Alma Gêmea

Desespero

Do Kyungsoo

Abri os olhos e enxerguei tudo embaçado. Eu estava em um lugar pouco iluminado e tudo tinha um desfoque enorme para mim. Percebi estar deitado e por isso tentei me levantar. Uma pontada na minha cabeça fez com que eu voltasse a minha posição inicial. Olhei para meu corpo e vi que eu tinha as mãos amarradas, por isso tinha tido dificuldade para sentar. Aquilo não era nada bom.

Lembranças assolaram minha mente e só assim eu consegui entender como tinha ido parar naquela posição. Suho tinha conseguido colocar o Minnie no carro, mas Gyeon percebeu tudo e tentou segui-lo. Mesmo não sabendo lutar e sendo fraco, eu parti para cima daquele alfa e nós dois lutamos. Eu estava seriamente machucado, mas pouco me importava, eu precisava salvar meu filho.

Tornei a tentar sentar e dessa vez vozes preencheram o lugar. Parecia a voz de uma mulher e de um homem, mas eu não conseguia assimilar direito, porque minha dor de cabeça estava forte. A porcaria da cadeira que Gyeon acertou em minha cabeça estava me destruindo. Já que eu não conseguia distinguir por vozes, respirei fundo para reconhecer os cheiros.

Meu corpo inteiro doeu quando inspirei. Eu deveria ter uma costela quebrada. O cheiro de relva, tão característico de Gyeon, se mesclava com um cheiro de amêndoas. Aquele cheiro era da senhora Kim. O que ela estava fazendo ali?

-O KIM JAMAIS VAI TE DAR O DINHEIRO TODO! – a ouvi gritar e comecei a me arrastar para longe.

Eu não sabia onde Suho estava, apenas queria sair dali, correr para o carro e ajudar meu filho. Eu não sabia dirigir, mas isso não era problema no momento. A vida do Minnie estava em jogo.

-Ele ama o neto como você ama o dinheiro dele, Hyerina. – ouvi Gyeon dizer.

Eu tinha conseguido chegar até uma pilastra. Fiquei atrás dela e usei minhas duas mãos, que estavam amarradas, para ficar de pé. As chances de conseguir fugir eram mínimas, porém, não eram absolutas. Não me importei em ouvir a conversa dos dois, apenas respirei fundo e comecei a correr. Meu corpo inteiro gritava de dor e isso pouco me importava. Eu precisava encontrar o carro e achar o Minnie.

Enquanto eu corria, tentava achar a saída do lugar. Eu lembrava onde era, mas tudo parecia maior. Gyeon já devia ter dado falta de mim e eu não podia ficar demorando. Avistei um corredor – que eu tinha passado quando cheguei – e fui por ele. No meio do caminho, tropecei em algo e caí rolando. Grunhi de dor.

-Kyungsoo? – ouvi uma voz baixinha perguntar e olhei. Suho.

-Suho! Onde você... – parei de perguntar ao vê-lo completamente vermelho de sangue. – Você está bem?!

-Vou ficar. – ele respondeu e se sentou. – A saída fica a dois minutos daqui, eu deixei o bebê no carro, lá na floresta...

-Para de me indicar o lugar, levanta e vamos comigo. – mandei e ele riu. – Não ria, idiota! Aproveita e desamarra as minhas mãos.