No dia seguinte ainda meio lusco-fusco, Sam acordou-me com um beijo dizendo que ia até ao ginásio do hotel.
- Vou fazer uma horinha e já volto. – puxei-o
-Humm é tão cedo, porquê isso não estás de férias? - disse-lhe meio sonolenta.
-Amor, mente sã em corpo são, faz milagres, não demoro volto já, tu podias ir tomar um duche e arranjares-te para irmos dar uma voltinha naqueles carrinhos amarelos que vimos ontem, antes de irmos para o sul, hum anda vá.
-Sinceramente, não sei onde vais buscar tanta energia, a sério. OK vai lá.
Depois de ele sair, ainda ronronei na cama apreciando o nosso cheiro – meu Deus, se não me ponho a pau, desapareço e ao fazer um voo de bailarina devo realmente voar de tão leve. Levantei-me e depois de um duche vesti umas jeans e uma t-shirt básica azul da cor do mar e dos olhos de Sam, sorri. Pedi o pequeno almoço, apenas um café com leite e um croissant simples para mim, um sumo de arando dois croissants com manteiga e fiambre e um ovo Benedict para Sam. Entrou no quarto super suado, e franzi-lhe o nariz.
-Hummmm, banho urgente. – pairou por cima de mim sem me tocar.
-É assim mulher? , que se trata um homem cansado, nem uma pinga de carinhos? – e fazia menção de me beijar.
- Não Sam, não ah chega para lá, a sério já tomei banho, já estou despachada, ahhhh vá lá vai, vai tomar duche tenho aqui um pequeno almoço e peras – e levantei um pouco a cloche só para ele cheirar, tapando em seguida.
- ok. OK venceste, estou com uma fome desmedida. – Poucas coisas eram mais importantes que comida para Sam, algumas coisas eram. Sorri.
Depois do pequeno almoço tomado fizemos o check out, já tínhamos um carro alugado, um Audi e-tron Gt, que deixamos no estacionamento do hotel e fomos de tuck tuck com um miúdo novo como guia, disse-nos que fazia aqueles serviços nas horas vagas dos estudos na universidade, as coisas não estavam fáceis em Portugal, bem e lá nos foi mostrando Lisboa, já há muito tempo que não fazia uma coisa do género e fui reconhecendo um pouco de tudo, Lisboa não é das partes favoritas do meu Portugal mas é bonita. Sam ficou encantado com tudo adorou principalmente a luminosidade, o calor morno, tudo muito diferente da Escócia.
-Gostaste Sam? , - perguntei-lhe quando já íamos no Audi para o Alentejo.
- Lena, é um país lindo, Lisboa é imponente, magnifica adorei. Como consegues ficar longe de todo este sol.? – bem agora fiquei triste.
-ah, fui de Portugal para Inglaterra com 17 anos aqui nunca teria tido a vida que tive lá, embora agora as coisas estejam a evoluir um pouco em ralação ao olhar sob a cultura, mas mais pelas pessoas que propriamente sob o olhar dos governos, aqui é difícil vingares, consegues mas tens sempre de atropelar alguém e eu não tenho estômago para isso. Tu ouviste o guia, a vida não está fácil para o cidadão comum. Embora tenha chegado ao topo da carreira em Portugal, o mundo é muito grande para nos fixarmos num só sítio.
- Quando acabei a graduação da escola – disse-me—fui viajar percorri o mundo mas fui por Espanha nunca vim a Portugal. Na altura pensava como tu, a Escócia era muito pequena para mim no entanto foi com a Escócia que consegui o que tenho hoje. Se não fosse a falta constante do calor que estou a sentir aqui, seria perfeito.
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A vida numa dança
RomanceHelena, bailarina profissional em Inglaterra e em fim de carreira por opção. Sam, escocês ator em ascenção, encontram-se nas voltas da vida e tentam superar distâncias, tempo, e conversas exteriores. Manter tudo controlado não é fácil, aceitar as vi...