Capítulo Onze

1.1K 96 60
                                    

— O que aconteceu? Por que você tá com tanta pressa? — Bárbara perguntou enquanto era levada por Philippe rumo ao vestiário.

O jogador nada respondeu, o que a fez bufar. Eles entraram no vestiário e ele fechou a porta. A morena passou o olhar pelo local rapidamente e logo tornou a olhar o homem.

— Não tem nada para me contar? — o jogador questionou cruzando os braços.

— Hum, não? — Bárbara franziu a testa.

— Não mesmo? Nem sobre nossa filha? — ele foi direto.

Bárbara congelou ali mesmo onde estava. Sua garganta secou e ela não conseguia esconder o quanto estava supresa ao ouvir aquilo. As palavras lhe sumiram num piscar de olhos e ela tinha a boca entreaberta, na tentativa de falar algo mas nada saía. Estava petrificada.

Suas mãos suavam frio e o ar lhe ameaçava faltar. Bárbara não conseguia acreditar muito menos entender como aquilo havia chegado aos ouvidos dele.

Ora sua tola, o que você esperava levando ela justamente para o local onde ele estaria? A carioca mordeu o lábio com força e se respirou fundo algumas vezes.

— Quem te falou? — ela perguntou e Philippe riu irônico.

— Eu tive que saber pela sua irmã, Bárbara. Você me escondeu uma filha por... por todos esses anos!

— Três — ela corrigiu — ela tem três anos. — concluiu falando baixo.

— Três anos, Bárbara! Qual o motivo de esconder isso de mim?

— Sério Philippe? Tenta imaginar. A gente tinha acabado de terminar da pior forma possível, eu tava com tanta raiva de você... — a morena mordeu o lábio e suspirou — eu não sabia o que fazer.

— E achou que esconder ela de mim seria a melhor opção? — ele perguntou se aproximando.

— Que droga Philippe, eu estava atordoada e sem saber o que fazer! Eu só vi a besteira que eu fiz quando eu percebi que não daria mais para esconder, quando ela me perguntou de você. — disse com a voz embargada e virou-se de costas para o jogador.

Maria havia visto uma foto antiga de Bárbara e Philippe, estava em um porta-retrato bem guardado em uma das gavetas do guarda-roupa. Bárbara nunca se importou em deixar aquela foto ali, tinha em mente que a filha jamais mexeria ali mas estava enganada.

Encontrou a pequena sentada no chão admirando a fotografia com uma expressão curiosa no rosto. Obviamente a criança não hesitou em fazer a pergunta famosa "ele é meu pai?"

Em anos, Maria nunca tivera convivência com outra figura masculina que não fosse de Gabriel ou os outros meninos da seleção e ver uma figura masculina diferente pela primeira vez só deixou a mente da criança cheia de perguntas.

Bárbara não negou nem confirmou. Apenas guardou o porta-retrato e pediu para que a filha não voltasse a mexer em suas coisas. E ficou por isso mesmo. Elas jamais tocaram naquele assunto novamente e a morena agradecera por aquilo.

— Você nunca falou de mim para ela, não é? — ele perguntou num tom baixo.

— Ela já viu uma foto nossa, se isso te consola.

— Não, não me consola. Você disse o que? Que eu era só um amigo ou que não fazia diferença quem eu era?

— Você já conheceu ela Philippe, já sabe que ela é sua filha... o que mais você quer? — Bárbara se virou e o encarou.

— Eu quero participar da vida da minha filha, Bárbara. Não vou te cobrar nada, nem insistir que você me perdoe — ele engoliu em seco — eu só quero começar a acompanhar a vida da Maria. Eu já perdi os momentos mais importantes da vida dela, o nascimento, o primeiro passo, as primeiras palavras... — Philippe mordeu o lábio com força, não queria desabar ali na frente de Bárbara.

Já ela não se importava com isso. As lágrimas tomavam conta de seu rosto e a culpa parecia pesar o triplo agora. Sabia que não deveria ter escondido algo tão importante dele mas a culpa não era totalmente sua, ela estava assustada e com medo, não sabia do futuro e só queria proteger sua filha.

De qualquer forma, estava arrependida e queria consertar o erro.

— Me perdoa por isso — ela disse e sua voz vacilou — eu não deveria ter te privado desses momentos e muito menos privado ela de te conhecer.

Aquilo era novo para Philippe. Bárbara deixando seu orgulho de lado e pedindo desculpas não era algo que se via todo dia, ela só o fazia quando realmente e estava arrependida. E de fato, agora ela estava.

Mais que nunca.

O jogador limpou o rosto e respirou fundo antes encará-la novamente.

— Eu quero que você converse com ela, explique a situação.

— Ela é só uma criança, Philippe. Isso vai bagunçar a cabeça dela.

— Eu te garanto que é melhor contar agora do que continuar mentindo para ela, dizendo que ela não tem pai ou simplesmente fugindo do assunto. — disse calmo porém sério e ela suspirou.

Tinha receio de sua filha ficar chateada com ela mesmo que ela nunca tenha dito necessariamente que ela não tinha um pai. Só nunca tocou no assunto.

— Certo. — ela disse se dando por vencida.

— Eu... eu queria também que você levasse ela lá para o hotel onde nós estamos, mais tarde, depois que a comemoração aqui acabar. Vai ser uma comemoração com as famílias e agora que eu sei que tenho uma, eu quero a minha lá, comigo. — ele disse olhando em seus olhos antes de sair, deixando a carioca ali sozinha.

●●●●

Eu tô é morta.

Sigam a Bárbara e a Bruna no IG: barbaraportinari & brunaportinari.

Águas Passadas ✅Onde histórias criam vida. Descubra agora