Dean
Estamos na fase de interrogar suspeitos, pessoas que viram Hillary e Avery pela última vez. E uma delas é Elena. Eu sei que ela não seria capaz de machucar ninguém, principalmente a minha irmã porque elas são amigas. Eu conheço ela.
Dennis está sozinho na sala com ela. Eu vejo tudo atrás do vidro da sala de interrogatório. Eu vejo e oiço tudo, mas eles não podem me ver nem ouvir. Só tenho que controlar a expressão de Elena, embora saiba que ela não faria tal coisa.
— Sim, eu vi Hillary ontem. A gente saiu para comer uma pizza. Nos encontramos porque eu queria contar para ela que estava me mudando para outra cidade. — Ela desvia o olhar e cruza os braços como se estivesse com frio.
— E não notou nada de estranho ou de suspeito? — Dennis pergunta.
— Eu conheço Hillary. Ela estava completamente normal. Quer dizer, só ficou triste por saber que eu iria embora, mas nada de errado.
— Quando ela foi embora, não disse para onde ia? Não recebeu nenhuma ligação estranha?
— Não vi seu celular tocando. Ela só me disse que ia para casa porque tinham um jantar de família e tinha que chegar cedo para ajudar a cozinhar. — Ela olha para ele.
Tudo que ela diz deve ser verdade. Elena não teria motivos para mentir. Eu sei que não. Mas agora que sei que Avery também desapareceu, eu quero saber se esse sumiço não está ligado com o sumiço de Hillary. Talvez alguém tenha sequestrado as duas. Elas saiam de lugares diferentes, pois sua tia contou que ela saiu da sua casa e disse que iria para o apartamento. Não pode ser muita coincidência.
— Alguma novidade? Alguma pista? — Meu parceiro Fred pergunta, se aproximando de mim.
— Não! Nada. — Suspiro.
Eu confesso que tenho medo. Já trabalhamos para vários casos de desaparecimento e na maioria das vezes, as vítimas nunca chegam a ser encontradas. Nunca chegamos a saber se elas realmente estão vivas ou não. Há muitos casos que nunca foram encerrados. Eu tenho medo que seja igual porque eu não consigo ver nem entender como alguém poderia fazer mal a minha irmã ou à Avery. Quem iria querer fazer isso comigo?
Então, algo me atinge como um raio. Como eu não tinha pensado nisso antes? Como eu não vi? Os desaparecimentos de duas pessoas que eu amo, no mesmo período de tempo só pode significar uma coisa. James!
— Céus! — Eu digo. Fred olha para mim. — Como eu não pensei nisso antes? O James! Precisamos saber onde ele está, procurar por ele, saber o que fez ontem, absolutamente tudo. — Digo.
— Claro! — Fred e saimos correndo.
Eu também preciso fazer alguma coisa. Preciso ir também e olhar muito bem para a cara do desgraçado. Talvez eu bata nele até que vomite as palavras ou que me mostre onde elas estão.Avery
Acordo com o meu estômago pedindo comida. Olho para Hillary que continua dormindo e levanto da cama. Eu sei que parece que não há nada a fazer, mas eu não posso aceitar essa situação. Leya sempre disse que não há nada que não tenha solução. Talvez eu consiga improvisar uma chave para abrir a porta, ou talvez se eu bater na maçaneta com a cadeira, ela abra. Antes preciso analisar a margem de erro.
— O que você está fazendo? — Oiço Hillary.
— Eu não pretendo ficar aqui até James decidir matar a gente, então vou tentar tudo. Só espero que resulte.
Eu pego na cadeira e bato contra a maçaneta, que se quebra e a porta se abre. Hillary pula para fora da cama cheia de felicidade e vem até mim.
— Resultou, Avery! Resultou. — Ela sorri.
— Sim. Agora, precisamos ficar em silêncio. — Eu abro a porta devagar e espreito para ver se há notícias do James. Felizmente não há. Espero que não esteja aqui.
— Acho que ele deve estar dormindo. — Hillary diz.
— Mas como ele não ouviu esse barulho? — Pergunto.
Caminhamos nas pontas dos pés até a sala. É uma casa grande, pois vi vários corredores e parece haver vários quartos. A sala também é e não parece haver nenhum rasto de James.
Eu fico na frente, meus passos e movimentos lentos enquanto tento cuidadosamente, abrir a porta, sem que James perceba. A casa está silenciosa demais. Tenho medo que seja uma armadilha, então é melhor a gente correr como se não houvesse amanhã assim que eu abrir a porta.
— Quando eu abrir. A gente vai sair correndo porque nossas vidas dependem disso. — Digo.
Eu toco na maçaneta devagar, giro com cuidado e consigo abrir, mas quando me viro, vejo James agarrando Hillary por trás. Ela grita e ele mostra uma seringa para mim. Eu sabia que era uma armadilha.
— Não se atreva! — Ele diz.
— Foge, Avery! Foge! — Hillary está chorando. James injeta a seringa no seu pescoço.
Eu devia ajudar, mas eu fujo. Eu saio correndo, mas para o meu azar, eu só vejo árvores. Parece que estamos em uma floresta. Parece que não há para onde ir, mas eu não vou me render. Tenho a certeza que essa floresta vai dar para algum lado. Talvez eu encontre alguém e possa pedir ajuda.
Continuo correndo sem olhar para trás. Eu tenho medo de olhar, pois se eu olhar sou capaz de tropeçar e depois ele vai me pegar. Preciso conseguir chegar até a estrada, preciso conseguir escapar, talvez assim consiga salvar Hillary também.
Salto algumas pedras no caminho, procuro por saídas mais fáceis, mas parece que a floresta nunca mais acaba. Eu tenho muito medo, mas isso não é ruim. Graças ao medo, eu consigo energia para conseguir correr. Graças ao medo, eu não paro.
— AVERY! — Oiço ele gritar.
E eu continuo. Ele não pode me pegar. Tenho que aguentar, eu tenho que correr para conseguir escapar. Não importa o quão cansada eu esteja só quero sair daqui. Minha lágrimas caem, estou sentindo dor nos meus pés porque estou descalça. Só espero não pisar nada.
— EU VOU ACHAR VOCÊ!
A maldita floresta nunca mais acaba. Onde será que a gente está? Porquê não consigo sair daqui? Eu já estou ficando cansada. Acho que nunca corri assim em toda a minha vida.
Piso uma coisa úmida e pegajosa e caio no chão. Quando viro para ver o que é, eu grito. É uma serpente.
— AHHHHHHHHH! — Levanto imediatamente e continuo correndo.
— EU OUVI VOCÊ! VOCÊ VAI SE CANSAR, AVERY!
Já estou cansada, mas eu não posso desistir. Eu tenho que chegar no outro lado. Tenho que conseguir sair daqui. Meus pés estão cansados e eu me arrependo de não ter aceite o convite de Leya para dormir na sua casa. Porquê eu sou tão teimosa?
Sinto que estou diminuindo a velocidade por causa do cansaço. Eu não sei até onde mais eu aguento. Não sei até onde sou capaz de chegar. Não estou vendo nenhuma saída. Não vejo nada além de árvores. Só vejo árvores.
Eu tropeço num tronco de árvore e caio no chão. Estou tão cansada! Mas eu preciso levantar. Preciso de forças para levantar, mas não sei se aguento correr por mais um pouco. Oiço os passos de James mais perto e levanto. Não continuo na mesma direção, eu vou pela direita.
Vou correndo até encontrar um rio, que me faz parar os meus movimentos. Estou muito cansada para nadar. Eu não sei se sou capaz. E acho que ele vai notar se eu me esconder debaixo da água. E também acho que deve haver crocodilos nesse rio. Porquê isso está acontecendo?
Procuro por outro lugar, mas James é mais rápido. Ele me agarra e me joga no chão. Fica por cima de mim e injeta alguma coisa em mim.
— Não! Não! — Eu choro e afasto as suas mãos.
— Quero ver você fugindo agora. — Ele segura as minhas mãos e tira a seringa do meu pescoço.
— Porquê está fazendo isso? Porquê... — Eu não tenho mais forças para continuar a lutar. Meus olhos estão cedendo a escuridão. Mas não posso deixar.
— Não se preocupe. Você terá um tratamento especial. — Oiço ele como se estivesse debaixo de água. Depois não aguento e fecho os olhos.
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Duelo de corações
RomanceAvery era uma sortuda, mas a sorte se tornou maior quando conseguiu emprego numa grande empresa e ganhou um novo apartamento depois da formatura. Tudo que ela queria era se concentrar na sua vida profissional, mas tudo muda quando conhece Dean, u...