Capítulo Trinta e Dois

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Meses depois...

Mais um bichinho do mato! Nasceu berrando e para mamar é do mesmo jeito! Agarra e não tem quem tire. É engraçado o ciúme da Clara. Toda vez que vou pegar o Isaac ela sobe no sofá e quer colo também.

- Faz carinho nele. -- lhe peço e o bico dela aumenta, brava.

- Não. -- diz bicuda e eu rio.

- Você também é o meu neném. Dá um cheirinho nele. Ele gosta de você. Faz carinho. -- beijo sua bochecha e ela mexe no pé. O Isaac soltou o bico e choraminga e ela dá tapinhas no bumbum para balançar o irmãozinho.

- Quer segurar um pouquinho? -- pergunto e ela assentiu séria! Sentou no sofá e eu ajeito o meu pequeno no seu colo e ela gosta. Ele abriu os olhos e lhe encara. Outra cópia fiel do pai. José!

- É pesado? -- pergunto e ela nega, se inclina e beija a sua bochecha me fazendo sorri.

- Cheirinho bom. -- diz rindo.

- Você ainda tem esse cheirinho gostoso. -- ela me lembra muito o seu pai. O Michael não ficava bravo por muito tempo com nada. Era só ter um jeitinho. As vezes bate muita saudade dele.

O jeito de me fazer rir. Sinto falta da sua amizade, do seu companheirismo. Tão seguro de si. Mas Deus quis para si e eu estou aqui lambendo as minhas crias com o José. O doido do José. Talvez eu não tivesse descoberto um irmão e o meu pai. Incrível!

- Papai! -- a Clarinha me fez retornar e eu ainda tenho a mão segurando o meu filho caçula e vejo o José parado na porta com a camisa aberta e todo suado. A Suzana diz que é o próprio pecado! E eu concordo com ela.

- Não vai pegar ele. -- avisa.

- Eu vou tomar um banho. Já terminei o que tinha que fazer hoje. -- ele é só o grude agora!

Foi tomar um banho e João veio almoçar também. Deitou na rede com o pequeno e ele dormiu. Fica lhe olhando e muito distante. Me levantei e peguei ele no colo para levar para o quarto. Voltei para a varanda e ele abre para eu me deitar.

- Eu não posso namorar ainda. -- digo e ele ri gostoso e me acaricia seguido de um tapa na minha bunda. Ele é esperto!

- Cheirosa... -- cheira o meu pescoço e eu suspira pesado. - Ele é tão parecido com o João nessa idade... Se eu soubesse desse sentimento eu não tinha largado por besteira... Eu dou minha vida por eles... -- sussurra no meu ouvido e me arrepia.

- Eu não quero mais falar do passado. Eu já te perdoei. -- beijo o seu rosto e ele acaricia o meu.

- Eu não me perdoei. -- encosta o rosto no meu e respira fundo.

- Papai! -- a Clarinha chegou! Ele puxa a menina para cima dele.

- Quer brincar agora? -- ele lhe cutuca e lhe faz cócegas e ela ri.

- Quero. -- diz toda fofinha e ele ataca ela e vai embora me esquecendo e eu acho bom pois só assim para me deixar quieta!

Sozinha eu penso no meu pai. Ele me convidou algumas vezes para um almoço mas eu sempre invento uma desculpa. Ele ainda não conhece o Isaac e a insistência é justamente para isso. Quanto mais homem melhor! Até o João gosta dele!

******

O Dante insistiu muito e para o homem me deixar em paz eu resolvi levar o Isaac e a Clara mas o José não pode ir e sei que é por causa do meu irmãozinho! Ele ainda não engoliu o beijo!

- Ele é forte. -- diz olhando para o Isaac que lhe encara atento.

- Ele acabou de mamar. Está forte sim. -- lhe arranquei uma risada. Tudo puxa ao José!

- Não foi o que eu quis dizer. Você entendeu. -- beija a sua testa e me entrega, trêmulo.

- Eu tenho que voltar cedo pra casa. Onde está o Dante? -- pergunto e ele desvia os olhos.

- Por aí. Eu vivo sozinho. -- diz e começou a tossir muito feio.

- Não vai ao médico? -- pergunto e ele balançou a cabeça, sério.

- Eu não preciso de médico. Quando chegar a hora eu vou morrer. -- a quem Dante saiu?

- Não quer ver os netos crescerem? Os bisnetos? Já está se entregando assim? -- bufei.

- Estou velho, é o que resta. -- diz irritado e me olha de lado.

- Dramático demais. -- digo e ele ri e voltou a tossir novamente. - Eu posso deixar a minha nora com ele para lhe acompanhar. Sei fazer um chá muito bom para gripe. A minha mãe não gostava muito de remédios. As ervas foram minha salvação na infância. Amava sorvete. -- rio.

- Eu fico com o chá. -- turrão!

- Mas ainda vamos no médico. -- encerrei o assunto ignorando o olhar contrariado do papai!

******

A tosse foi piorando e ele ficou de cama. O José reclama que eu não paro em casa e arrasto os pequenos toda manhã mas eu não durmo enquanto não volto! Recusa a sopa, irritado de novo.

- Não tem gosto. Não quero. -- vira o rosto e o Dante entrou no quarto quase tirando a porta do lugar e tomou o prato e a colher da minha mão sentando na cama. Ele escutou a birra!

- Quando a criança não quer comer, damos na marra. -- dá uma colherada seguida de outra.

- Ele vai engasgar, Dante. A garganta está inflamada. -- lhe belisco mas ele continua.

- Raspou o prato! -- bruto!

- Ninguém te chamou. -- digo.

- Eu vim mesmo assim. Você é muito melosa com ele. -- Deus!

- Eu vou tomar um banho para dormir. -- saiu levando o prato e eu olho para o velho e ele riu?

- Do que está rindo? A sopa estava queimando. -- digo brava.

- Eu queria que ele viesse. -- queria? Quem vai entender?

- Porque? -- pergunto curiosa.

- Porque só fazendo birra para ele aparecer. Eu gosto dele. -- diz risonho e eu me deito na cama.

- E de mim? -- deito a cabeça no seu peito e ele beija a minha testa e afaga os meus cabelos.

- Eu amo os dois. Você devia voltar pra casa amanhã. Não quero o José bravo com você. -- diz sonolento e eu puxo a coberta para cobrir as pernas.

- Uma noite não mata ninguém. Eu vim cuidar do meu pai. -- digo e ele suspira e me abraça.

- Eu não mereço mas passei a agradecer pela misericórdia de Deus de ter vocês no fim da minha vida. -- diz sereno.

- Eu agradeço também. É feio escutar atrás da porta, Dante! -- digo alto e o safado gargalhou.

O que estão achando de Tereza? Estão entendendo o desenrolar? Me divirto com os comentários sobre o peão! Agradeço pelas leituras e o carinho. Obrigada ♥

Tereza Onde histórias criam vida. Descubra agora