As Dúvidas De Ana

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Cheguei a Londres  fui para a oceanic house, as luzes estavam acesas, chamei por Ana, que correu ao meu encontro com lágrimas nos olhos,
-Querida o que foi? Que aconteceu?
-Oh tia, estou com tanto medo, e se Hofesh não gostar de mim? E se eu caio redonda no chão no meio de uma pirueta ou me escorrega um pé no adágio?
-Oh querida não vai acontecer nada disso, não é a primeira vez que vais a audições e tu tens um currículo invejável, nada disso te deve meter medo, que é isso? tens de te focar, pensar que tu já és uma primma Ballerina, não penses nessas coisas – sentámo-nos no sofá e ela deitou a cabeça no meu colo, passei a massajar-lhe o couro cabeludo fazendo-a acalmar-se. – e Marcelino? Como vão as coisas?
- Ah mandei-o para o apartamento dele, estava a enervar-me. – ri-me.
-Querida Ana, tens de ter mais paciência, por vezes os homens não sabem como nos acalmar, ainda nos enervam mais com tantas atenções, mas querem o nosso bem – senti-lhe um riso
- Eu sei, é assim contigo e com Sam?
- É, consegue ser muito enervante. Mas dá-lhe tempo, Marcelino é capaz de não ter tido muitas namoradas ainda, são os dois muito jovens e sabem que os nervos na nossa profissão são incapacitantes, temos de ter calma. Sam funciona bem com stress nervoso, acho que eles vivem daquilo.- Ri-me, sentindo Ana levantar-se olhando muito séria para mim.
-Como é tia?
-Como é o quê?
-O amor, porque o que vocês sentiram um pelo outro só pode ser isso, não é? Um sentimento de amor à primeira vista. Como é?
-Bem Ana - passei a mão pelo cabelo - à primeira vista, não direi.
-Tia, não sou estúpida nem parva, tu foste para a cama dele nesse dia em que se conheceram. – Fiquei da cor de um tomate, como explicar que se tem de esperar, quando o meu exemplo foi tão ruim.
-Ana, o Sam não foi o meu primeiro amante, tenho 32 anos. Portanto a perspectiva da coisa é outra, que não deverá ser a tua.
- Porquê?, qual a diferença, a virgindade? Ah tia que coisa mais antiga.
Fiquei suspensa, ela tinha razão a virgindade não era nada de especial mas o que diria o meu irmão Rodrigo se lhe dissesse o contrário, esfolava-me com certeza.
-Bem, também não sei – dei uma gargalhada sonora-, sempre disseram isso, acho que o teu pai espera que eu te diga isso, "que esperes que te entregues a alguém especial", não sei .E  em relação ao Sam, sim, fui apeteceu-me e fui, queria muito e fui, desde que te protejas não vejo mal, é a melhor coisa do mundo,  sentirmos esse laço ser desfiado pelas mãos do amante que queremos mais que tudo naquele momento, podem dizer que sou fria mas acho que sou apenas racional, senti uma coisa muito poderosa, é verdade que nunca senti nada igual e não quis perder tempo, agora depende  de ti, se vale a pena, se é assim uma coisa que sentes que não vai valer a pena ou que te vai arranjar chatices, nem comeces, se tiver realmente que acontecer…irá acontecer mais cedo ou mais tarde, protege-te, preserva-te, mas ser virgem ou não ser, não deve impedir-te de viver o momento e não deixes ninguém dizer-te o contrário. – abraçou-me,
-adoro-te tia, adoro-te mesmo.
-Bem, então vamos lá, temos trabalho a fazer nas tuas sapatilhas de capezio,já estão envernizadas, costuradas? Já as bateste bem?
-Sim tia, agora vamos deitar, hoje durmo contigo ok? Não consigo ficar sozinha.
-OK vamos lá, tenho novidades..
E lá fomos, depois de um duche e de uma rápida mensagem para Sam a explicar que hoje teria de dar atenção a Ana, que amanhã lhe ligava logo pela manhã, vestimos os nossos pijamas e deitadas contei-lhe de ter ido assistir às filmagens, como me senti e de como me senti no bar, da família de Sam da sua mãe ainda reticente à minha presença  de caitriona, da nossa conversa e finalmente dos prémios e do futuro, que queria muito levar Sam a PORTUGAL, a Porto Covo, passar lá uns dias com ele, quando já há muito não ouvia resposta olhei para Ana que dormia com um lindo sorriso no rosto. Olhei para ela, a minha menina adorada, que amava como se fosse minha, puxei-lhe os lençóis para cima aconcheguei-a, pensando que amanhã seria um dia muito longo….mas vai tudo correr bem, só pode.

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