Capítulo 9: Menor que as Sailor Moons

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Eduarda saiu do banheiro prendendo a toalha em torno do corpo com a mão direita e trazendo Sérgio na palma da esquerda – o que o encheu de medo, visto que decerto a namorada não conseguiria usar a outra palma a tempo para apanhá-lo caso caísse. Suspeitou ser justamente essa sua intenção e, apesar do receio ao balançar para lá e para cá mesmo sentado, engoliu possíveis gritos ou queixas.

Estavam finalmente no quarto, e a otome transportou o rapaz até uma das paredes laterais à cama, embora estivesse dela separada por um metro ou mais de distância – onde estava pendurada uma das vigas brancas de madeira, servindo de prateleira, na qual expunha várias de suas action figures.

A palma de Duda subiu até a borda, passando pelas seções inferiores e outras fileiras de brinquedos, e parou diante da coleção das Sailor Moons feito um elevador panorâmico chegando ao andar correto.

Vai, pula! – ordenou prontamente.

Sérgio levantou-se todo atrapalhado e subiu na estante como se esticasse um pé para escalar o degrau mais alto de uma escada. Ameaçou perder o equilíbrio, balançando os braços, e por sorte o recuperou – pois a mão da namorada já se afastara de trás de si e o bambear das pernas poderia tê-lo levado a um despencar fatal rumo ao assoalho muito abaixo.

Não demonstrando se importar nem um pouco com Sérgio, Eduarda sentou-se à cama e, esfregando o corpo e os cabelos com a toalha, terminou de se enxugar. O nerd poderia até se excitar, como no banheiro, em ver as formas nuas de seu imenso corpo insinuando-se a ele... mas topar de costas com o que topou encheu-o de puro terror.

Sérgio nunca pensara que uma action figure, vista tão de perto e tão grande, poderia ser assustadora daquela maneira. As bonecas de Sailor Moon nada mais lhe pareciam que manequins ameaçadores, fitando-o cheias de sadismo – e também terror, por se encontrarem na mesma situação que ele – com seus olhos grandes de anime. Ele não era fã do desenho, mas conhecia o básico das personagens de tanto Duda lhe falar: Sailor Marte, Sailor Jupiter, Sailor Uranus... todas rígidas e estáticas em suas miniaturas, como congeladas num sofrimento eterno disfarçado nos sorrisinhos pueris de suas bocas. A artificialidade predominava em cada centímetro de seus corpos: os joelhos e cotovelos compostos de articulações unidas por pinos medonhos, os cabelos não naturais feitos de plástico pintado como todo o restante... Os saltos que calçavam, muito atrativos em mulheres reais, nada mais sendo que material esculpido às suas próprias pernas maciças e excessivamente compridas.

Aliás, comparando sua estatura às bonecas que se encontravam de pé, Sérgio atentou-se a mais uma revelação aterradora...

Estava menor que elas.

Estava menor que elas

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Sim. Apesar da diferença não tão significativa, era, em seu novo tamanho, poucos centímetros mais baixo que o padrão daquelas figures, terríveis estátuas zombando de si em gargalhadas que ecoavam somente dentro de sua cabeça...

Ou era Eduarda, enquanto atirava a toalha molhada sobre o colchão e abria uma gaveta do armário para se trocar, rindo dele mais uma vez?

Esfregou a nuca com as duas mãos. Por um momento, foi vitimado pelo pensamento de, encolhido daquele jeito, ter em bonecas como aquelas única via mais próxima de fazer sexo com alguém novamente.

Encarando as íris verde-azuladas da Sailor Neptune, Sérgio sentiu a espinha gelar ao assimilar sua decisiva e irreparável solidão.

O menor homem do mundo... Então é isso?

Voltou o olhar à cama. Tendo vestido uma camiseta regata dos Cavaleiros do Zodíaco e shorts jeans, Eduarda calçava os Converses pretos novamente. Amarrou os cadarços, levantou-se, apanhou a toalha, ajeitou a roupa junto ao corpo e saiu, sem sequer lhe direcionar atenção...

Fechando a porta do quarto atrás de si.

Meu Amor na EstanteOnde histórias criam vida. Descubra agora