12 - Sou eu...

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-Desconfiei... - Arthur se pronuncia sorrindo. -Acho que Luiza também se interessou... - seus olhos me atingem. -Ela não se pronuncia durante uma situação de risco a menos que esteja incomodada! - me lembrei da cena na casa dele em como os dois se enfrentaram. 

-Percebi, ela também ficou tensa quando ele se aproximou de nós, a simpatia dela sumiu quando Lucas veio conversar comigo! - Júnior estava com as sobrancelhas elevadas e arregaçava as mangas. 

A porta do apartamento se abriu mostrando o senhor Gurtesen adentrar e quando me vê abre o maior sorriso que conseguia, vem até mim me puxando em um abraço que me tirou do chão e me beijou na testa sorrindo. 

-Delegado Carreiro? - Arthur sorri sem graça e se levanta apertando sua mão como se já se conhecessem. -Então a notícia sobre o namoro? - ele assente deixando o senhor a minha frente com uma cara nada boa. 

-Vocês já se conhecem? - os dois confirmam e vejo que eu sou a única perdida na situação. -E não vão falar de onde? - os dois se olham fixos pois são da mesma altura. 

Virgínia surge chamando todos para o jantar, rapidamente nos ajustamos a sua cozinha e todos se sentaram nos bancos de madeira nos apoiando no balcão de mármore, nossos pratos foram colocados e logo iniciamos o jantar, o estrogonofe estava uma maravilha, e percebi que Arthur e o senhor Gurtesen não paravam de se olharem, não comiam direito só por estarem na presença um do outro, o que incomodou todos no jantar. 

Júnior se retirou rapidamente me deixando incomodada, pois ele sempre amou os jantares, mas algo estava errado e isso me incomodava de uma maneira insistente.

-Se não souber separar trabalho de vida familiar, vai jantar no quarto! - Virgínia comanda chamando minha atenção, fazendo Arthur fita-la com um sorriso de lado e vejo que agradece a ela por ter se pronunciado.  -Não é o delegado que está jantando conosco, mas Arthur, o namorado de Eloah! - ela ajeita seu garfo com uma quantidade de comida e fita seu marido. -Não irei falar novamente! - seu marido a fita sério e assente começando finalmente a comer direito. 

O jantar demorou mas foi finalizado em silêncio e isso me matava, pois conhecia aquela família e o silêncio não é, e nunca foi uma companhia para eles. 

-Como está Amanda? - o senhor pergunta. -Ela conseguiu se ajustar? - Arthur assente. -Luiza? - confirma novamente. -Que bom! - ele sorri se levantando com seu prato e retira o prato da esposa. 

-Ainda sentem a sua falta! - Virgínia fecha os olhos com força e sinto que há alguma ferida ali. -Esperam que um dia volte para a equipe! - o senhor coloca os pratos na louça e nega ainda de costas para nós. -O senhor sabe que não foi sua culpa e eu errei ao dizer aquilo! - a voz de Arthur era a única no local.

Dona Virgínia somente estava fitando suas próprias mãos, seu marido começou a lavar a louça, Júnior se retirou antes da cena e Arthur somente falava sem medo do que soltava. 

-Vocês ainda seriam em cinco se não fosse por aquela ordem, Arthur! Você não estava errado, como sempre! - me viro para ele que esta com o maxilar trancado e olhos fechados como se lembrasse do que aconteceu no passado. -Você é um chefe melhor que eu... - ele finaliza a louça se virando para nós e se escora na mesma cruzando os braços, me fazendo lembrar que Arthur costuma fazer a mesma pose. -Você nunca colocou aquela equipe em risco, como eu fazia com frequência! 

-Mas senhor... 

-Chega, Arthur! - ele da o comando final. -Não irei voltar, a equipe está muito bem sem mim... - vejo Arthur fechar o punho acima da mesa enquanto tremia e percebi começar a chorar. -Engula esse choro, e se lembre de que a vida de muitos depende da sua perfeição! - me arrepio com sua fala me surpreendendo com o homem que nunca conheci mesmo já tendo visitado aquela casa diversas vezes. -Espero que a tática do namoro dê certo! - ele simplesmente lança um olhar firme para Dona Virgínia e se retira. 

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