— Podemos conversar? — o jogador perguntou, enquanto seguia os passos apressados da morena.
Barbára sequer havia abrido a boca até então, simplesmente saiu apressadamente da sala o deixando só e logo ele foi atrás de dela.
— Eu preciso ir. — falou simples sem parar de andar.
— Eu não quero iniciar uma discussão. — Philippe parou em sua frente, a obrigando a parar de andar e encará-lo.
Ela suspirou engolindo em seco e cruzou os braços, desviando o olhar do seu rosto para o chão.
— Eu... Eu tô feliz de te ver de novo, sério, não imaginava que você viria assistir o jogo.
— Eu vim pelos meninos, mais pelo Gabriel. — deu de ombros finalmente o olhando.
— Claro. — ele deu um sorriso sem graça e coçou a nuca.
Que tolo de sua parte achar, por um milésimo de segundo, que ela estaria ali para vê-lo uma outra vez. Era quase ridículo pensar por esse lado.
— Você... você tá bem? — ele tentou, mais um vez, iniciar uma conversa civilizada com ela.
— Nunca estive melhor. — ela deu um sorriso falso e ele riu baixo ao notar o tom ironico dela.
A ironia era uma das principais armas de defesa de Bárbara e Philippe sabia bem disso, por vezes fora vitima desse mecanismo de defesa amargo que ela só ativava quando estava na defensiva. E de fato ela estava.
— Eu estou bem também — ele disse sem que ela precisasse devolver a pergunta — vai ficar aqui por muito tempo?
— Não, na verdade estou indo embora hoje.
— Poxa, sério? Eu pensei... — a mulher à sua frente o olhou séria e arqueeou a sobrancelha, o fazendo ponderar sobre o que diria a seguir — pensei que você ficaria mais tempo.
Bárbara assentiu e o jogador soltou um longo suspiro, o silêncio que havia se instalado ali era incômodo e constrangedor. Se dissessem para os dois que anos mais tarde eles, que sempre tinham algum assunto para discutir — fosse importante ou não — estariam agora um diante do outro como meros estranhos, eles jamais acreditariam.
Mas agora as circunstâncias eram outras e não estavam a favor de ambos.
Um barulho de algo caindo no chão acabou com o silêncio ali e fez os dois olharem para trás, encontrando Firmino, Larissa e Casemiro, "escondidos" atrás de um arranjo de palmeiras isolado no corredor.
— Tinha que ser você, lesado! — O camisa 5 da seleção resmungou e deu um tapa na testa do atacante.
— Você que me empurrou, zé ruela. — Firmino recolheu o pertence que havia deixado cair no chão.
Bárbara encarou com um olhar debochado os amigos que se aproximavam sorrateiramente dela e de Philippe. Agora ela tinha a plena certeza de que eles eram os culpados pelo seu encontro com o meio-campista.
— Atrapalhamos alguma coisa? — a loira perguntou segurando um sorrisinho sapeca.
— Sim.
— Não.
O jogador e a morena responderam respectivamente ao mesmo tempo. Eles se entreolharam por breves segundos até ela quebrar o contato visual e se voltar para os amigos.
— Eu já vou indo.
— Eu te levo, Babi. Vamo nessa? — Casemiro perguntou e ela assentiu.
Antes que ela pudesse seguir o amigo até o estacionamento, o jogador do Barcelona segurou em seu braço a fazendo o olhar.
— Será que... será que você poderia me dar seu... número? Para podermos manter contato e — pigarreou — hum, você sabe.
— É melhor deixar do jeito que está — ela disse firme — tchau, Philippe.
Bárbara deu as costas e seguiu Casemiro, rumo a saída. Seu coração batia rapidamente e sua respiração estava descompassada, pelas lágrimas que se formavam em seus olhos ela podia apostar que não aguentaria muito até cair em um choro — ridículo em seu ponto de vista.
Um dos seus piores defeitos era cair no choro antes mesmo de conseguir discutir com alguém, sempre que o ódio e a raiva falavam mais alto a morena não conseguia segurar o choro.
Chorava de ódio.
— Você tá bem? — o amigo perguntou assim que eles entraram no veículo dele.
Ela respirou fundo e massageeou suas têmporas, seus olhos ardiam e sua visão embaçada já acusava o que ela esperava. Estava chorando.
Casemiro nada disse, apenas abraçou a morena e depositou um beijo em sua testa. Ele era um dos poucos que sabia de toda a história de Bárbara e Philippe, sempre fora um apoiador fiel do casal e ficou completamente em cima do muro quando os dois amigos se separaram.
— Desculpa — ele começou — foi ideia do Bobby e da Larissa, eu disse que você iria os odiar por isso mas eles não me escutaram.
— Não os odeio — ela riu fraco secando as lágrimas — é só que... eu tava evitando tanto isso tendo em mente que se eu o encontrasse sentiria repulsa ou coisa do tipo mas... não senti nada disso. E eu queria tanto sentir ódio dele mas... — respirou fundo — eu não consigo odiar ele, sou uma idiota!
— Você não é idiota por isso Babi, de onde tirou isso? Se você não o odeia, é um bom sinal, um sinal de que as coisas ainda podem se resolver entre vocês. Nem que seja só para uma futura amizade. Você sabe que é essencial para a Maria que vocês dois sejam pelo menos amigos, que tenham uma relação saudável, não é? E não diz que não vai colocá-la no meio disso, ela é a peça principal desse quebra-cabeça de vocês dois.
Bárbara mordeu o lábio inferior digerindo as palavras do amigo, odiava o fato de que ele estava completamente certo em tudo que acabara de falar. Ela sabia que a sorte não bateria duas vezes em sua porta e que isso logo aconteceria, fosse do seu querer ou não. Porém tudo que a carioca tinha em mente agora era voltar para o Rio o mais rápido possível e ficar por lá até a poeira abaixar.
Ela esfregou as têmporas e soltoi um logo suspiro, sua mente estava uma completa confusão no momento.
Era isso que Philippe causava nela, uma enorme confusão, uma bagunça que ela ainda não sabia dizer se era boa ou não. Ele tinha a capacidade de mexer com deus sentimentos mesmo depois de anos, mesmo que ela tivesse colocado na cabeça que ele era o motivo de tudo de ruim que aconteceu no passado e que queria evitá-lo e odiá-lo a todo custo.
Não estava totalmente surpresa por ainda sentir alguma coisa, afinal não dá para esquecer alguém que foi o amor da sua vida assim do dia para a noite, mas ela ainda sim se culpava por não ter se esforçado o suficiente para esquecê-lo por completo.
— Eu só quero ir para o hotel e ver minha filha. — fungou.
Casemiro assentiu e deu partida no carro, dirigindo rumo ao hotel em que ela estava hospedada.
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Espero que gostem e perdoem por qualquer erro!
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Águas Passadas ✅
FanficBárbara e Philippe mantiveram um relacionamento quase duradouro, quatro anos de namoro, um de noivado e um "felizes para sempre" quase certo. Mas como nada que é bom vem fácil, tudo que eles construíram chegou ao fim quando a morena decidiu ir embor...