Cap 2

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- Eu não acredito que você ainda não está pronta - falou Ryuki adentrando meu quarto sem o menor aviso, eu estava deitada em minha cama lendo um livro.

- Quantas vezes eu vou ter que pedir pra você bater na porta antes de entrar? - questionei me ajeitando e sentando na cama, ele veio até mim sorrindo e parou em frente a mesma.

- Por que ainda não está pronta? - perguntou ele apoiando as mãos nos quadris e adotando uma postura rígida.

- Pronta pra quê? - me fiz de desentendida e deitei novamente na cama pondo o livro em frente ao meu rosto.

- Hoje é o aniversário da Genevive, você tem que ir comigo - falou ele retirando as mãos dos quadris e sentando ao meu lado.

- Você sabe muito bem que eu não gosto da Genevive e não me importo se é aniversário dela ou não - falei ainda encarando meu livro. Ele deu um suspiro longo e novamente se levantou.

- Eu não sei porquê você não gosta dela - ele falou como se aquilo fosse algo surreal. Eu me desfiz do meu livro o pondo sobre a cama e encarei o Ryuki com uma sobrancelha arqueada.

- Isso é sério? - excalmei e ele se deu por vencido levantando as mãos pro ar. Ele me deu as costas e seguiu em direção à porta, porém assim que tocou a maracaneta ele parou e voltou a me encarar.

- Se você não vai à festa, então oque vai fazer? - perguntou ele cruzando os braços a espera de uma resposta, a verdade é que ele sabia que eu não iria fazer nada e portanto não teria como argumentar sobre isso.

Depois que meus avós morreram, minha mãe herdou toda a herança que eles deixaram pra ela, ou seja, a linha de empresas de construção. Ela e meu pai ficaram um pouco atribulados com tantas coisas pra resolver a distância em relação a empresa então eles decidiram se mudar pra lá e cuidar de tudo direto da empresa central. Mas o Ryuki e eu não queríamos nos mudar e conseguimos convencer nossos pais a nos deixarem ficar aqui até o fim do ensino médio. O Ryuki quis ficar por causa da Genevive, já eu quis ficar por causa do Victor e da Roberta. No final de tudo, o Ryuki sai todas as noites pra curtir com os amigos dele enquanto eu fico aqui sem fazer nada a noite toda, eu até poderia ir junto com ele, mas eu não suporto a ideia de ter que ficar no mesmo ambiente que a Genevive, ela é um ser perverso e cruel, meu irmão é o único que não enxerga isso.

- Se arruma rápido, nós já estamos atrasados - falou ele saindo pela porta. Eu não queria ir nessa festa mas pelo menos lá tem bebida. Sim, eu bebo de vez em quando, desde que não moro mais com nossos pais, isso já tem um ano. Sinto muita falta deles.

Eu pus um short jeans branco, uma blusa de alça com flores e um casaco estilo Hipster cujo o comprimento passa um pouco do quadril. Eu não costumo usar maquiagem então apenas passei um batom e me perfumei. O Ryuki ficou me esperando sentado no sofá mexendo no celular, assim que me viu ele se levantou, guardou o celular e me olhou de cima a baixo.

- Tá bonita - falou ele mostrando seu sorriso mais bonito, não é porquê é meu irmão, mas o Ryuki é muito lindo e qualquer garota teria muita sorte de poder ver um sorriso como esse só pra elas, "é uma pena que nem todas saiba dar o devido valor" - agora vamos, a Genevive detesta atrasos - falou ele pegando a chave do carro na mesinha de centro e seguindo até a porta apressadamente.

Quando chegamos em frente a casa da Genevive, pude ouvir os gritos de uma pequena multidão, "a festa deve estar animada". Assim que entramos, Genevive veio até o meu irmão lhe dando um beijo quente e avassalador, isso foi constrangedor e desconfortante pra mim, já sabendo onde aquilo iria dar eu me afastei deles e fui andando pela casa sem rumo. Fui ate o quintal e me sentei em uma das cadeiras de praia postas na beira da piscina, de repente sinto alguém tocar no meu ombro.

- Sabia que você viria - Roberta estava segurando dois copos de cerveja e antes de sentar-se ao meu lado ela me entregou um dos copos. Dei o primeiro gole normalmente e continuei olhando em volta.

- Será que o Victor está por aqui? - perguntei ainda olhando para as outras pessoas que bebiam e conversavam ao nosso redor.

- Ele disse que estava cansado do treino de hoje e por isso não veio - disse ela que logo em seguida deu um grande gole na bebida. Ela resmungo algo e me encarou com um sorriso estranho.

- Oque foi? - perguntei franzindo o cenho após dar outro gole na bebida.

- Não olha agora, mas tem um carinha bem gato te olhando - falou ela sorridente olhando pro suposto garoto. Eu tentei olhar discretamente mas não vi ninguém interessante.

- Que cara? - perguntei olhando ao redor.

- O cara de blusa azul e calça preta do outro lado da piscina - falou ela como em um cochicho. Eu olhei pro outro lado da piscina e pude ver o tal garoto, ele é de fato bem bonito, cabelos castanhos claros e pele clara, ele parece ser bem alto e robusto, talvez seja do time da escola, ele está segurando uma garrafa de cerveja e me olhando fixamente, ele sorrio e eu fiz o mesmo. Senti um líquido banhar meu cabelos e minha blusa, o cheiro era forte, sem dúvida era álcool.

- Ops, me desculpa, foi sem querer - Genevive derramou cerveja em mim. Sua pose segurando o copo e seu sorriso contido deixavam claro que ela fez isso de propósito. De repente Roberta jogou todo o líquido em seu copo no rosto da Genevive que fechou os olhos no mesmo instante e ficou boquiaberta.

- "Ops, me desculpa, foi sem querer" - falou ela imitando a voz fina e irritante da Genevive.

Roberta pegou em minha mão e me guiou até o banheiro da casa. A minha blusa ficou toda fedorenta e por isso não deu pra fazer muita coisa, eu tentei molha-la pra tirar o cheiro, mas não ajudou muito. Quando sai do banheiro a Roberta já não estava mais lá, eu rodei pela casa tentando encontra-la porém não a encontrei. Eu decidi procurar pelo meu irmão e tentar convence-lo a me levar pra casa, eu já enchi a minha cota de desastres e irritações hoje.

- Ah não, de novo não - outra vez alguém derrubou uma bebida em mim no entanto dessa vez era algo de cor roxa, parecia vinho. Essa pessoa tocou na minha blusa e quando o olhei vi o Lukas.

- Foi mal - falou ele olhando minha blusa, ele não parecia preocupado ou pelo menos se importar com o acontecido.

- Tudo bem, a essa altura eu só quero ir pra casa - falei sem encara-lo e já me direcionando a saída, mas o Lukas agiu de maneira a me surpreender, ele me puxou pelo braço rapidamente fazendo com que nossos corpos se chocassem um contra o outro. Seu corpo exalava um calor confortante e seucheiro forte certamente marcaria minhas roupas, pude sentir seus músculos firmes e suas mãos em meus quadris, seus olhos azuis como o mar fariam qualquer pessoa se perder neles. Depois de alguns segundos constrangedores naquela posição, fomos nós separando lentamente, porém ele não parecia desconfortável, apenas eu estava.

- Eu não tô fazendo nada mesmo, deixa que eu te levo - falou ele pondo as mãos nos bolsos. Eu pensei na sua proposta, meu irmão não iria gostar nem um pouco de saber que eu fui pra casa com Lukas Mendes, sem falar que nós nem conversamos muito. Eu não quero discutir com o Ryuki amanhã, "mas se ele não souber não vai ter problema né?". Depois de pensar bastante eu decidi aceitar sua oferta, eu estava casada e tudo que eu mais queria era voltar pra casa de onde eu não deveria ter saído, mas eu ainda tinha que avisar o Ryuki que eu estava indo embora, se ele me procurasse na festa e não encontrasse sem dúvida ele ficaria preocupado.

- Tudo bem, mas eu tenho que avisar o meu irmão - falei o olhando, ele me encarou e se pôs a olhar em volta por alguns segundos. Ele encarou o rapaz ao seu lado e se pronunciou.

- Carlos, você pode avisar pro Kawasaki que eu levei a irmã dele pra casa? - falou ele sem dar muita importância porém eu me alarme na hora.

- Não! - ele me olhou surpreso com o meu tom firme. - apenas diga que eu fui pra casa com um amigo - falei liberando a tensão em meus ombros. O Lukas me encarou de um jeito diferente quando eu falei a palavra "amigo", eu sei que não somos amigos, mas eu estou tenato evitar uma discussão desnecessária entre mim e meu irmão.

Após resolvermos a situação, o Lukas me guiou até seu carro, ao entrar ele pôs o cinto de segurança e isso me surpreendeu, a maioria dos adolescentes não se importa com a segurança, pra ser cinsera o Lukas é a última pessoa que eu poderia imagina se importar com isso. Ele ligou o carro e deu partida no mesmo, o caminho foi silencioso, não tínhamos sobre oque falar e me surpreende ele ter se pontificado a me levar até em casa sendo que não somos íntimos ou coisa do tipo.

Quem Disse Que Eu Te Amo ?Onde histórias criam vida. Descubra agora