O INCAPAZ - História de Joabe e Natalie

10.1 ♿

— Sr. Joabe, o senhor está com astigmatismo. Por isso a dificuldade de leitura, visão dupla, incapacidade de ver de perto ou de longe sem apertar os olhos, etc.

A mulher loira em minha frente explica minha situação após eu passar essa semana com fortes dores de cabeça.

— Terá que usar um óculos apenas para descanso. Não se torne dependente dele. — alertou.

— No momento não estou podendo, pois acabei de entrar no estágio, então, assim que receber volto aqui.

— O senhor não tem nenhum cartão...?

— Não gosto, mas posso ver com um amigo e... Devo voltar aqui.

— Quer deixar algum modelo guardado. Sabe como é, nossa ótica costuma receber várias pessoas por dia e nosso estoque sempre fica vazio.

Não sei se é impressão minha, mas tenho certeza que essa loira está tentando me paquerar.

— Fico feliz por todos vocês, mas acredito que vai ficar um bom tempo guardado caso você queira fazer esse favor, pois amanhã mesmo estarei viajando para Filip's para me casar. Provavelmente, segunda-feira voltarei aqui e tenho certeza que o estoque estará renovado, afinal, uma ótica não pode ficar sem óculos. Tenha um excelente resto de dia. — me levanto da cadeira e sigo em direção a casa de Caio que fica a alguns minutos dali.

  Essa semana foi bastante complicada para mim tentar evitar Natalie. Fiquei com pena dela, mas era necessário. Amanhã ela vai comemorar mais um ano de vida e devo ignorá-la na maior parte do tempo. O meu grande desafio é convencê-la a casar comigo ainda que eu tenha que voltar para terminar a faculdade. Porém, tenho fé em Deus que tudo vai dar certo.

  Meu relacionamento com Cristo tem se fortificado a cada dia, mesmo sabendo que preciso encontrar uma congregação para estar frequentando, pois não posso aprender tudo sozinho. Pretendo visitar a Igreja em que passei a maior parte da minha infância.

Cheguei em casa e certifiquei se coloquei as nossas alianças na mala. Tudo estava em seu devido lugar. Agora o que me resta é esperar a boa vontade de Caio para me levar na rodoviária. Ele vai amanhã.

Horas depois...

Meu pai me recebeu com um abraço forte. Ainda era muito estranho para mim essa aproximação, mas é um dos melhores sentimentos do mundo.

— É uma atitude muito bonita, meu filho. Mas a sua noiva esta sofrendo bastante com esse teatro. — disse, preocupado. — Ontem ela pediu para dormir lá, no seu quarto,  mas não diga que te contei.

— Entendo, também não foi nada fácil para mim que sou apegado a ela. — confessei.

— Bom, então vamos logo que amanhã seu dia será cheio e você precisa descansar, preparar seu discurso e aturar os gritinhos histéricos de sua mãe. — comenta e depois ri.

— Eu imagino como ela deve está e quanto se encontra impaciente com isso. — eu ri.

— Eu casei com sua mãe e conheci esse lado dela injustamente no casamento. — disse sério. — Teve um dia em que cheguei cansado do trabalho, estive em uma operação muito delicada, quase perdi minha vida. Os noticiários estavam todas as mídias, fui levado para casa com a guarnição pela segurança de cada um. E quando eu entrei, ela começou a orar em voz alta agradecendo a Deus pelo livramento, começou a chorar compulsivamente, me abraçou, gritou... — ele entra no carro e faço o mesmo. — Achei muito bonito, afinal ele é minha companheira e sempre fomos muito apaixonados, mas essa característica dela me deixa totalmente estressado. Ela age sem pensar.