59 - Dani (extra)

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Hoje eu estou sendo livre, indo embora do pior lugar que eu já frequentei na minha vida, confesso que achei que seria pior, eu fui humilhada de todas as formas possíveis durante esse tempo, mas hoje, a minha liberdade veio, junto dela, a minha alegria de volta.

— Dona Daniela, o senhor Ricardo deu a ordem de lhe levar até ele — eu neguei

— Não, eu não posso não — falei desesperada

— São ordens, a senhora quer almoçar em algum lugar antes? — neguei

— Eu não posso ir até o Martins, menino é sério!Pelo amor de deus! — falei, ele riu

— Não sei se você sabe, mas foi ele quem te soltou, bancou advogado e tal. — o outro falou

— Ele não fez mais que a obrigação dele, agora eu ir até lá? Gente, eu não posso! — falei olhando minhas unhas acabadas

— Vai tudo dar certo, relaxa — O menino falou dirigindo

Eu tentei inúmeras vezes contatos com o Martins quando estava lá dentro ainda, mas não consegui, em um belo dia apareceu um advogado pica pra mim, foram 2 audiências até a vitória vir, tive uma visita da minha mãe que me arrasou com toda razão do mundo, mas o advogado era foda, o melhor do Rio de Janeiro, hoje quando eu saí, tinha um carro a minha espera, óbvio que eu sei que é mais uma coisa dele.

Quando eles entraram na entrada já tão conhecida por mim o desespero ficou maior, eu não queria nunca mais pisar aqui, meus planos não eram esses.

Alguém abriu a porta pra mim descer e eu percebi que foi um dos meninos que foram me buscar.

— Só entrar lá agora, tu já conhece bem aqui né? — o menino debochou.

Eu caminhei até o tal escritório em uma lentidão sem fim, quando eu abri a porta o Martins estava encostado na mesa, a minha espera já.

— Lili cantou — falou debochado — Não ganho um abraço? — riu, me joguei na cadeira puta

— Vai pro caralho, o que eu tô fazendo aqui? — perguntei puta

— Temos pautas a resolver, ou tu achou que seria fácil assim? — aproximou o rosto do meu

— Não tenho nada pra resolver, não quero mais me envolver com isso Martins — ele gargalhou

— Tu já tá envolvida, tá achando que é assim? — andou pelo ambiente, acompanhei ele com o olhar, ele é imprevisível

— Martins, eu não posso cair na cadeia de novo, cara, não é assim não! — falei relaxando na cadeira

— Te dou uma semana pra tu resolver tuas coisas, Daniela, faz tudo que tu tem pra fazer — falou parando atrás da mesa — Tu sabe quanto eu perdi pra esse advogado? Para aquela galera toda lá? Quanto eu perdi com aquelas cargas que tu perdeu? — concordei, ele tá certo

— O que tu quer que eu faça, cara, já tô marcada já, eles tão doidinho pra me jogar no xadrez de novo — falei sentindo minha cabeça doer

— Tu vai pra outro lugar, Búzios, sei lá porra, passar uns tempo lá, fazer uns corres, depois tu volta — falou pensativo — Ficar aqui agora, vai te prejudicar.

— Que dinheiro Martins? Custo de vida lá é muito alto, eu fico aqui na favela mesmo cara — ele negou

— Tá resolvido, tu vai, o trabalho não para, Daniela — acendeu um cigarro.

Ele me deu mais uns papos, quando eu cheguei no meu apartamento, vi o quão fudida eu tô, não vou conseguir me desvincular disso nunca, meu celular tinha mil mensagens e só mandei uma pra minha mãe avisando que já tava na pista.

Fiz um dia de beleza pra mim, depois arrumei tudo meu, eu não quero ter que esperar uma semana pra meter o pé, quanto mais rápido melhor.

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Olhares - Livro 2.Onde histórias criam vida. Descubra agora