Capítulo trinta e quatro - Eu escolho...

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                           Avery

    A primeira vez que eu acordei, tudo parecia confuso, mas depois voltei a dormir por um bom tempo. Agora parece que já é outro dia, e agora tudo parece mais claro e real. O meu quarto está cheio de flores e rosas, há também caixas de chocolate belga, que eu acho que deve ser cortesia do Andrew, há um ursinho de pelúcia do meu tamanho também e balões de hélio de corações amarrados na cama. Tanto exagero só quer dizer uma coisa: foi o Andrew Bianchi!
    E para além dessas coisas boas, eu consigo sentir o meu corpo também, só sinto dor no tornozelo, mas o médico já me explicou o que aconteceu. É triste saber que minha perna não voltará a ser a mesma coisa, mas o importante é que está tudo bem. Eu sinto que agora tudo passou a ser mais claro para mim. Como nascer de novo.
     Leya está comigo no quarto e está sorrindo. Não imagino a preocupação que devo ter causado neles. Primeiro sumi e depois estive entre a vida e a morte.
    Ainda não tive muitas informações sobre Hillary, mas o médico me disse que ela está bem. Infelizmente, soube que James faleceu, mas acho que ele não merecia. Ele tinha que pagar de outro jeito, não com a morte.
    — De quem são essas flores? — Pergunto.
    — São do Andrew. Ele disse que era para fazer você sorrir.
    Eu sorrio. — Ele conseguiu.
    — Na verdade, os chocolates, os balões e o pelúcia também são um presente dele. Ele insistiu. — Ela ri.
    — Imagino que sim.
    — Eu avisei os seus pais. Eles estão vindo para cá.
    — Está bem. Eu acho que devem estar muito preocupados.
    — São seus pais, claro que eles vão estar preocupados com você. — Ela sorri para mim.
    Oiço a porta e vejo Andrew entrando no quarto. Leya olha para mim de um jeito estranho e levanta. Andrew fica parado olhando para mim, como se não soubesse o que fazer.
    — Eu vou aproveitar para comer alguma coisa. Estou morrendo de fome. — Leya sai e fecha a porta.
    Andrew vem sentar perto de mim. — Eu realmente não sei por onde começar porque acho que temos vários pendentes. — Ele sorri.
    — Pode começar pelo "oi". — Sorrio para ele também.
    — Oi! — Ele ri. — Eu estou muito feliz por você estar bem.
    — Estou vendo.
    — Eu achei que você ia gostar das flores, de tudo isso. Desculpa se exagerei.
    — Não se preocupe, eu adorei. Você cumpriu com o seu objetivo. — Digo.
    — Fazer você sorrir?
    — Me fazer sorrir. — Ainda estou sorrindo. Eu aprecio bastante o seu gesto.
    — Pena é que não deixei bilhetes em nenhuma dessas flores. Acho que nenhum pode superar o que dei para você há dois dias.
    — Eu não sei.
    Ele fica sério de repente. Só espero que não comecemos a falar sobre eu fazer escolhas, sobre o nosso triângulo amoroso, porque eu não estou em condições para isso. Eu ainda estou me recuperando e não acho que seja o momento. Não agora.
     — Eu tive muito medo.
     — Eu também tive medo. James era doente, eu pensei que não voltaria a ver a minha família novamente. Aquele acidente, não foi bem um acidente. Ele queria que nós...
     — Já passou. — Ele beija a minha testa.
    — Sim, já passou. — Suspiro. — Ele já não pode fazer nada.
    — Claro que não!
    — Mas eu não vou poder andar como antes. — Desvio o olhar e deixo escapar uma lágrima.
    — Eu sei. Mas eu não me importo, Avery! Você vai continuar sendo sempre a Avery, a mulher que adora botas, que adora Shakespeare, consultora jurídica, inteligente, você será sempre a Avery que eu conheci. — Ele segura a minha mão.
    — Você tem razão. Você é uma boa pessoa, Andrew! — Sorrio para ele.
    — Você é melhor! — Ele beija a minha mão. — Já disse o quão feliz eu estou por saber que você está bem? — Pergunta.
    — Você está mesmo. E eu estou feliz por você estar aqui.
     — Claro que eu estaria. Você sabe muito bem porquê.

     Eu volto a dormir depois de ficar conversando com Andrew, mas acordo novamente quando oiço a voz de Dean. Ele está segurando a minha mão e olhando para mim de um jeito tão especial que toca o meu coração. Eu sei que não é o momento de tomar uma decisão, mas parece que está tudo mais claro para mim. Eu acho que já sei o que eu quero, mas não basta achar, tenho que ter a certeza daquilo que eu quero. O importante é que estou chegando lá.
     Dean começa a sorrir e acaricia o meu rosto delicadamente. Eu também sorrio para ele. Eu sabia que ele viria me ver, apesar da nossa briga, apesar do que aconteceu. E isso significa muito para mim. Eu fico feliz por saber que eles se importam comigo.
     — Eu devo estar horrível! — Digo.
     — Claro que não. Você continua linda, baby!
     — Só está dizendo isso para eu me sentir melhor. — Finjo estar brava com ele, depois rimos.
     — Eu estou tão aliviado por você estar bem. Você não consegue imaginar.
     — Eu consigo sim. E como vocês conseguiram lidar com a bomba? — Pergunto.
     — Ele falou com vocês sobre a bomba? — Faço que sim. — Foi um momento assustador, tive que desativar a bomba no último segundo. Eu tive muito medo, mas não mais do que quando soube que vocês tiveram um acidente. — Ele suspira. — Eu só gostaria que James estivesse vivo para que eu podesse perguntar porquê a minha felicidade o incomodava tanto? Porquê ele queria me machucar? Não pode ser apenas inveja. Ele tinha ódio de mim e eu nunca percebi.
      — Isso é normal. Às vezes, demoramos algum tempo para perceber quem são os falsos amigos.
     — Sim. E ele chegou ao extremo quando sequestrou vocês.
     Vejo o seu olhar de desilusão e tristeza. Apesar do que aconteceu, eu acho que Dean gostava um pouquinho dele. James é que nunca soube dar valor às coisas que estavam na sua frente. Ele não percebeu que Dean estava na sua frente e que ele teria uma família se não fosse tão ruim.
    — Eu sinto muito! — Digo.
    — Não faz mal. Ele provocou a sua própria morte.
    — A Hillary está bem? — Pergunto.
    — Ela está muito bem. Não houve nada grave. — Ele sorri.
    — Ainda bem. Fico feliz por ela estar bem.
    — Eu também. Eu só lamento que tenham passado por tanta coisa ruim por minha causa.
    — A culpa não foi sua, Dean. Você não sabia o que ele faria com a gente. Ninguém poderia imaginar.
    — Tecnicamente, ele deu um aviso na noite em que foi atrás de você completamente bêbado. Mas eu pensei que era apenas a embriaguez falando. — Ele suspira. — Ainda não acredito que ele está morto.
    — Eu sinto muito! Você vai ficar bem? — Pergunto.
    Ele sorri de um jeito triste. — Eu acho que sim. Eu acho que vou ficar bem.
    — Acredito em você.
    Ele me abraça. — Eu amo você!

Duelo de coraçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora