Capítulo Dezenove

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Assim como quase todo mundo, Bárbara Portinari tinha um sonho, que mais tarde se tornou apenas um hobby dos sonhos. Ela queria muito trabalhar com crianças, sendo uma simples babá ou até mesmo uma pediatra, gostava de cuidar de pessoas e gostava ainda mais de cuidar de crianças.

Depois do nascimento de Maria ela simplesmente colocou de lado esse sonho e dedicou sua vida para cuidar da filha, algo do qual ela jamais se arrependia mas sentia que poderia ter feito mais.

Agora, parada em frente à um orfanato, ela se sentia completamente ansiosa e curiosa para conhecer tudo do lado de dentro. Nunca tinha visitado um orfanato antes mas já sabia mais ou menos como funcionava, por isso havia marcado a visita com dois dias de antecedência.

Logo que entrou no ambiente fora recebida por uma das irmãs que trabalhava ali. A simpática senhora de mais ou menos, cinquenta anos levou Bárbara para conhecer a estrurura e as crianças do local.

— Nós zelamos muito pela educação das crianças, por isso elas tem uma ótima estrutura nas salas de aula e um ensino de qualidade, visto que boa parte de nós temos conhecimento de várias áreas de estudo. — a mais velha explicou mostrando uma das salas de aulas e a morena assentiu enquanto admirava o local.

Era muito aconchegante e bem cuidado.

— Elas já passaram por tantas coisas ruins, sabe? Queremos dar o máximo de conforto possível.

Após a visita nas salas de aulas, as duas seguiram para os quartos das crianças, como a maioria já estava no horário de almoço ou brincando pelo pátio do orfanato fora tudo mais tranquilo para as duas.

Bárbara estava encantada com cada detalhe dos quartos das meninas, era tudo tão delicado e bem formulado. Aquelas crianças definitivamente estavam em boas mãos, aquilo aquecia o coração da brasileira, sabendo que boa parte das crianças que são abandonadas não tem a mesma sorte.

Um choro alto de bebê fora ouvido e tirou o foco da conversa das duas mulheres, a mais nova franziu o cenho e olhou para a mulher ao seu lado.

— Ah desculpe, é a nossa nova "moradora" — riu fraco — acho que ela não gosta muito de ficar sozinha.

Logo a mulher saiu do quarto e caminhou pelos corredores em direção à um outro quarto. Bárbara não conseguira deixar sua curiosidade de lado e seguiu a mulher. As poucas crianças que vira passeando pelos cômodos do local durante a visita não tinham menos que sete anos, o que a fez pensar que eles não aceitavam crianças menores. Estava enganada.

— Ei, tudo bem pequena. Estou aqui. — a irmã disse baixinho e pegou a bebê no colo.

Bárbara observava tudo encostada na porta. A criança provavelmente não tinha mais que dois meses e chorava muito, o que deixou ela levemente preocupada.

— O que foi, hum? Você não está suja, talvez esteja com fome... mas não faz nem meia hora que você comeu. — a irmã tinha um tom divertido enquanto conversava com a bebê, que não fazia muita questão de ouvi-la.

A morena mordeu o lábio apreensiva e se aproximou das duas, olhando a bebê mais de perto.

Não gostava de julgar as pessoas, muito menos sem saber dos motivos que as levaram a tomar certas decisões mas ainda sim, não podia não se sentir mal ao ver aquele ser tão pequeno e tão inocente ali, chorando e completamente indefesa. Era tão novinha e já estava em um orfanato, aquilo fazia o estômago dela embrulhar.

— Posso? — ela pediu, ainda sem tirar os olhos da bebê.

Um pouco receiosa, a irmã colocou cuidadosamente a bebê nos braços de Bárbara, que a pegou com delicadeza e começou a acalmá-la. A mais nova sussurrava uma canção de ninar — que costumava cantar para acalmar Maria em suas crises de cólica — enquanto fazia carinho nas bochechas gordinhas da menina. Os olhinhos azuis estavam cheios de lágrimas e o nariz vermelho, era de dar dó.

Aos poucos, a criança cessou o choro e passou a prestar atenção nos movimento da mulher que lhe segurava, a tática da canção estava funcionando mais do que Bárbara esperava.

— Nossa, você conseguiu acalmá-la tão rápido. — a irmã deu um risinho.

— Funcionava com minha filha quando ela era um bebê, não tão rápido assim mas funcionava. — elas riram.

— Ela chegou aqui tem um mês. Ela é bem calma, não sei o que a fez chorar assim. Talvez tenha tido um pesadelo. — deu de ombros.

— Se não for muito intrometido da minha parte... qual a história dela? — Bárbara questionou enquanto fazia carinho no rosto da bebê.

— Não tem problema, acredite ou não, o pai veio deixar. A mãe faleceu no parto e ele não queria "assumir a responsabilidade" — a mais nova encarou a mulher com uma expressão incrédula no rosto — é eu sei, ele simplesmente deixou a criança aqui com os documentos necessários e sumiu. Nem nome a coitada tem.

— Isso é... é tão cruel — negou com a cabeça — ela é tão frágil... — Bárbara suspirou observando a criança já adormecida.

— Hum, parece que ela simpatizou com você. — a irmã deu um sorriso.

— Deve ser minha pouca experiência de mãe de primeira viagem.

— Ou ela simplesmente pode ter gostado de você. Já pensou?

— O que? — Bárbara franziu o cenho.

— Sabe, esses processos costumam demorar, ainda mais se a criança ainda é um bebê mas na maioria das vezes você consegue adotar.

Adoção fora algo que nunca passou pela cabeça da jovem, sempre teve o sonho de ser mãe e sentir a magia da gravidez. Adotar seria sua última opção, mas sua visão sobre o assunto tinha mudado há algum tempo.

— Adotar? Ah não, não irmã. Eu já tenho uma filha e acho que está bom assim.

— Bom, é um assunto para você pensar.  Pode vir nos visitar com frequência, se quiser e aí quem sabe ela não faça você mudar de ideia? — a mais velha disse direcionando o olhar para a criança adormecida mo colo de Bárbara.

A pequena segurava o indicador da mulher entre os dedinhos e tinha uma expressão tranquila no rosto. Era claramente uma sensação incrível.

Depois que foi embora do orfanato, Bárbara ficou aquilo em sua cabeça. Não era algo impossível e sim algo que ela cogitaria a possibilidade, de fato tinha se encantado pela criança e se sensibilizado pela história da pequena, aquele assunto seria algo para tratar com sua família e ela esperava que não estivesse se precipitando.

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Opa, tudo bom?

E aí, o que acharam desse capítulo? Babi tá sendo impulsiva ou ela realmente deve pensar sobre isso?

Desculpem qualquer erro ortográfico, capítulo não revisado.

Sigam a Bárbara no Instagram: barbaraportinari.

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