Capítulo 11: Bicho de pé

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Sérgio viu-se tendo a maior ereção de sua vida, sentindo medo até de sofrer um infarto devido à enorme quantidade de sangue bombeada para seu membro, transformando-o num hidrante vermelho.

Bem, se aquela fosse sua morte, ele daria adeus feliz àquele mundo.

Desde que fora reduzido de tamanho, perguntara-se, entre os lances de terror e humilhação, como reagiria diante dos pés descalços gigantes de Eduarda.

A resposta estava ali. O sonho realizado de qualquer podólatra, ainda que o fosse em segredo. E a namorada ou não notava seu tesão sob a bermuda devido à distância através da cama, ou simplesmente não estava impressionada.

Ela balançou um dos pés impaciente, exigindo que Sérgio se apressasse.

Avançou.

A poucos passos de chegar à sola do pé esquerdo, o nerd viu-se dominado pelo cheiro. Outros, em igual situação, achariam nojento; quiçá retrocederiam entre xingamentos, esfregando o nariz ou tossindo. Mas não ele, já tão habituado àquela fragrância que, na surdina, respirara tantas vezes junto aos pés da amada enquanto ela dormia.

Totalmente inebriado pelo chulé, acre e ao mesmo tempo suave, remetendo ao cheiro de terra molhada tão presente na cidade do interior de onde viera, Sérgio acelerou... e abriu os braços para envolver a sola, embora seu tamanho não lhe permitisse que a cingisse por inteira.

Enquanto sentia o corpo contra a pele levemente estriada, compondo parede da qual, por si, jamais se soltaria, o pênis ereto espremido entre ele e a sola, recordou algo mais da vida fora da cidade grande: no interior, era comum as pessoas andarem descalçadas pela roça e contraírem coceiras e pequenos parasitas – os populares "bichos de pé", com os quais a gente mais antiga sequer se incomodava.

Eduarda nascera e crescera na capital. Bem, estava na hora do namorado mostrar-lhe qual era a sensação de ter um daqueles bichinhos andando por suas solas e dedos...

Erguendo as mãos, passou a massagear a planta do pé esquerdo, fazendo movimentos circulares e de sobe-e-desce, pernas apoiadas na base do calcanhar, parte da sola mais grossa e levemente endurecida nas laterais pelo uso extensivo de tênis. Escalava-a de leve, conseguindo atingir a área mais alta do pé, próxima aos dedos. Quase o trabalho de um limpador de vidraças, esfregando aquela imensa janela para o mundo do prazer.

Deliciado por molhar-se no suor minando da pele do membro, Sérgio intensificou seus esforços. Passou a deslizar as mãos de um lado a outro da planta. Deu leves batidinhas com as palmas contra a mesma, parecendo um massagista amador em miniatura. Não se contendo, levou o rosto adiante e lambeu demoradamente toda uma área do pé, o gosto forte à boca só o instigando a querer mais.

A ação despertou cócegas em Duda, que, rindo, agitou o membro, por pouco não atirando Sérgio para trás. Ele agarrou-se, porém, a uma das beiradas da sola, gradativamente habituado a lidar com os caprichos de sua giganta.

Não pode ser... – a namorada balançou a cabeça, ainda sorrindo pela sensação causada. – Você tem prazer nisso?

"Sim, Duda, eu tenho!", respondeu mentalmente, desejando que aquela revelação pudesse ter sido feita em outro tempo, outro lugar, de preferência com ele ainda do tamanho normal. Temeu, inclusive, que agora Eduarda interrompesse a massagem e encontrasse outra forma de maltratá-lo, já que tudo que fizera desde que o encolhera fora para oprimi-lo e lhe gerar desconforto...

A otome, entretanto, manteve os pés onde estavam, certamente desfrutando demais da situação de "rainha com um escravo minúsculo adorando suas solas" para trocá-la de imediato por outra forma de vingança.

Sem melindrar-se, Sérgio continuou esfregando o pé.

Após mais instantes em que deslizou mãos e braços pela planta como um artista retocando uma obra-prima, querendo fundir-se àquele pé, o pequenino não mais suportou: retirou camiseta, bermuda e cueca, o alívio aumentando por livrar-se das vestes meladas de Coca-Cola, e retornou à sola com todo o amor possível...

Somente para ser atingido e lançado, rolando, até perto da beirada da cama.

O pé direito de Duda o golpeara ao arrastar-se pelo lençol, atingindo-o com o osso do calcanhar como um daqueles brinquedos ridículos de programa de televisão que ficam girando e o participante precisa desviar.

O corpo de Sérgio, ainda abalado pelo apertão no punho da giganta, tornou a queixar-se de dor, todo um lado de seu tórax formigando – fazendo-o questionar se não sentir nada naquela região era bom ou ruim. De todo modo, levantou-se novamente num piscar de olhos, longe de considerar aquilo um empecilho ao desfrutar dos pés de sua deusa. E compreendeu, de pronto, a razão do gesto: era sua maneira punitiva de cobrar que ele lhe massageasse também a outra sola.

Apressou-se ao pé direito sabendo estar em falta para com o dever. Passou a percorrê-lo com as mãos assim como o outro, usando a base do calcanhar como escada – o arco bem delineado dos pés de Eduarda permitindo sem dificuldades a proeza. Esfregou as palmas contra a pele, fechou os olhos para encher os pulmões com seu chulé, lambeu e mordeu. Estourando de prazer, passou a usar só uma mão para os movimentos e com a outra, masturbava-se.

Hei!

A namorada notou a redução de intensidade na massagem e inclinou o membro, fazendo Sérgio cair sentado. Ele compreendeu a bronca, voltando a empregar ambas as palmas. Girou-as, subiu e desceu. Imaginou como seria o Senhor Miyagi treinando Daniel-san nos pés de uma gueixa gigante...

Em dado momento, Eduarda entortou as solas, abrindo-as e deitando-as de lado. Sérgio compreendeu a manobra: a otome ditava as etapas da massagem, rebaixando os membros para que ele conseguisse tocar seus dedos.

Começou pelo pé esquerdo, respeitando a sequência anterior. O dedão era maior que sua cabeça, embora menor que o tórax, o que lhe permitiu abraçá-lo por inteiro – pressionando uma mão contra a unha lisa de esmalte e beijando freneticamente toda sua extensão. Divertiu-se com os demais dedos: pareciam teclas de um piano ou um xilofone de tamanho avantajado, e sentou-se sobre eles enquanto executava a massagem, esfregando os vãos, arrancando mais risos de Duda ao atiçá-la com cosquinhas.

Indo ao pé direito, praticamente se jogou sobre a fileira de dedos, percorrendo-os com o pênis duro. Deixou que a textura das unhas, roçando em seu topo, masturbassem-no por um momento, ao mesmo tempo em que subia com as mãos pela extensão das falanges e acariciava cada dedo até a base. Terminou com um beijo na ponta de todos, notando, pelo canto do olho, que o membro esquerdo da namorada tornava a se mover...

Atingindo-o pelas costas, o pé de Eduarda colheu-o na curvatura da sola como uma concha, encaixando-o perfeitamente enquanto a outra planta se aproximava pela frente.

Na duração daquele momento, Sérgio esqueceu os insultos, provocações e situações beirando a morte que enfrentara nas últimas horas. Apenas agradeceu a namorada, em pensamento e através de seus gemidos de gozo, por aquele incomparável presente. Pressionado entre as duas solas – não de forma dolorosa, mas macia, estas girando e deslizando enquanto brincavam com ele no meio – Sérgio concluiu não haver qualquer outro lugar do mundo em que quisesse estar. Nem estatura.

Achou-se totalmente imerso em chulé e suor, tanto o seu quanto o dos pés. Ele mesmo era agora massageado pelas solas, que lhe pressionavam o peito, pernas e virilha – inclusive estimulando seu órgão – com todo cuidado para não feri-lo. O homem encolhido se encheu de orgulho por aquela condição lhe possibilitar prazer vetado a todos os outros da Terra, podólatras ou não; o nerd sempre caçoado e acuado ao longo da juventude sendo, ao menos naquilo, incontestável pioneiro.

Sem mais poder se conter, Sérgio gozou, o pequeno pênis lançando uma fita de esperma contra a sola direita de Duda, ainda sobre si – que ela provavelmente mal sentiu.

Os dois pés então recuaram, dando espaço para o rapaz desabar no colchão, todo o cansaço pesando-lhe de uma só vez. Tendo o estômago se contraindo de fome, os braços e pernas com os músculos em brasa e a incapacidade de manter os olhos abertos, Sérgio encerrou o mais longo, bizarro e... feliz dia de sua vida cambaleando poucos passos à frente, por entre as pernas de Eduarda... a visão turva mostrando-lhe que ela mesma tinha o dedo de uma mão inserido na vagina, aos gemidos... para ele em seguida tornar a cair e desmaiar de exaustão.

Meu Amor na EstanteOnde histórias criam vida. Descubra agora