Três dias e eu já estou louca para voltar para a minha vida mas o João quer que eu fique com ele. A minha mãe me deu um susto quando caiu no banheiro depois de uma tontura e não precisava chamar o José mas o João fez questão e ele levou ela comigo.
- Ela está bem? -- ouvi a sua voz atrás de mim e eu assenti. - Eu posso trazer as suas coisas. Acho que ela não vai sair daqui hoje. -- ele vem para o meu campo de visão e eu tive que lhe olhar.
- Você pode ir. Eu não preciso de nada. -- digo aborrecida e ele sentou na cadeira me olhando. Pra quem essa camisa aberta?
- Você tem medo de mim. -- ele ri afirmando e eu tive que ri!
- Medo de você? Porque você não vai embora? Obrigado por hoje mas me deixa em paz. Eu quero focar na saúde da minha mãe e não perder tempo com você. -- cruzei os braços sentindo frio.
- Eu peço perdão, Tereza. Eu realmente não me lembro de tudo mas quando eu beijei você eu ainda não estava bêbado. -- olhei para a cara cínica dele.
- E o menino, José? Que você abandonou? O que você quer com isso? Eu não quero mais saber da nossa história. Nem tivemos uma! Se eu não tivesse escutado as meninas eu não teria ter comido o pão que o diabo amassou por sua causa! -- lhe dei as costas e ele suspirou.
- Eu era um jovem violento e inconsequente, Tereza. A tia cuidou melhor de você e do João. Eu iria te fazer sofrer. -- diz sério. Eu me lembro bem.
- Vai embora, José. -- digo brava.
- Eu vou ficar aqui. O João só quer saber daquela menina e você não vai ficar sozinha. Porque não vai comer alguma coisa? Eu fico aqui. -- diz sério.
- Eu vou no banheiro. -- digo e caminhei ainda cambaleando.
Foi apenas uma paixonite de adolecente! Ele me fez mulher e me deu um filho. Fiz a minha necessidade e tomei o meu café mas parei quando o José voltou a se sentar depois que o doutor lhe falou alguma coisa muito séria. A cor fugiu do seu rosto.
- Alguma notícia da minha mãe? -- pergunto me aproximando e o José voltou a se levantar e apertou o meu ombro. Não!
- Eu sinto muito. -- diz e eu olho para o José sem acreditar. O que?
- Ela teve uma parada cardíaca e... -- passei a não lhe ouvir mais.
- Não! Eu quero ver a minha mãe agora! -- o José me segura com força e eu lhe empurro.
- Pare com isso. Não podemos fazer nada. Tereza. -- me puxa para perto e eu não tenho em que me agarrar então eu afundei o meu rosto no seu peito. Ela não estava muito bem. Eu quis voltar mas ela insistiu tanto em ficar. Sempre escondeu de mim. Eu só sabia quando ela voltava do médico e ainda assim dava voltas e dizia que era de rotina!
- Não... -- choro e ele beija o topo da minha cabeça e me abraça. - O que vou fazer agora? -- fungo.
- Você vai continuar a sua vida e vai lembrar com carinho a grande mulher que ela foi. A minha tia não era uma mulher triste e você não pode seguir assim. -- ele olha nos meus olhos e limpa as minhas lágrimas.
- Eu quero ver a minha mãe. Não... -- puxo a sua camisa e a tristeza invade o meu coração.
- Não. Eu cuido de tudo para você. Eu vou te levar pra casa. -- balanço a cabeça, brava. - Vai ficar com o João. Não discute! -- diz sério e eu não falei mais. Como isso aconteceu tão rápido?
Resolveu tudo para mim. Tudo. O meu filho chorou comigo mas acabou dormindo. Afago os seus cabelos e passo o nariz na sua bochecha. Tão bruto, ansioso mas é o primeiro a procurar depois das nossas brigas. Ela sempre ficou no meio e fez o papel de pai. Sempre foi durona!
- Meu bebê... -- as lágrimas não cessam. Parece que arrancaram um pedaço grande de mim. Ela foi o meu escudo, o meu tudo. A minha amiga, confidente. Amor.
O enterro foi a tarde e eu não quis voltar para a fazenda. Tomei um banho e me deitei na cama novamente e o José entrou com uma bandeja e em seguida a Dona Marisa. Estou com uma camisola e eu me senti sem espaço e um pouco exposta.- Você precisa se alimentar, Tereza. Come um pouco. -- diz a Dona Marisa. - Eu quero que você fique conosco. Não é bom ficar sozinha. Quando o meu velho se foi também fiquei amargurada e se não fosse a minha família e os amigos eu não tinha aguentado. -- fala com tanta ternura que nem parece uma das tais que criticaram a minha mãe por ter me adotado!
- Perdi uma irmã mas você é da família, mãe do meu neto. O único homem no meio de tantas moças. -- ela sentou na cama e pega as minhas mãos e beija.
- Eu fui rude com ela mas deu tempo de consertar. Ela não podia ter filhos e era criticada por nosso pai e por isso saiu daqui mas ela foi procurar por você... -- a sua voz embargou. - Era tão amorosa e você é o retrato dela. Fique, filha. -- diz e eu não olhei para o José. Assenti e aceitei o seu abraço materno.
Saiu limpando o rosto e o meu celular tocou e eu olhei para o José e ele me entregou e sentou na cadeira. Eu esqueci do gringo!
- Eu sinto muito, Tereza. A Suzana me contou. Quando volta? -- pergunta e sinto a ansiedade.
- Eu vou ficar. O João precisa de mim e eu não tenho cabeça para trabalhar. Você entende não é? -- digo cansada e ele suspirou pesadamente. Está chateado.
- Eu queria tanto cuidar de você. Não posso fazer uma visita? Sem beijos e amassos. Posso tentar me controlar. -- ele é muito fofo.
- Eu vou voltar, Michael. A minha vida não é aqui. -- digo.
- Tudo bem. Posso ligar para você amanhã? -- pergunta manhoso.
- Pode. A Suzana pode me substituir nos compromissos. -- eu já sei a sua resposta sempre!
- Você é única, baby. -- diz sedutor e eu arrisquei olhar para o José e os seus olhos passeiam em mim.
Desliguei e pego a colher e mexo na sopa fumegante. Cheirosa. Levei a colher até a boca e a alça da minha camisola descendo no ombro e ele se mexeu na cadeira. Arrumei a alça um tanto incomodada com ele me olhando. O que ele quer aqui?
- Eu vou buscar as suas coisas amanhã. Depois eu volto para buscar a bandeja vazia. -- ele diz sério e eu tomo a sopa deliciosa. Não há necessidade mas pelo que eu conheço ele irá voltar!
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Tereza
Romantik(Recomendado para maiores de 18) Tereza teve um começo de vida muito difícil e traumático mas a sua mãe adotiva provou que lhe amava quando decidiu sair de casa e abriu mão de um casamento milionário quando viu o homem da sua vida tentando abusar da...