Avery
A primeira vez que eu acordei, tudo parecia confuso, mas depois voltei a dormir por um bom tempo. Agora parece que já é outro dia, e agora tudo parece mais claro e real. O meu quarto está cheio de flores e rosas, há também caixas de chocolate belga, que eu acho que deve ser cortesia do Andrew, há um ursinho de pelúcia do meu tamanho também e balões de hélio de corações amarrados na cama. Tanto exagero só quer dizer uma coisa: foi o Andrew Bianchi!
E para além dessas coisas boas, eu consigo sentir o meu corpo também, só sinto dor no tornozelo, mas o médico já me explicou o que aconteceu. É triste saber que minha perna não voltará a ser a mesma coisa, mas o importante é que está tudo bem. Eu sinto que agora tudo passou a ser mais claro para mim. Como nascer de novo.
Leya está comigo no quarto e está sorrindo. Não imagino a preocupação que devo ter causado neles. Primeiro sumi e depois estive entre a vida e a morte.
Ainda não tive muitas informações sobre Hillary, mas o médico me disse que ela está bem. Infelizmente, soube que James faleceu, mas acho que ele não merecia. Ele tinha que pagar de outro jeito, não com a morte.
— De quem são essas flores? — Pergunto.
— São do Andrew. Ele disse que era para fazer você sorrir.
Eu sorrio. — Ele conseguiu.
— Na verdade, os chocolates, os balões e o pelúcia também são um presente dele. Ele insistiu. — Ela ri.
— Imagino que sim.
— Eu avisei os seus pais. Eles estão vindo para cá.
— Está bem. Eu acho que devem estar muito preocupados.
— São seus pais, claro que eles vão estar preocupados com você. — Ela sorri para mim.
Oiço a porta e vejo Andrew entrando no quarto. Leya olha para mim de um jeito estranho e levanta. Andrew fica parado olhando para mim, como se não soubesse o que fazer.
— Eu vou aproveitar para comer alguma coisa. Estou morrendo de fome. — Leya sai e fecha a porta.
Andrew vem sentar perto de mim. — Eu realmente não sei por onde começar porque acho que temos vários pendentes. — Ele sorri.
— Pode começar pelo "oi". — Sorrio para ele também.
— Oi! — Ele ri. — Eu estou muito feliz por você estar bem.
— Estou vendo.
— Eu achei que você ia gostar das flores, de tudo isso. Desculpa se exagerei.
— Não se preocupe, eu adorei. Você cumpriu com o seu objetivo. — Digo.
— Fazer você sorrir?
— Me fazer sorrir. — Ainda estou sorrindo. Eu aprecio bastante o seu gesto.
— Pena é que não deixei bilhetes em nenhuma dessas flores. Acho que nenhum pode superar o que dei para você há dois dias.
— Eu não sei.
Ele fica sério de repente. Só espero que não comecemos a falar sobre eu fazer escolhas, sobre o nosso triângulo amoroso, porque eu não estou em condições para isso. Eu ainda estou me recuperando e não acho que seja o momento. Não agora.
— Eu tive muito medo.
— Eu também tive medo. James era doente, eu pensei que não voltaria a ver a minha família novamente. Aquele acidente, não foi bem um acidente. Ele queria que nós...
— Já passou. — Ele beija a minha testa.
— Sim, já passou. — Suspiro. — Ele já não pode fazer nada.
— Claro que não!
— Mas eu não vou poder andar como antes. — Desvio o olhar e deixo escapar uma lágrima.
— Eu sei. Mas eu não me importo, Avery! Você vai continuar sendo sempre a Avery, a mulher que adora botas, que adora Shakespeare, consultora jurídica, inteligente, você será sempre a Avery que eu conheci. — Ele segura a minha mão.
— Você tem razão. Você é uma boa pessoa, Andrew! — Sorrio para ele.
— Você é melhor! — Ele beija a minha mão. — Já disse o quão feliz eu estou por saber que você está bem? — Pergunta.
— Você está mesmo. E eu estou feliz por você estar aqui.
— Claro que eu estaria. Você sabe muito bem porquê.Eu volto a dormir depois de ficar conversando com Andrew, mas acordo novamente quando oiço a voz de Dean. Ele está segurando a minha mão e olhando para mim de um jeito tão especial que toca o meu coração. Eu sei que não é o momento de tomar uma decisão, mas parece que está tudo mais claro para mim. Eu acho que já sei o que eu quero, mas não basta achar, tenho que ter a certeza daquilo que eu quero. O importante é que estou chegando lá.
Dean começa a sorrir e acaricia o meu rosto delicadamente. Eu também sorrio para ele. Eu sabia que ele viria me ver, apesar da nossa briga, apesar do que aconteceu. E isso significa muito para mim. Eu fico feliz por saber que eles se importam comigo.
— Eu devo estar horrível! — Digo.
— Claro que não. Você continua linda, baby!
— Só está dizendo isso para eu me sentir melhor. — Finjo estar brava com ele, depois rimos.
— Eu estou tão aliviado por você estar bem. Você não consegue imaginar.
— Eu consigo sim. E como vocês conseguiram lidar com a bomba? — Pergunto.
— Ele falou com vocês sobre a bomba? — Faço que sim. — Foi um momento assustador, tive que desativar a bomba no último segundo. Eu tive muito medo, mas não mais do que quando soube que vocês tiveram um acidente. — Ele suspira. — Eu só gostaria que James estivesse vivo para que eu podesse perguntar porquê a minha felicidade o incomodava tanto? Porquê ele queria me machucar? Não pode ser apenas inveja. Ele tinha ódio de mim e eu nunca percebi.
— Isso é normal. Às vezes, demoramos algum tempo para perceber quem são os falsos amigos.
— Sim. E ele chegou ao extremo quando sequestrou vocês.
Vejo o seu olhar de desilusão e tristeza. Apesar do que aconteceu, eu acho que Dean gostava um pouquinho dele. James é que nunca soube dar valor às coisas que estavam na sua frente. Ele não percebeu que Dean estava na sua frente e que ele teria uma família se não fosse tão ruim.
— Eu sinto muito! — Digo.
— Não faz mal. Ele provocou a sua própria morte.
— A Hillary está bem? — Pergunto.
— Ela está muito bem. Não houve nada grave. — Ele sorri.
— Ainda bem. Fico feliz por ela estar bem.
— Eu também. Eu só lamento que tenham passado por tanta coisa ruim por minha causa.
— A culpa não foi sua, Dean. Você não sabia o que ele faria com a gente. Ninguém poderia imaginar.
— Tecnicamente, ele deu um aviso na noite em que foi atrás de você completamente bêbado. Mas eu pensei que era apenas a embriaguez falando. — Ele suspira. — Ainda não acredito que ele está morto.
— Eu sinto muito! Você vai ficar bem? — Pergunto.
Ele sorri de um jeito triste. — Eu acho que sim. Eu acho que vou ficar bem.
— Acredito em você.
Ele me abraça. — Eu amo você!
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Duelo de corações
RomanceAvery era uma sortuda, mas a sorte se tornou maior quando conseguiu emprego numa grande empresa e ganhou um novo apartamento depois da formatura. Tudo que ela queria era se concentrar na sua vida profissional, mas tudo muda quando conhece Dean, u...