Capítulo Treze

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O relógio no pulso de Bárbara marcava exatamente oito e meia da noite. Ela havia acabado de sair da casa de Carol e Marquinhos, estava lá desde meio dia ajudando a organizar o chá revelação da amiga.

E fora tudo lindo. O casal iria ter um menino e aquilo alegrou todos, até os que apostavam em outra menina.

Ao seu lado estava Philippe dirigindo e atrás, na cadeirinha, Maria dormia tranquilamente agarrada ao uma pelúcia que ganhara do pai. Ela insistiu incansavelmente que ele não precisava ir deixá-las, mas de nada adiantou. Ele era mil vezes mais teimoso que Bárbara, e ela estava cansada demais para permanecer na insistência.

Assim que chegaram no apartamento da mulher, ela o guiou até o quarto da criança. O jogador pôs a criança na cama, depositou um beijo em sua testa e a cobriu, saindo do cômodo em seguida. Ele encontrou Bárbara sentada no sofá, mexendo em alguns papéis que ele não conseguiu  identificar de imediato mas quando se aproximou viu que se tratava de fotos.

— Vem cá. — ela o chamou e lançou um sorriso fraco.

Philippe se sentou ao seu lado no sofá e a morena o entregou algumas fotos. Ele segurou os papéis e não evitou dar um sorriso de orelha a orelha, eram fotos de Maria ainda bebê.

Os olhos do jogador brilharam ao ver cada foto, ao mesmo tempo que seu coração apertava por não ter tido a chance de vivenciar cada um daqueles momentos, estava feliz pois agora iria ter a chance de vivenciar outros momentos com a filha, e faria daquilo sua prioridade.

— Eu passei nove meses com ela na barriga, para ela nascer e ser uma mini versão feminina de você. — a morena comentou num tom divertido enquanto revirava os olhos.

— Ela tem sua personalidade, é teimosa e quando quer alguma coisa não cansa até conseguir. — Philippe disse dando uma risada.

Bárbara sorriu fraco com aquilo e deu um longo suspiro, passando os olhos pelas fotos mais uma vez.

As memórias dos primeiros dias de nascida da filha vieram a sua mente. Lembrou-se de como era difícil acalmar a pequena nas crises de cólica e de como ela sempre cedia quando a filha pedia alguma coisa. Aos poucos Bárbara foi entendendo que não podia dar tudo que a filha quisesse só para evitar um chororô.

— Você já pensou se tudo tivesse sido diferente? Se nós nunca tivéssemos nos separado, tivemos criado a Maria juntos... — ele questionou, agora encarando a mulher.

— Claro, seria mais fácil para ambos — ela deu de ombros — mas eu jamais vou me arrepender de ter tomado a decisão que eu tomei, Philippe. Por mais que tenha custado nós, me deu autonomia, sabedoria para encarar os desafios... e disso eu não posso reclamar. — disse sincera.

Aquilo sempre fora uma coisa que o jogador admirava na morena, sua persistência em ser independente, dona de si, em todos os sentidos. Bárbara nunca quis depender de Philippe ou de qualquer outra pessoa, por isso, na infância quando seu pai morreu, ela logo tratou de arrumar um emprego, se privou de aproveitar seus dezesseis anos para ajudar a mãe a sustentar a família.

Já quando se tratava do seu relacionamento com Philippe, ela sempre deixou claro para ele que jamais dependeria do seu dinheiro mesmo que ele não ligasse tanto para isso.

— E eu fico feliz por você ter conseguido isso, de verdade — ele sorriu — e me deixa mais feliz ainda saber que a Maria tem você como exemplo.

— E você também Philippe, ela começou a conviver com você agora e já te admira tanto. — eles riram.

Philippe juntou as mãos e ficou em silêncio por alguns minutos, deixando Bárbara confusa.

— Tá tudo bem? — ela perguntou o olhando.

— Preciso que você me diga.. me diga se ainda tem chance, para nós. Eu realmente quero saber porque, se tiver, eu vou fazer o que for necessário para te reconquistar e te ter de volta. — o jogador disse de uma vez, pegando Bárbara de supresa.

A morena estava paralisada, tentando formular alguma resposta mas nada lhe vinha a mente. Certamente eles tocariam nesse assunto uma hora, mas ela estava contando que não fosse agora.

Estava errada.

— Eu nunca deixei de te amar Bárbara, nunca, em nenhum momento sequer. Eu sequer aprendi a conviver sem você — ele riu sem humor — todo esse tempo tava sendo uma tortura e saber que todos os meus amigos tinham contato com você, alguns convivendo com você... só me deixava pior. E a única coisa que eu podia fazer era perguntar se você tava bem.

Ela respirou fundo digerindo as palavras do jogador, que lhe atingiram como facas. Se ele soubesse o quanto ela também havia sofrido, as noites que ela passava chorando e relembrando as memórias de ambos.

Ela também ainda era completamente apaixonada pelo jogador. Afinal, não é possível deixar de amar alguém assim, muito menos quando não há dúvidas de que aquela pessoa é a sua única certeza.

E eles eram, a única e possível certeza um do outro.

— Ainda existe alguma chance para nós? — ele repetiu a pergunta, sem tirar o olhar dos olhos dela.

Bárbara mordeu o lábio inferior e direcionou seu olhar para ele. Reprimindo toda a vontade que estava de acabar com o espaço entre a sua boca e a de Philippe, ela finalmente deu a resposta para a pergunta dele.

A resposta que ele achou que nunca mais fosse ouvir.

— Sim.

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Eu ouvi um amém????

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