musculoso. Ele olha para nós com um sorriso caloroso e depois abraça Dean.
   — Irmão! — Ele diz.
   — Feliz aniversário, irmão! — Dean entrega o presente, que só notei agora, para ele.
   — Obrigado por terem vindo. — Ele recebe o presente.
   — Eu nunca iria faltar o seu aniversário. — Dean sorri. — E bom... essa é a Avery. Avery, esse é o Isaac.
   — Feliz aniversário! — Digo.
   — Obrigado, Avery! — Ele sorri. — Por favor, esteja à vontade. Aqui só tem gente boa. Aproveitem a festa.
   — Vamos sim! — Dean responde.
   Isaac se afasta para falar com outros convidados que acabaram de chegar. Olho para Dean e sorrio para ele. Eu me sinto muito bem por saber que seus amigos me conhecem. E parece que gostaram de mim.
   — Seus amigos parecem ser boas pessoas. — Digo.
   — São as melhores! — Ele ainda está segurando a minha mão. — Você...
   — Dean! — Somos interrompidos por uma voz feminina.
   Olho para a mulher que está vindo até nós e automaticamente fico com ciúmes, mas quando ela chega perto, meu ciúmes é substituído por outro sentimento, só não sei descrever exatamente o que é.
   — Hillary! — Ele diz. E esse nome me faz ficar mal disposta.
   Fico com vontade de fugir quando olho para ela. Hillary é muito, muito linda. Acho que isso é de família. Ela tem cabelos castanhos compridos, olhos castanhos claros, lábios carnudos, tem uma pele linda e impecável. Ela está usando um vestido azul com um pequeno decote, onde posso olhar para seus seios grandes, cintura fina e curvas das suas ancas, fazendo uma ampulheta perfeita, pernas lindas e seus pés bonitos estão com um salto alto prateado, ficando da mesma altura que eu.
   Como posso competir com uma dessas?
   Existem pessoas no mundo que não precisam dizer ou fazer nada para nos colocar para baixo, que nos faz questionar a nossa própria beleza. E essa mulher é uma delas. Me sinto um trapo velho ao lado dessa deusa.
   — Olá! — Ela acena para mim. Assim como Dean, ela tem um lindo sorriso.
   — Hillary, essa é a Avery! Uma amiga. Avery, minha irmã! — Dean nos apresenta.
   — Prazer! — Ela sorri e estende a mão para mim. Penso em recusar, mas não faço isso.
   — Igualmente! — Digo sem graça. Ela me intimida.
   — Você está linda, maninha! — Dean diz.
   — Sério? Não tentei me arranjar tanto, mas obrigada! — Não podia odiar mais ela. Tenho vontade de revirar os olhos, mas me concentro. — Vocês também estão muito bem.
   — Obrigado!
   Eu não consigo dizer nada para ela. E desvio a minha atenção para outra mulher que se aproxima da gente. Uma loira igualmente bonita que está com um vestido branco. Ela é da mesma altura que Hillary, pois usa um sapato parecido. Tem olhos azuis, seios cheios também, pernas torneadas e um sorriso angelical. É impressão minha ou tem muita mulher bonita nessa festa? Espero que seja namorada do Isaac ou do Malcom.
   Por favor!
   Mas minha teoria vai por água abaixo quando Dean aperta a minha mão e deixa de sorrir. Eu não sei se sou capaz de aguentar se eu souber que ela teve alguma coisa com ele.
   — Elena! — Ele sussurra, mas todos ouvimos. A música não está tão alta assim.
   — Como você está, Dean? — Ela olha para ele de um jeito sincero e... apaixonado.
   — Estou bem. E você?
   — Você sabe. — Ela suspira. — Não vai me apresentar a sua amiga?
   Tenho vontade de dizer que sou a namorada, mas não. É melhor não.
   — Avery! — Digo porque Dean perdeu a fala.
   — Elena Rich, prazer!
   — Então, Avery, o que você faz? — Hillary pergunta.
   — Eu... Sou advogada. Estou trabalhando na Paradise. — Eu devia dizer isso com orgulho, mas não consigo.
   — Que bom! — Elena sorri. — A Paradise não é para qualquer pessoa. Você deve ser bastante competente.
  — Sim. — Digo e olho para Dean. Porquê ele está assim? Ele gosta dela?
   Sinto uma dor no peito só de pensar. Essa mulher linda deve ser sua ex. E ambos devem gostar um do outro. Me sinto muito mal nesse momento. Simplesmente não sei explicar, eu só não estou bem. Nada bem.
   — Eu também sou advogada. — Hillary diz. — É sempre bom conhecer uma de nós.
   — Eu também trabalho numa empresa. Mas também sou chefe de cozinha. — Elena diz. Deve ser com ela que Dean aprendeu a cozinhar.
   — Isso é muito bom! — Finjo entusiasmo. Afasto a minha mão da de Dean.
   — Obrigada! — Ela sorri. — E como está o trabalho, Dean?
   — O costume. — Ele responde.
   Olho para Dean novamente. Eu estou gostando dele e me machuca saber que ainda não esqueceu sua ex-namorada. E ela é tão linda que me faz ter ódio dela. Nesse momento, não quero saber de Hillary. Estou com vontade é de pular para cima de Elena. E o pior de tudo é que ela parece simpática.
    — Sempre protegendo as pessoas, ajudando e ainda não se considera um herói. — Hillary sorri com orgulho do irmão.
   — Não exagera! — Ele responde. Desde que Elena apareceu que ele está sério. E isso me deixa triste.
   Penso no beijo que ele me deu e me pergunto se havia algum tipo de sentimento por detrás dele. Olhando para Elena "linda de morrer" Rich, eu percebo. Como um homem pode esquecer um mulherão desses?
   — Tudo bem, Avery? — Hillary pergunta. Olhar para ela também não ajuda. Como Andrew pode não querer uma mulher como essa?
   Como posso ter atraído esses homens? Agora que penso nisso, não sei como. Eu não sou como elas. Sou mais alta, tenho pernas um pouco grossas, não tenho barriga tasquinho, sem corpo ampulheta, meus seios médios parecem pequenos comparado com os delas e minha pele oleosa não se compara com a delas. Elas estão brilhando.
   — Ótima! Só preciso de ir para o banheiro. Onde é? — Pergunto.
   — Eu mostro. — Elena me leva com ela para dentro da casa e me leva até ao banheiro.
   — Obrigada! — Digo.
   — Quer que espere por você? — Ela sorri de um jeito doce.
   Por favor!
   Quero revirar os olhos, mas me contenho mais uma vez. Ela não é culpada por ser tão incrivelmente linda e ainda deixar Dean louco. A culpa é minha por pensar que homens como ele poderiam se apaixonar por mim.
   — Não precisa. Mas obrigada! — Faço um esforço para sorrir para ela.
   Entro no banheiro e tranco a porta. Olho para mim no espelho e penso no que fazer. Estou considerando a ideia de ir embora sem que ninguém me veja. Sinceramente, não sei o que fazer.
   Pego no celular e ligo para Melissa. Ela sempre sabe o que fazer. Ela atende no sétimo toque.
   — Gostosa! Pensei que estivesse na festa.
   — Eu estou. Mas estou numa situação completamente embaraçosa. Eu não quero falar sobre isso por celular, só posso dizer que é muito embaraçosa. Estou pensando em ir embora.
   — Já estou ansiosa para saber o que aconteceu. Não vá! Seja o que for, não pode ser tão horrível assim. Você foi para se divertir, não é? É isso que você vai fazer. — Ela diz.
   — Se eu não conseguir?
   — Fugir será sua última opção, Ave! Agora, eu preciso desligar. Lamento por isso, mas eu não estou sozinha. Depois falamos. Beijos!
   Imagino que deve estar com Jake.
   — Mesmo assim, obrigada.
   Desligo e saio do banheiro depois de lavar as mãos. Volto para a festa e pego uma bebida para mim. Não quero ficar naquele grupo de pessoas bonitas. O melhor que tenho a fazer é me divertir. Dificilmente vou em festas, então vou aproveitar. Vou seguir o conselho de Melissa.
    Bebo uma Coca-Cola e sorrio para o homem que se aproxima de mim. Um homem alto com cabelos negros, olhos verdes e lábios vermelhos. Ele sorri e pega numa cerveja, depois brinda no alto, me fazendo brindar também.
   — Está sozinha? — Ele pergunta.
   — Nesse momento, estou.
   — Não gosto de ver mulheres sozinhas. Posso fazer companhia se quiser!
   — Não sei se é boa ideia! — Procuro por Dean na multidão. Mas quantas pessoas esse tal de Isaac conhece?
   — Procurando a pessoa que te largou? — Ele fica na minha frente.
   — Acho que vou dançar um pouco.
   — Ótima ideia!
   Nós nos juntamos às pessoas na pista de dança e começamos a dançar, mas claro que eu não deixo ele tocar em mim em nenhum momento. Só estou seguindo o conselho de Melissa. Tenho a certeza que Dean não lembra que veio comigo para cá. Não com aquele anjo loiro por perto.
    Se eu não tivesse vindo para cá, estaria conversando com Andrew a noite toda. Mas como eu poderia imaginar que a ex de Dean ia aparecer? E que ela é super linda?
   — Ainda não disse o meu nome. Sou o James.
    — Prazer. Esse nome combina com o seu rosto.
   Ele ri. — E o seu é...?
   — Avery! — Oiço o meu nome e olho para trás, para Dean que está se aproximando da gente. Ele não parece muito feliz nesse momento.
   — Dean! Pensei que ainda não tinha vindo. — James sorri.
   — Mas estou aqui. — Ele olha para mim. — Porquê não me disse que viria para aqui?
   — Não quis incomodar você. Você está tão bem acompanhado! — Respondo dando de ombros e finjo que não me afeta o fato de saber que teve alguma coisa com Elena.
   — O que isso significa? — Ele fica mais perto de mim.
   — Então, eu vou ver se Isaac precisa de alguma coisa. — James se afasta da gente.
   Dean me leva para fora da pista de dança. Tenho uma vontade enorme de sair correndo e me esconder debaixo da cama. Mas eu não sou assim tão fraca, por isso tenho que aguentar. A vida é assim.
   — Desculpa! — Ele diz. — Percebo agora o que eu fiz.
   — Já terminou? — Pergunto cruzando os braços.
   — Não precisa ficar com ciúmes. Eu sinto muito! Não é o que está pensando. Não tenho nada com Elena. Somos apenas bons amigos.
   — Então porquê reagiu daquele jeito? É óbvio que você gosta dela. — Digo. Acho que não devia ter dito isso e muito menos mostrar que isso me atinge.
   — Eu fiquei surpreso ao vê-la. Elena ficou fora algum tempo depois que terminamos e não esperava encontrar ela aqui. É apenas isso.
   — Então, ela é sua ex-namorada?
   — Sim. Vê-la novamente não vai mudar nada para mim, Avery.
   Não para ele, mas para mim vai. Para mim vai mudar completamente. Não digo mais nada e bebo minha Coca-Cola, observando as pessoas dançando. Estou contando os segundos para ir embora daqui.
   — Você acredita em mim? — Ele segura a minha mão.
   — Não sei! — Estou sendo sincera.
   — E agora? — Ele me dá um beijo casto nos lábios.
   — Quero comer alguma coisa. — Eu me afasto e vou para uma grande bancada cheia de comida. Dean me segue e come também.
   Como um pastel delicioso e coro quando percebo que Dean não tira os olhos de mim. Desvio o olhar imediatamente, mas ele segura meu queixo e me faz olhar para ele.
   — Você é muito bonita! — Ele diz e beija a minha testa. — Você é diferente.
   Sorrio e dou mais uma mordida no pastel. Não sei o que dizer sobre isso. Talvez ele está tentando me fazer esquecer da sua reação quando viu Elena. Espero que não seja isso.
   — Você quer dançar? — Ele pergunta.
   — Quero. Mas eu não sou boa.
   — Você estava dançando com James.— Ele segura a minha mão e me leva para dançar. Ponho todo pastel na boca, fazendo ele rir e depois me abraça.
Depois disso, começamos a dançar. Dean me faz girar e depois aproxima nos corpos, me dá um selinho e me faz girar novamente, me fazendo rir.
   Nesse momento, não me sinto mais um trapo velho. Ainda estou confusa se ele gosta de mim ou não, se tem sentimentos por Elena ou não. Mas nesse momento que ele olha para mim com os olhos brilhando e com o sorriso mais lindo do mundo, eu sei que ele me faz feliz.

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Dean não é um fofo 😍😍😍
Espero que tenham gostado!