As horas pareciam não passar, já era o quinto apartamento que eu visitava no dia, levava exatamente uma hora para planejar as mudanças no local, isso quando os clientes eram fáceis de agradar. Eu estava completamente exausta e só queria ir para casa, para minha cama.
Olhei as horas no meu relógio pela terceira vez naquele dia e suspirei vendo que já eram quase 18h30. Meus pés balançavam freneticamente enquanto eu esperava impacientemente o casal sentado na minha frente aprovar ou não o projeto para o novo apartamento deles.
O alívio tomou conta de mim quando eles finalmente terminaram de olhar o projeto e me deram carta branca para avançar nas mudanças.
— Muito obrigado pela paciência e profissionalismo, Bárbara. É um prazer poder contar com você. — Diana apertou minha mão e seu marido, posteriormente fez o mesmo.
— O prazer é todo meu em poder ajudá-los. Nos vemos em algumas semanas para começarmos a mudança. — Eles assentiram e eu me despedi, entrando no elevador.
Peguei meu celular e desbloquiei o aparelho, abrindo na caixa de mensagens do WhatsApp e enviando uma mensagem para minha mãe.
Eu: Mamãe, já estou indo para casa. As coisas estão correndo bem por aí?
Mãe ❤️: Sim querida, não se preocupe. Maria já está banhada e está jantando agora.
Eu: Muito obrigado mãe, mesmo. Você sempre me salva.
Eu: Manda um beijo para minha pipoquinha!
Mãe ❤️: Não é nada meu anjo, e pode deixar que eu mando sim. Até mais!
Guardei o celular na minha bolsa e sai do elevador assim que o mesmo abriu as portas.
Minha mãe é meu alicerce, até nas situações mais complexas é ela quem sempre está lá para mim. Quando fiquei sabendo que estava grávida da Maria ela foi a primeira pessoa que ficou sabendo. E hoje, três anos depois, ela é a única pessoa que sabe sobre minha filha além do Gabriel.
Gabriel Jesus me conheceu muito antes do meu relacionamento com Philippe, se tornou meu melhor amigo em pouco tempo e até nos dias de hoje, mesmo com a distância, absolutamente nada mudou. Ele sempre fez questão de nos manter perto um do outro, mesmo quando estávamos separados por um oceano.
Quando ele ficou sabendo da minha gravidez e do término do meu noivado com Philippe quase implorou para que eu fosse morar na Inglaterra com ele e a Dona Vera, mas eu recusei. Eu necessitava de toda a privacidade possível e morando com um jogador de futebol famoso como ele, eu não conseguiria isso. Então ele ficou nos visitando aqui no Brasil quando tinha férias, Maria não demorou muito para se encantar por ele e hoje em dia é completamente apaixonada pelo "tio Gabiel".
Isso me tranquiliza pois eu sei que mesmo recebendo todo o amor meu e da minha mãe, ela sentia falta de uma figura paterna ou qualquer coisa que seja parecida com um pai. Eu nunca me atrevi a ter essa conversa com ela, eu sabia bem como ela era insistente e faria de tudo para me convencer a deixá-la conhecer o pai. E isso era tudo que eu menos queria.
Egoísta? Talvez, mas eu sei que é melhor assim, tem que ser assim.
O trajeto até minha casa foi tranquilo e eu agradeci mentalmente pelo último apartamento ser perto da minha casa, sem que eu precisasse pagar um táxi. Cumprimentei o porteiro e adentrei o prédio, entrando no elevador e apertando o botão do meu andar.
Coloquei as chaves na fechadura e abri a porta, encontrando tudo um pouco silencioso. Fechei a porta sem fazer barulho e coloquei minhas coisas no sofá, tirando meu salto e caminhando até o quarto da Maria.
Sorri largo com a cena ali, minha mãe contava uma das historinhas favoritas da pequena, enquanto ela escutava atentamente já toda embalada na sua cama.
— MAMÃE! — Maria gritou assim que me viu, levantando-se rapidamente e correndo em minha direção.
— Oi minha pipoquinha! — Peguei-a no colo, abraçando apertado o corpinho da mesma.
— Viu só vovó, eu disse que hoje eu ia aguentar esperar ela acordada. — A pequena virou-se para minha mãe.
Meu coração apertou um pouco com aquela frase, ultimamente meu trabalho estava me sobrecarregando e me deixando sem tempo suficiente para minha filha. Em noventa porcento das vezes que eu chegava do trabalho ela já estava no décimo sono, minha mãe sempre falava o quanto ela lutava para ficar acordada e me esperar.
Mas às vezes é necessário o sacrifício, não quero depender de ninguém para criar minha filha, por mais que ela tenha direitos eu prefiro que eu mesma cuide de tudo. Isso também já é um aprendizado para ela, para que ela entenda que não precisa depender de ninguém além dela mesma para ser alguém na vida.
— Pode deixar que eu ponho ela para dormir mãe, vai descansar.
— Certo, bons sonhos princesa da vovó. — Minha mãe depositou um beijo na testa de Maria e na minha e então saiu.
Deitei ma cama junto de Maria e peguei o livro que minha mãe estava lendo antes, retomando a história. Foi questão de dez minutos para que a pequena caísse num sono pesado, fechei o livro guardando o mesmo e levantei da cama, cobrindo Maria e deixando um beijo estalado em sua testa.
Apaguei a luz do quarto deixando somente a do abajur acesa e sai do quarto, caminhando para a cozinha onde minha mãe estava.
— Está ficando cada vez mais difícil. — A mais velha disse dando um suspiro pesado e eu franzi o cenho.
Ela ergueu um papel para mim e eu o peguei, logo entendendo o que ela queria dizer. Era um desenho de Maria, onde havia ela, eu, minha mãe e alguém que ela julgou ser seu pai. Massageei minhas têmporas e soltei um suspiro frustado, ela estava crescendo e ficando mais ciente das coisas, o que seria um possível problema.
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IG da Bárbara: barbaraportinari.
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Águas Passadas ✅
FanfictionBárbara e Philippe mantiveram um relacionamento quase duradouro, quatro anos de namoro, um de noivado e um "felizes para sempre" quase certo. Mas como nada que é bom vem fácil, tudo que eles construíram chegou ao fim quando a morena decidiu ir embor...