Com os pés na Escócia, e a cabeça no meu escocês preferido, sai do avião, à saída da porta de embarque olhei em volta e lá estava Sam, de chapéu de basebol na cabeça uns jeans simples e uma t-shirt azul clara, mesmo que quisesse muito, não conseguia passar despercebido e ao encaminhar-me para ele reparei em duas moças a tirarem-lhe fotografias, não se aproximaram, bem, então se é assim vamos lá, cheguei-me a ele e abracei-o, fui retribuída com um fogoso beijo, e de imediato ouvi um burburinho
-Sam, alguém está a tirar-nos fotos.
-Então dá-me outro beijo para elas terem mais o que falar. – não me fiz de rogada pousei as malas no chão e abracei-o pelo pescoço, como era bem mais alto que eu pus-me em pontas, ele agarrou-me pela cintura levantando-me do chão tirou o boné e beijou-me com vontade. Sorrimos um para o outro, agarrou em mim e levou-me dali para fora deixando as moças embasbacadas. No fundo eu tinha um diabinho dentro de mim que se alegrava com estas atitudes.
-Já tens as tuas malas?
-Sim, se não te importas vamos já, estou um bocado nervoso com o evento de amanhã.
-ahahahhha, é natural Sam de cada vez que recebo um prémio tenho uma dor de barriga, muito bom estas tu, não te afecta os intestinos?
-Não! – franziu o nariz-que coisa para se sentir, apenas estou nervoso como se tivesse demasiada energia dentro de mim e não tivesse sítio para escapulir.
-Hum, isso é bom. Então tens muita energia, isso é bom, podes sempre fazer exercício até mais não quando chegarmos.
-Exercício? Sim posso, estás a pensar em quê exactamente? – mandou-me um sorriso de lado.
-Ah, não sei o hotel para onde vamos deve ter um ginásio, não?
-Hum – aquele som tão escocês – e deve ser mesmo nesse tipo de exercício que estás a pensar, ahahha, olha eu não!
- Estás a pensar mal de mim. – e passei-lhe uma mão na coxa.
-Não, estou a pensar muito bem. – e piscou-me o olho – e Ana, ficou bem?
-Ah sim, mudou-se para a escola e depois na quarta vamos todos a Portugal, tu vais não é?
-Claro que sim já tínhamos combinado.
-Bom, agora aconselharam-me a afastar-me um pouco para ela se concentrar, vai correr tudo bem ela é muito profissional e empenhada, está de namoricos novo também – e sorri.
-Gostas muito dela, não é? Como se fosse tua imagino.
-Sim, além de ser a única sobrinha que seguiu os meus passos, cresceu praticamente comigo, somos muito unidas. Adoro todos os outros mas, Ana sempre foi especial, além de que é filha do meu irmão Rodrigo que foi sempre um apoiante das minhas aventuras, todos os outros estão felicíssimos comigo mas desde que os meus pais faleceram, foi Rodrigo que sempre esteve comigo.
-Quantos são mesmo? Os teus irmãos?
-Somos seis, eu sou a mais nova o mais velho é o Rodrigo depois a Antónia, o Américo, a Alice, a Sofia e eu. Cada um deles tem dois filhos. Apenas o Rodrigo tem uma a Ana e eu não tenho nenhum, mas é claro. – ri-me.
-Hum, e pensas nisso?
-Em quê?
-Em filhos, pensas ter? Bem se o meu companheiro quiser muito, sim, mas apenas um.
- Vindos de uma família tão grande pensei que quisesses mais.
-Não sei, acho que não. Eu adoro a minha família e toda aquela balbúrdia quando estamos todos juntos, mas não me vejo com muitos filhos, e tu?
-Bem eu, como venho de uma família pequena gostava de ter mais do que um filho, não sei, se a minha companheira quiser mais, mas se não quiser também está tudo bem, a família dela é grande o suficiente para eu poder viver o caos familiar de vez em quando . – apertei-lhe a perna, e sorri-lhe, estava a dizer que eu era a companheira escolhida, muito subtil Sam, muito subtil. Chegámos ao hotel, lindo um belo edifício antigo Victoriano como quase tudo na Escócia, Hotel Colessio, dizia a placa, ao pararmos veio um bagageiro de imediato para nos retirar as malas e outro para levar o carro, Sam dirigiu-se à receção disse o seu nome deu indicações do que queríamos no quarto apenas uma refeição ligeira e fomos encaminhados por um paquete, deixaram-nos as malas. Sam deu uma gorgeta ao moço fechou a porta e eu entretanto comecei a desfazer as malas, nunca gostei que a roupa ficasse sem ser arrumada assim que chegava a um hotel, sabia que havia gente que solicitava esse serviço, mas eu gostava de arrumar as minhas coisas.
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A vida numa dança
RomansaHelena, bailarina profissional em Inglaterra e em fim de carreira por opção. Sam, escocês ator em ascenção, encontram-se nas voltas da vida e tentam superar distâncias, tempo, e conversas exteriores. Manter tudo controlado não é fácil, aceitar as vi...