Cap. 3 - Choque de realidade

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Olho pra xícara fumegante de café preto diante de mim enquanto minha cabeça viaja

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Olho pra xícara fumegante de café preto diante de mim enquanto minha cabeça viaja. Há dois dias recebi a confirmação de que meu currículo foi aceito na M&S confectionery e estou tentando colocar os pensamentos bagunçados em ordem.

_Está ansioso, filhão? - Meu pai pergunta de forma carinhosa.

_Um pouco! Na verdade, ainda estou sem acreditar que fui aceito. - respondi sincero.

_Ué... Por quê?

Meu pai perguntou enquanto se servia também de café e sentava do meu lado. Essa nossa rotina era algo tão corriqueiro e ao mesmo tempo tão valiosa pra mim.

_De todos os lugares em que entreguei meus currículos, esse seria o último que acreditei ser contratado. - respondi sem encará-lo.

_Ainda estou sem entender... - meu pai retrucou olhando firme pra mim.

Sei o quanto isso soava confuso, então tentei ser o mais claro possível.

_O senhor já viu aquele lugar? É todo requintado, cheio de frescura, com um povo metido à besta, ou seja, completamente diferente de mim! - respondi.

Nessa hora, meu pai bateu a xícara forte sobre a mesa e eu sabia que ele estava bravo.

_E pra quê porra você colocou seu currículo lá? - perguntou indignado.

Era realmente de se admirar, então eu fui sincero.

_Precisamos de grana, pai! Não quero mais ver o senhor se matando naquela oficina. 

Soltei de uma só vez e ao ver ele calado, continuei o argumento:

_Eu estava distribuindo meus currículos feito um louco e preciso admitir que entreguei na M&S por brincadeira, já que era a última copia que eu tinha nas mãos e estava parado bem em frente àquela enorme fachada.

Comecei a relembrar do que aconteceu nesse dia e fui contando calmamente:

_Eu já estava cansado e suado quando entrei naquele lugar... Ao me aproximar da recepção, já fui recebido por um idiota que estava dando alguma ordem para as recepcionistas que nem ousavam retrucar à cada palavra que ele soltava, então eu me aproximei e falei o que tinha ido fazer ali. 

Dei uma pausa pra tentar controlar todo o ódio que subiu dentro de mim até para que meu pai não notasse e assim continuei:

_O fodido do cara me olhou da cabeça aos pés enquanto pegava o meu currículo. Segurou meu papel com certo desdém e o analisou bem ali onde estava. Quando finalmente terminou de ler, o filho da puta olhou novamente pra mim e explicou que iria levar meu currículo e entraria em contato, caso fosse aceito.

Nessa hora, eu suspirei pesadamente, segurei a mão do meu velho e falei:

_Sinceramente eu não me vejo trabalhando naquele tipo de lugar, mas a grana é boa e eu quero dar ao senhor todo o conforto que merece, pai!

Não acenda a luzOnde histórias criam vida. Descubra agora