Capítulo Nove

3.6K 449 17
                                    

- Mas que merda é essa, Tereza? -- a Suzana grita com horror.

- Um anel de compromisso. Nada demais. -- revirei os olhos e ela nem me deixa sentar no sofá e puxa a minha mão para olhar.

- E o peão, porra? -- bati os cílios para ela. Ela sempre fala do homem que ela nem conhece!

- Não interessa, Suzana. -- bufo.

- E o menino, João? -- eu ri.

- Esse sim é problemático. Eu realmente estou com saudades daquele cara. -- bastante!

- Você está noiva? O que vai ser de mim agora? Vai casar com o gringo saliente? -- olha o drama!

- Bem saliente. Deus! -- Senhor!

- Fizeram muito? E ainda deu tempo de voltar com essa marquinha? O peão vai amar! -- lhe fuzilei com o olhar, furiosa.

- Não tem peão, Suzana. Foi uma aventura que me deu um fruto. Não quero viver isso novamente. O Michael é meu chefe mas é carinhoso, engraçado, gentil, é bom na cama e entende o meu jeito de ser. A minha vida é aqui. Não quero mudar o rumo das coisas. -- balança a cabeça com o mais puro deboche em curvas! Não sei como somos amigas há tanto tempo! As diferenças devem se completar no final.

- O Jão ligou e ele disse que uma tal de Paulina vai parir e ela quer que você esteja presente. É importante. -- eu sorri feliz. Conversamos pouco no meu aniversário e eu vi a sua barriga. Era a minha melhor companheira na adolescência.

- Eu vou falar com o Michael para... -- ergueu a sobrancelha para mim. - Não me olhe assim! Estou namorando e ele vai como namorado e escudo! -- a vaca tombou a cabeça e gargalhou.

- Permita -me viver até esse encontro, senhor. Vai ser lindo. Dois homens se matando! É sexy. -- chega dá uma aflição grande!

- Para que inimiga não é? Eu tenho as duas coisas. -- bufei.

- Admita que está se sentindo um máximo! Não é sempre que temos dois bonitões a nossos pés. Você está melhor que eu. -- diz.

- A questão que você é um espírito livre. O João é assim e agora está amarrado numa garota que eu nunca imaginei ver o meu filho agarrado! Um dia você vai ser fisgado e eu vou ri na tua cara. -- eu ri também.

- Fisgada? É perca de tempo. -- assenti. A hora vai chegar!

*****

Me apeguei a todos os santos desde que sai de casa! Fui direto para a fazenda da minha mãe e fiquei espantada com os retoques que o José fez. O Michael levou as malas para dentro e não deu um minuto para o meu filho aparecer.

- Ele está... -- a Suzana diz.

- Um homem sexy. -- eu ri. Camisa aberta, um chapéu que eu me lembro bem e botas. A Maria está montada atrás dele que veio cavalgando feito louco.

- Pela roupa amarrotada da moça, ele estava dando um trato nela... -- diz no meu ouvido.

- Mãe! -- quanta alegria em me ver. Mas ele sabe do Michael!

- Cheguei. A Paulina já pariu? -- pergunto e ele até riu mas o nariz ascendeu quando viu o Michael descendo a escada. Desviou os olhos para mim.

- Ainda não. Como vai, Suzana? -- pergunta lhe abraçando.

- Vou bem, gatinho. Quem a moça? -- ela sorri para a Maria.

- Minha namorada, Maria. -- ele está um escândalo de bonitão!

- Bom dia. -- diz tímida mas veio me dá um abraço caloroso. - Estava com saudades, Tereza. -- tem um sorriso tão bonito que já imagino em várias capas. Bela!

- Você tem um olho bom, Tereza. -- o Michael pensa como eu.

- Não quero a Maria metida nisso. -- o João bravo diz.

- Isso é modo de falar com a visita? -- a Maria repreende o meu filho e ele olha para ela contrariado mas não falou nada.

- Você tem bom gosto, João. Sua namorada é linda. -- o Michael deixou a moça envergonhada e ela passou para trás do João.

- Eu sei. -- poderia só agradecer mas faz questão de mostrar as garras! Saiu idêntico ao pai!

- Esqueceu de abraçar a sua mãe, João. -- ela lhe lembra e ele se afastou dela para me abraçar.

- Estava com saudades. -- diz.

- Eu também estava. -- vejo que essa garota é a sua salvação!

- E o peão? -- quero matar a Suzana na unha! Isso presta?

- A Cristal entrou em trabalho de parto. Ele está louco para te ver. -- não gostei do sorrisinho cínico!

- Eu também estou. -- o Michael diz e eu suspirei. Deus venha cá!
- Eu vim ver o bebê da minha prima e não quero confusão! Eu não quero confusão! Se for brigar vão fazer longe de mim. -- peguei Suzana pelo braço e ela vem embora chorando de rir.

*******

Bonito quando um pai chora segurando o seu filho. O Estêvão me deu o Heitor com medo de derrubar pois está nervoso.

- Parece um bezerro desmamado. Não cansa de chorar? -- engoli o seco e balanço o bebê indo para perto do berço.

- Eu queria um filho. Ele veio com saúde. Estou feliz. -- eles se abraçam e a porta se fechou mas o José não foi junto com o primo.

- Você está bem? O menino com quase cinco quilos. -- incrível!

- Estou exausta mas agora estou tranquila. Você passou perfume? -- a Paulina ri e eu cometi o erro de olhar para o José. Eu não sou louca! O homem é muito bonito!

- Não é bom para o bebê? Passei o dia cuidando dos cavalos. O cheiro não tava bom. -- diz.

- Você quer pegar ele? Não teve a oportunidade com o João. -- ela foi lá na minha ferida e doeu. Caminhei até o berço e coloquei o recém-nascido e sai do quarto sufocada com as lembranças.

Esqueci do Michael, do meu filho e da minha amiga e peguei o carro indo para o único lugar que eu encontro refúgio. Sempre corri para esse lugar para chorar. Para algumas pessoas pode ser um drama, chato, passado mas é algo que ainda dói, machuca. O susto da notícia, a adolescência perdida, o amadurecimento repentino, a amargura, o medo de não dá conta. Eu voltei a soluçar sentindo aquela dor de alguns anos atrás. As lágrimas fluiram livremente para lavar. Para tentar me livrar dele mas eu não consigo. É mais forte.

Algo difícil de superar não é? Será que a Tereza irá algum dia perdoar o José? Comentem e não esqueçam da estrelinha. Bjos suas lindas ♥

Ps: amo os comentários sobre o meu peão gato!

Tereza Onde histórias criam vida. Descubra agora